Ao se aplicar tintas e vernizes como acabamento de superfície de peças de madeira, devem ser tomadas precauções que visam, em geral, à utilização eficiente destes produtos e à segurança. É importante quanto aos aspectos ambientais e de saúde, relacionados às emissões oriundas de solventes e substâncias tóxicas/perigosas para o meio ambiente e principalmente com relação ao contato direto com o homem na aplicação e no uso.
As tintas e vernizes contêm solventes orgânicos que emitem vapores à temperatura ambiente; por contato direto com a pele ou por inalação podem provocar alergias, queimaduras ou, após inalações repetidas, doenças respiratórias e lesões pulmonares.
Na seleção e aplicação de um produto de acabamento recomenda-se o uso de produtos com princípios ativos ambientalmente saudáveis. É necessário verificar as instruções escritas nas embalagens quanto às condições de armazenagem e boas práticas de manuseio durante aplicação, tais como, uso de EPIs e separação dos resíduos sólidos e líquidos. Também é preciso verificar com o fabricante as orientações para disposição do resíduo gerado na aplicação e pós-uso, caso estas instruções não estejam disponíveis na embalagem.
Além do efeito protetor, o recobrimento tem uma importância estética, tornando mais atraente os artigos manufaturados, realçando um conjunto de casas e seus interiores. Os recobrimentos superficiais foram agrupados em: tintas, vernizes e lacas.
Ao grupo das tintas pertencem os revestimentos sólidos, relativamente opacos, aplicados em camadas finas, cujas películas são usualmente formadas pela polimerização (segundo o dicionário Aurélio: "Processo em que duas ou mais moléculas de uma mesma substância, ou dois ou mais grupamentos atômicos idênticos, se reúnem para formar uma estrutura de peso molecular múltiplo do das unidades iniciais e, em geral, elevado") de óleos polinsaturados; ao grupo dos vernizes, os revestimentos transparentes como esmaltes, classificam-se como pigmentados; e o grupo das lacas compreende as películas formadas somente pela evaporação, entretanto, tal agrupamento vem sofrendo modificações tendo em vista a introdução das resinas plásticas na indústria.
A qualidade tem sido uma preocupação das indústrias que vêm aumentando os investimentos em pesquisas, visando melhores pigmentos, solventes ou formadores de película, melhorando a formulação e aumentando a adaptabilidade dos processos de aplicação. Como conseqüências desses progressos, observa-se a redução de custos, a diminuição dos riscos de incêndio e dos efeitos danosos à saúde, com a obtenção de revestimentos melhorados e de grande duração.
Apesar desta evolução, os riscos decorrentes da utilização e descarte de tais produtos ainda provocam grande preocupação tendo em vista os problemas que podem ocasionar à saúde humana e o meio ambiente.
Agentes nocivos
Os solventes derivados de petróleo e terebentina, inflamáveis e capazes de produzir pneumonias químicas, pela aspiração, além de efeitos neurológicos e sobre o trato gastrointestinal. De modo geral todos são considerados causadores de poluição atmosférica, e podem causar alterações comportamentais e psíquicas temporárias.
As resinas geralmente vinílicas e alquílicas, utilizadas para dar propriedades coesivas (com coesão) às tintas. A toxicologia só é evidenciada na ingestão em grandes quantidades, podendo ocorrer distúrbios gastrointestinais.
Os pigmentos ou corantes, todos potencialmente tóxicos, pois incluem derivados de anilina e muitos metais pesados, como: chumbo, cobre, cádmio, cromo, prata, ferro.
A função dos pigmentos não é formar simplesmente uma superfície colorida agradável esteticamente. Eles têm a função de refletir raios de luz destrutivos e, dessa maneira, ajudam a prolongar a duração de toda a tinta.
Em geral, os pigmentos devem ser opacos, a fim de que tenham um bom poder de cobertura, e quimicamente inertes, a fim de que tenham estabilidade e uma vida longa. Os pigmentos devem ser atóxicos ou pelo menos ter uma toxidez muito baixa, não só para os pintores, mas também para os usuários dos recintos pintados.
Nos Estados Unidos e Europa o emprego de pigmentos à base de cromo e chumbo na fabricação de tintas tem sofrido sérias restrições devido a toxicidade que apresentam quando ingeridos. Nas pinturas interiores, onde são empregados pigmentos amarelos, usam-se amarelos orgânicos para evitar-se a possibilidade de ingestão de chumbo ou cromo, por crianças que venham a ingerir pinturas de casa.
Dentre os processos de pinturas utilizados, o que oferece o maior risco de intoxicação ao aplicador e de contaminação ao ambiente circunvizinho é o realizado por aspersão, ou por pistola. Neste procedimento, a tinta se torna muito mais suscetível à contaminação de um indivíduo por contato e inalação, e ao meio ambiente, através de transporte por ventos à consideráveis distâncias. Desta forma este processo exige muito mais cuidados por parte das empresas e operadores. |