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REVISTA DA MADEIRA - EDIÇÃO N°83 - AGOSTO DE 2004

Pragas

Tipos de fungos requerem diferentes tratamentos

Estima-se que as perdas causadas por pragas como a Vespa da madeira atinjam U$ 5 milhões/ano na sua área de distribuição nos estados do RS, SC e PR.

A prevenção e o combate a fungos é dos cuidados fundamentais para o perfeito desenvolvimento do pinus. O que muitos não sabem é que os fungos se encontram em vários grupos e causam danos diferentes. Por isso, devem ser combatidos com tratamentos individuais. Para identificar o fungo é preciso prestar atenção aos sintomas que eles causam.

Os sintomas variam de acordo com o tipo de fungo. Os fungos das espécies Rhizothoctonia solani; Fusarium monoliforme; Fusarium centricosum; Pythium debaryanum, atacam em condições de elevada umidade, como intensa irrigação ou chuvas muito freqüentes. Também pode ocorrer em solos com má drenagem; elevada densidade de mudas; adubação nitrogenada em excesso. Quando há lesão fúngica na base da muda, parte das sementes não germinam, há anelamento do colo das mudas e queda das hastes. Para evitar esses tipos de fungos é recomendado usar preventivo de fungicidas no primeiro mês de produção de mudas. Além disso, é preciso evitar umidade excessiva no substrato, promover arejamento satisfatório das mudas por meio de espaçamento adequado.

Há, também, alguns fungos que causam a chamada “asfixia de mudas”, são os tipos Telephora terrestris; Telephora caryophyllea; Telephora fimbriata. Atacam quando há excessivo enovelamento de raízes; exaustão dos nutrientes do substrato; irrigação insuficiente das plantas; interrupção do fluxo de água e sais minerais. Quando atacadas, as mudas têm-se mostrado amarelecidas e até mortas. Notam-se basidiocarpos marrons de escuros a negros, típicos do fungo basidiomiceto do gênero telphora, firmemente aderidos ou envolvendo as porções basais dos seus caules. Recomenda-se aumentar o espaçamento e promover a ventilação.

O fungo da espécies Sphaeropsis sapinea causa surtos de secas das pontas em plantações de Pinus spp., previamente danificadas por chuvas de pedra durante verões chuvosos. Também causa anelamento de hastes de mudas; apodrecimento de raízes de árvores adultas; cancros nas diversas alturas do fuste, sendo a penetração do fungo através das feridas da desrama artificial, azulamento da madeira, seca das pontas dos galhos ou da haste principal. Para proceder as desramas dos povoamentos, proporcionando melhor arejamento. Recomenda-se remover os órgãos desramados para evitar que se transformem em futuras fontes de inócula de S. Spinea. Também é preciso evitar o estabelecimento de plantações de Pinus spp., em áreas castigadas por chuvas de pedra ou por outras adversidades climáticas que afetem a espécie plantada. Além disso, é preciso evitar os estresses fisiológicos.

O fungo Cylindrocladium pteridis ataca mudas enviveiradas e plantas no campo até quatro anos de idade. Nota-se acículas com lesões de coloração amarelo-amarronzada, medindo de 2 a 5 mm de comprimento causando mais tarde o seu anelamento. Posteriormente, as acículas tornam-se marrons pardas e caem. Para controlar é necessário usar fungicidas.

O fungo Dothistroma septospora causa uma doença atrelada ao Pinus radiata, espécie que mostrou-se não adaptável ao Brasil. É considerada doença-modelo na patologia florestal, em vista dos estudos na sub-área de epidemologia e controle químico em campo.

Manifesta-se em plantas em campo depois dos 6 – 8 meses, e é severa até os 10 anos de idade. A doença começa nas acículas basais do tronco e progride, de modo ascendente, na copa. O principal dano é a perda de incremento das árvores atacadas que está relacionada com a intensidade de doença refletida pela percentagem de copa queimada ou desfolhada. A partir de 80% de folhagem afetada, a planta tem paralisação de crescimento ou morre. Recomenda-se utilizar espécies resistentes à doença ou controlar com fungicidas cúpricos.

