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REVISTA DA MADEIRA - EDIÇÃO N°83 - AGOSTO DE 2004

Desdobro

Otimização no desdobro de toras de pinus

A indústria de madeira serrada de espécies do gênero Pinus alcançou, ao longo das últimas décadas, um nível de desenvolvimento e de comprometimento com outras indústrias de base florestal, onde cada vez mais se busca eficiência na qualidade dos produtos e racionalização na utilização da matéria prima.

A madeira serrada de Pinus representa, hoje, a base de matéria prima de muitas indústrias de beneficiamento, as quais necessitam de madeira serrada de boa qualidade, livre de defeitos e imperfeições que afetam a produtividade e os custos de produção, entre outros.

À medida que as serrarias se especializam na busca de melhores produtos e maior rendimento, as indústrias de beneficiamento melhoram a qualidade e reduzem seus custos de produção.

É uma característica destas serrarias, a utilização de toras de pequenos diâmetros, raramente ultrapassando 30 cm. Toras de tais dimensões tendem a gerar um rendimento em madeira serrada inferior ao que era obtido com toras de madeiras nativas. Além disso, a variabilidade diamétrica, muitas vezes, induz a um baixo aproveitamento das toras durante os processos de desdobro. Para reduzir estas perdas, várias são as técnicas e medidas aplicadas nas indústrias de madeira serrada. Dentre elas, a seleção das toras por classes diamétricas, a otimização do traçamento dos fustes e o descascamento das toras são técnicas que não podem mais ser dispensadas, tendo em vista a escassez de matéria prima. Porém, existem muitas outras alternativas que podem servir de ferramenta às serrarias para cada vez mais melhorarem suas performances.

Tendo em vista as dificuldades de colheita da madeira, o que muitas vezes implica na chegada de matéria prima de regiões diferentes, com diferentes idades e condições de crescimento específicas, faz parte do dia a dia das indústrias de madeira serrada, um pátio de toras contendo um mix de classes diamétricas. Associado a isto, em função da flexibilidade destas indústrias em atenderem variados mercados, a gama de produtos serrados, muitas vezes, torna-se ampla.

Nestas condições, o administrador de uma serraria necessita constantemente associar seu estoque de matéria prima às metas de produção requeridas pelo mercado. Tal situação implica que, na maioria das vezes, o administrador precisa decidir sobre uma melhor classe diamétrica para atender um pedido, dentro de uma boa produtividade, com o melhor rendimento possível das toras.

É usual em uma serraria, se estabelecer um diagrama de corte para uma determinada classe diamétrica e um determinado grupo de produtos, valendo-se dos conhecimentos técnicos e práticos de pessoas envolvidas nas atividades de administração e operação da serraria. Porém, tendo em vista as constantes alterações de diâmetros no pátio e as variações nos pedidos, tais decisões precisam ser tomadas rapidamente, o que acarreta um aproveitamento inadequado das toras, além de algumas vezes afetar o processo de produção.

Visando facilitar e agilizar tais decisões, a informática tornou-se um forte aliado das serrarias na otimização dos processos de desdobro de toras. Existem hoje no mundo, softwares que dentro de uma gama de produtos e classes diamétricas, definem a melhor maneira de se obter madeira serrada de uma tora em frações de segundos. No Brasil, muitas alternativas já foram criadas e, apesar de algumas limitações, já mostraram um grande avanço tecnológico.

Para tornar-se eficiente, um software precisa ser desenvolvido dentro de critérios específicos, levando em conta principalmente, as características da espécie a qual ele se destina. Visando atender a necessidade das indústrias que utilizam madeira de reflorestamento, foi desenvolvido um software chamado MaxiTora, o qual é adaptado à otimização de toras com tais características. Desenvolvido por profissionais do setor florestal, este software é um forte aliado da indústria de madeira serrada para o melhor aproveitamento da matéria prima oriunda de reflorestamentos. Provido de variadas ferramentas, o mesmo permite aos profissionais da indústria de madeira serrada tomarem decisões rápidas e eficientes na otimização do desdobro de madeira reflorestada por classes diamétricas. Através dele, ao se adicionar um mix de produtos de uma serraria, é possível definir a melhor classe diamétrica para o melhor rendimento em madeira serrada. Da mesma maneira, através de uma determinada classe diamétrica, pode-se definir os produtos que podem ser obtidos com um melhor rendimento.

Depois de estabelecido um cadastro de produtos e definida a classe diamétrica, o programa calcula o melhor diagrama de corte através de modelos e algoritmos matemáticos específicos. Rapidamente, o usuário visualiza na tela as peças e suas quantidades que serão obtidas de cada tora, dentro de uma classe diamétrica. Numa barra de rolagem, é permitido ao usuário, alterar a classe diamétrica. Imediatamente é definido e visualizado um novo diagrama para a nova classe selecionada. Através das opções exibir região da medula e área de núcleo nodoso, o usuário tem uma resposta sobre a probabilidade de ocorrência de peças sem nós ou com medula.

Além de otimizar o desdobro dentro de parâmetros matemáticos que definem o melhor rendimento, o programa MaxiTora permite ainda ao usuário programá-lo num click para mais três opções de otimização. Através destas opções, o usuário poderá otimizar o desdobro definindo dimensões de pranchões, semi-blocos ou blocos. Deste modo, é possível uma melhor adaptação aos equipamentos e ao layout da serraria. Adicionalmente, o mesmo pode ser personalizado de modo a atender quaisquer situações particulares diferentes das pré-determinadas, adaptando-se a necessidades específicas de cada serraria. Além de todas estas e muitas outras opções, este software permite que o usuário possa calcular seus diagramas de corte otimizados, definindo as classes diamétricas com ou sem casca.

O que torna este software aplicável às indústrias de madeira serrada de Pinus é o fato de ser desenvolvido no Brasil, por equipe especializada em programação industrial, com auxílio de pesquisadores e professores pós-graduados nas áreas florestal, industrial e matemática aplicada, com ampla experiência no gerenciamento de problemas de otimização.



Márcio Pereira da Rocha*Professor Adjunto do Depto de Eng. E Tecnologia Florestal do Setor de Ciências Agrárias da UFPR – mprocha@floresta.ufpr.br