Se biomassa é o natural resultado da combinação de água, luz e calor, o Brasil detém a maior fábrica do planeta. Essa é a definição do coordenador geral de acompanhamento e avaliação do departamento do açúcar e do álcool do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, José Nilton de Souza Vieira, salientando que essa “ fábrica” já conta com o uso intensivo de duas excepcionais “matérias-primas” : cana-de-açúcar e eucalipto!”.
A cana-de-açúcar possui energia líquida equivalente a 250 mil barris de petróleo por dia; têm potência para gerar força mecânica capaz de mover mais de 280 unidades industriais; contém energia térmica para produzir mais de 25 milhões de toneladas de açúcar e 14 bilhões de litros de álcool e, ainda, reserva material energético para impulsionar o equivalente a uma Itaipu em pleno funcionamento.O ciclo de produção da cana-de-açúcar fornece uma produção de biomassa que chega a uma média superior a 100 toneladas/hectare/ano no Centro-Sul do país (com irrigação, essa média pode aumentar em mais de 50%). Uma tonelada de biomassa da cana tem energia primária equivalente a 1,2 barril de petróleo.Nesta safra de cana-de-açúcar, a estimativa é de colher 390 milhões de toneladas, com um total de 468 milhões de barris equivalentes, ou quase 1,3 milhões de barris/dia.
A produção do biocombustível se dá pelo processo de conversão de carbono em combustível. Sendo o processo de combustão mais uniforme, conseqüentemente o combustível é mais limpo e mais homogêneo, ocasionando uma queda no nível de emissão de poluentes durante o consumo. A produção de 1m3 de álcool permite a redução de 2,6 toneladas de CO2 . Também é menor a emissão de monóxido de carbono, hidrocarbonetos, partículas, compostos tóxicos (benzeno) e óxidos de enxofre. Sendo assim os ganhos ambientais são imensuráveis.
A expansão das fronteiras agrícolas assegura a manutenção e o aumento dos postos de trabalho no meio rural. Os biocombustíveis podem ser produzidos próximos dos locais de consumo, diferentemente do petróleo, processado em poucas refinarias. Por um lado, contribui para a melhoria de alguns aspectos sociais, abrindo oportunidades de emprego, por outro, o aumento na demanda requer maior competitividade econômica, o que implica na necessidade de aumento da produção, e, desenvolvimento econômico. E este só acontece baseado na otimização dos recursos financeiros, que é poupador de mão de obra. Para que isso não ocorra, tal como a agricultura, a produção de energia deverá explorar as potencialidades dos locais, onde as chances de se implantar sistemas de processamento forem adequadas, a fim de se obter um maior rendimento por unidade.
Por tonelada de cana, o potencial para produção de energia elétrica é de 70 kw. Na produção do biocombustível, os ganhos econômicos são consideráveis, gerando inclusive impactos na balança comercial, com a redução da necessidade de importação e aumento do excedente exportável.
Segundo José Nilton, em Conferência “Power Crops for the Americas”, apresentada em Miami, essas são as perspectivas para a produção brasileira de álcool, por isso a “vocação natural do Brasil para a produção de energia de biomassa (maior país tropical do mundo), combinada com o intensivo processo de incorporação de tecnologia em nossa agricultura. Além dos expressivos ganhos de produtividade, ainda temos uma vasta extensão de terras a serem exploradas.”
José Nilton de Souza Vieira – Coordenador Geral de Acompanhamento do Açúcar e do Álcool do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
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