Para atender a demanda de madeira no Brasil, optou-se, há mais de 70 anos, por projetos de reflorestamento, introduzindo-se sementes e mudas de Pínus e Eucalyptus, existindo atualmente, cerca de 1.840.050 ha plantados com espécies de Pinus em território brasileiro
Após um longo período sem a ocorrência de pragas, os plantios de Pinus sofreram a primeira ameaça com a introdução da vespa-da-madeira, Sirex noctilio, que em 1988 chegou a causar a mortalidade de até 60% das árvores atacadas no Rio Grande do Sul. Devido à importância econômica que a praga representa, a Embrapa Florestas e empresas da iniciativa privada criaram o Fundo Nacional para o Controle da Vespa-da-Madeira - FUNCEMA, implantando o Programa Nacional de Controle à Vespa-da-madeira, baseado em controle biológico. A adoção do controle biológico, associada às medidas de controle silvicultural, possibilitou a manutenção da viabilidade econômica do cultivo de Pinus no Brasil.
Em 1996, registrou-se pela primeira vez em plantios de Pinus no Brasil o pulgão-gigante-do-pínus, Cinara pinivora, no Rio Grande do Sul; e, em 1998, C. atlântica, associada a C. pinivora, em Santa Catarina. Estes pulgões são originários do leste, sul e sudeste dos Estados Unidos e Canadá, mas também são encontrados na Jamaica e Cuba. Atualmente no Brasil, C. atlantica ocorre em plantios de Pinus desde Minas Gerais até o Rio Grande do Sul.
Existem aproximadamente 200 espécies de Cinara descritas. Destas, 150 ocorrem na América do Norte, 20 no Japão e região oriental e 30 espécies são européias ou de origem mediterrâneas.
Por serem exóticas, as espécies de Cinara apresentam alto potencial para tornarem-se pragas de grande importância econômica, devido à larga extensão de áreas plantadas com Pinus no Brasil.
As espécies de Cinara alimentam-se de ramos, brotos e, ocasionalmente, de raízes de coníferas das famílias Cupressaceae e Pinaceae. A espécie mais importante que ataca Pinus nos Estados Unidos é C. atlantica, espécie que se tornou predominante também no Brasil.
Facilmente transportado a longas distâncias por correntes de ventos, o pulgão-gigante-do-pínus tem provocado a morte de plantas em plantios jovens de Pinus, tendo sido relatada a mortalidade de até 15% das plantas. O dano ocasionado por esse pulgão inicia-se por uma clorose das acículas, com alguns ponteiros ou ramos tornando-se marron-avermelhados, observados entre o outono e a primavera. O afilamento de ramos e o entortamento do caule são outros sintomas de ataque desta praga. Foram também observadas mortalidade de plantas em áreas adjacentes à área de pesquisa.
O controle biológico natural dos pulgões do gênero Cinara tem sido realizado por insetos predadores das famílias Coccinellidae, Syrphidae, Crhrysopidae, Staphilinidae, Dermaptera e alguns Heteroptera, que ocorrem naturalmente nas condições brasileiras. No entanto, esses predadores, embora importantes agentes reguladores da população dos pulgões, não conseguem mantê-los em níveis que não causem prejuízos às plantas de Pinus. Visando otimizar o controle biológico da praga em questão, a Embrapa Florestas, o FUNCEMA e a EPAGRI implantaram, em 2001, o Programa de Controle Biológico do pulgão-gigante-do-pínus, com o objetivo de estudar a otimização das condições que favorecem o desenvolvimento dos predadores e realizar a introdução de parasitóides do pulgão na região de origem dos mesmos. Para tanto, foram realizadas coletas de pulgões parasitados nos Estados Unidos em 2001, 2002 e 2003, obtendo-se, após o período de quarentena, o parasitóide Xenostigmus bifasciatus (Hymenoptera, Braconidae).
A criação massal, realizada na Embrapa Florestas e as posteriores liberações em diversas florestas de Pinus dos estados de Santa Catarina, Paraná e São Paulo, resultaram numa ampla dispersão do parasitóide, que se estabeleceu em todos os locais de liberação, dispersando-se, a cada ano, num raio de aproximadamente 80 km, havendo casos de 100% de controle de algumas colônias de pulgão. Esta porcentagem é atingida pelo complexo de inimigos naturais, composto por predadores e pelo parasitóide.
Como medidas preventivas os produtores devem dispor de mudas de boa qualidade, utilizando-se técnicas de plantio que facilitem o desenvolvimento radicular e que favoreçam a presença de vegetação secundária entre as filas de Pinus. Devem ser realizadas apenas roçadas na fila e, se necessário, o coroamento da muda plantada. Estas ações favorecerão a ocorrência dos inimigos naturais dos pulgões e permitirão um bom desenvolvimento das plantas de Pinus.
Wilson Reis Filho – pesquisador da Epagri/Embrapa Florestas - E-mail: wilson@cnpf.embrapa.br
Edson tadeu Iede - pesquisador da Embrapa Florestas - E-mail: iedeet@cnpf.embrapa.br
Susete do Rocio Chiarello Penteado - pesquisador da Embrapa Florestas - susete@cnpf.embrapa.br |