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REVISTA DA MADEIRA - EDIÇÃO N°84 - OUTUBRO DE 2004

Exportações

Exportações projetam indústrias do setor

As exportações brasileiras estão em crescente expansão em diversos setores da economia. As vendas de madeira registraram o crescimento mais expressivo do setor de base florestal, no primeiro semestre deste ano. O produto obteve um incremento de 84% de crescimento no mês de julho, em relação ao mesmo período do ano passado, de acordo com levantamento efetuado por analistas do Portal Remade. Comparados aos volumes globais exportados pelo país, cerca de US$ 34 bilhões, a madeira e seus produtos participaram, em média, com 5% do total, continuando como o segundo principal item nas exportações brasileiras.

A balança comercial brasileira registrou um superávit de US$ 551 milhões nos primeiros dias de setembro, elevando o saldo acumulado do ano para US$ 22,502 bilhões.

As vendas de madeira apresentaram um histórico crescente no primeiro semestre de 2004. Somente no mês de julho o produto rendeu US$ 289 milhões FOB, superando em 84,07% os US$ 157 milhões FOB comercializados em julho do ano passado.

O segmento moveleiro também apresentou um incremento significativo, passando dos US$ 64 milhões para US$ 94 milhões FOB, um crescimento de 47%. O setor de celulose e papel, por sua vez, recuou 4%, passando de US$ 275 milhões para US$ 264 milhões FOB. As informações são do Portal Remade.

Empregos

A falta de política para o setor madeireiro impede geração de mais empregos. Apesar de enfrentar diversas dificuldades que impediram o crescimento planejado para as mais de 13,5 mil empresas do setor madeireiro, houve ainda um crescimento de 3,7% entre admissões e demissões formais, nos cinco primeiros meses do ano, ficando próximo aos 2,6 milhões de empregos na cadeia produtiva. "A abertura de novos postos de trabalho só não foi maior, em razão da inexistência de uma política de longo prazo definida para o setor florestal”, explica o presidente da ABIMCI, Odelir Battistella. Ele diz, ainda, que os problemas enfrentados pela lentidão na liberação de documentos e autorizações ambientais, que provocaram perdas nas atividades de corte em razão da sazonalidade das chuvas, acrescidos pelos gargalos existentes nos portos, que chegam até a quatro meses de espera para embarque, provocaram efeitos negativos nos resultados, além do desgaste na imagem do Brasil no exterior.

Nos primeiros cinco meses deste ano, o ritmo das contratações não cresceu tanto como no ano passado. Apenas 3,71% contra 4,99%, 25,6% menor do que os registrados anteriormente. Uma diferença negativa que evidencia uma desaceleração, visto que no final do ano passado chegou a 7,43% de alta.



Os dados divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, através da SECEX, e pelo SPC/Mapa, revelaram que o setor de base florestal, que inclui madeira sólida, móveis, papel e celulose, exportou US$ 5,75 bilhões, entre maio de 2003 e abril de 2004, 23,3% a mais que as US$ 4,66 bilhões, registradas entre maio de 2002 e abril de 2003.

Classificado em segundo lugar no ranking do agronegócio brasileiro, abaixo apenas do complexo soja, que somou US$ 8,76 bilhões, o segmento apresenta uma outra característica importante para as exportações do país. Trata-se de um setor que pouco importa, portanto, praticamente tudo que vende para o exterior acaba sendo somado no saldo da balança comercial. Apesar dos números, o setor, que é importante para as exportações, continua subordinado à área ambientalista do governo federal e não a um ministério produtivo.

Somente o item madeira respondeu por US$ 2,89 bilhões nas exportações, 50,2% do total global da base florestal, naquele período 2003/2004, contra US$ 65,9 milhões de importações. Algo como para cada US$ 1 importado, exportamos pouco mais de US$ 43, quarto melhor resultado entre os diversos produtos que formam o agronegócio.

Numa comparação com outros setores, apenas a madeira vem apresentando volumes superiores ao café, milho, alumínio, gado bovino e fumo, no último quadrimestre em relação aos dados de há um ano. O total das vendas para o mercado externo da madeira, cerca de 51,2% da base florestal, apontou alta de 35,7%, elevando de US$ 771,9 milhões (jan-abr/03) para US$ 1.048,7 milhões (jan-abr/04).

Produto de qualidade

Utilizando o manejo sustentado, tanto na floresta tropical como floresta plantada, o setor madeireiro tem mostrado acreditar no mercado externo, por isso continua a investir. A previsão supera os US$ 5 bilhões nos próximos anos. Esses investimentos poderão gerar entre 10 e 20 empregos por R$ 1 milhão, bastante superior aos das indústrias automobilística ou química, cuja relação é de apenas 1 emprego com o mesmo montante.

Um exemplo desses investimentos está no PNQM Programa Nacional de Qualidade da Madeira, no qual sessenta e uma empresas estão participando visando a obtenção do CE Marking, certificação que atende às determinações européias. Do total, vinte e uma estão certificadas no nível 4 (não estrutural), nove receberam um certificado provisório no nível 2+ (de uso estrutural) e já iniciaram a etapa de testes para obter o certificado definitivo. Uma recebeu certificado definitivo da BM TRADA.

O compensado brasileiro, já certificado pelo Programa Nacional de Qualidade da Madeira – PNQM e autorizado a utilizar o CE nível 4 para produtos não estruturais, continua sendo exportado para a União Européia, no qual países como Reino Unido, Alemanha e Bélgica ficam com quase 50% das exportações de compensado de Pinus brasileiros.

A tendência de um crescimento contínuo, prevista desde o final do ano passado, anima os produtores, que esperam por um aquecimento na economia interna, para que os negócios aumentem ainda mais. “O volume de vendas está desaquecido dentro do país, por isso, os empresários se voltaram para as exportações, mesmo a indústria tendo condições de atender os dois mercados”, garantiu o presidente da ABIMCI. Para ele, apenas com uma retomada do crescimento econômico do país será possível aquecer, também, as vendas internas.

As perspectiva da economia brasileira até o final do ano de 2004 são otimistas. De acordo com o Banco Central, o mercado elevou a expectativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano de 4% para 4,23%, apesar da previsão de Selic estável em 16% até dezembro.

De acordo com o relatório Focus do Banco Central, o mercado também prevê inflação maior no final deste ano, com o IPCA alcançando 7,29%.

Na semana anterior, a mediana das estimativas para o IPCA era de 7,25%, frente à meta de inflação de 5,5% com intervalo de tolerância de 2,5 pontos percentuais.

Para 2005, a projeção do IPCA também subiu, de 5,52% para 5,60%. O centro da meta perseguido no ano que vem é de 4,5%.

Os sinais emitidos pelo Banco Central praticamente enterraram a expectativa de algum corte da taxa básica de juros ainda neste ano.

Na ata das duas últimas reuniões, o Comitê de Política Monetária (Copom) avaliou que há riscos de até mesmo a manutenção da Selic não ser suficiente para levar a inflação à trajetória das metas.

Para o cenário externo, as expectativas são mais favoráveis. O mercado aposta em superávit comercial de US$ 31 bilhões neste ano. A cifra é superior à projetada pelo BC, que ainda está em US$ 26 bilhões, mas deve ser revista ainda neste mês.

A pesquisa do BC também apontou que o mercado estima superávit em transações correntes de US$ 8 bilhões neste ano e de US$ 3 bilhões no ano que vem.

Os investimentos estrangeiros diretos são estimados em US$ 10 bilhões até dezembro, o mesmo número das últimas semanas. Já para 2005, a previsão aumentou de US$ 12,45 bilhões para US$ 13 bilhões.

A expectativa para o dólar no final deste ano recuou de R$ 3,10 para R$ 3,05 e em 2005 foi mantida em R$ 3,20.