O fungo Armillaria mellea, causador da amareliose geralmente ocorre na primeira rotação, em plantações de pinus estabelecidas em áreas onde havia floresta natural ou reflorestamento com espécies florestais folhosas com reconhecida capacidade multiplicadora de inóculo do patógeno em regiões úmidas, com temperatura moderada. A doença pode ser transmitida de uma árvore para outra através do contato radicular. O principal sintoma é o apodrecimento de raízes e de porções basais do tronco, levando há maioria das vezes à morte. As árvores inicialmente exibem crescimento vagaroso, tornam-se amarelecidas e apresentam exsudação de resina na base do tronco e nas raízes.Queda acumulada de acículas, secamento de terminais de galhos e finalmente morte.

Para combater e preciso limpar a área a ser recém desmatada e arada para o plantio de pinus, recolhendo-se os restos de raízes, tocos, troncos e galhos da vegetação anterior, apodrecidos ou não e queimá-los ou destinados à carbonização. Abrir trincheiras ou valas, isolando árvores atacadas para que a doença não atinja as árvores vizinhas pelo contato das raízes. Evitar o plantio de espécies susceptíveis à doença.

Outro fungo que causa a podridão de raízes é o Cylindrocladium clavatum.

A doença geralmente ocorre a partir de um ano de idade. A mortalidade ocorre tanto em plantas esparsas ou em reboleiras. No início ocorre amarelecimento de toda copa, com raízes já mortas devido à presença de resina cristalizada em suas superfícies. A copa fica marrom-ferrugínea, devido à mortalidade de acículas e a da planta morre. Recomenda-se abrir trincheiras ou valas, isolando árvores atacadas para que a doença não atinja as árvores vizinhas pelo contato das raízes. Evitar o plantio de espécies susceptíveis à doença.

Os fungos Davisomycella sp., Lophodermiums sp apresentam manchas de acículas. Sua ocorrência se dá por todo o Brasil, mas não causam grandes danos. As manchas causadas despertam muito a atenção do observador.

Inicialmente manchas amareladas, diminutas, que se expandem, envolvendo todo o diâmetro da acícula. Posteriormente a mancha necrosa-se e fica com cor marrom avermelhada, sendo que, a partir do ponto necrosado, a acícula morre. Dos primeiros sintomas à morte, demora-se cerca de um ano.

Não há necessidade de controle no campo. No Brasil ainda não há ocorrência em viveiros.



Macaco- prego

O macaco-prego é uma espécie nativa do Brasil que tem causado prejuízos aos reflorestamentos de pinus do País. Este animal ataca o terço superior da árvore de pinus, descascando o tronco e alimentando-se da seiva, que tem sabor doce.

A medida que a superfície exposta pelo descascamento aumenta, cresce também a dificuldade de recobrimento do xilema por novos crescimentos da casca, levando a deterioração da madeira e, no caso de anelamento, morte e queda da copa.

As árvores atacadas ficam mais susceptíveis ao ataque da vespa da madeira, uma praga de pinus que causa ainda mais prejuízos. Para o controle do ataque do macaco, são recomendadas medidas como a abertura da floresta e limpeza da área, de forma que o ambiente torne-se menos atrativo aos animais.



Vespa da Madeira

Atualmente, há cerca de seis milhões de hectares de plantações florestais no Brasil, dos quais dois milhões com diferentes espécies do gênero Pinus. As espécies de Pinus, na América do Sul, permaneceram por muito tempo isentas de pragas e doenças. Entretanto, a partir dos anos 80, várias espécies de insetos e fungos foram introduzidas no Continente, provocando sérios danos a reflorestamentos implantados com essas espécies.

Assim, várias pragas ameaçam a viabilidade futura dos plantios de Pinus e também a diversidade arbórea como um componente de programas de reflorestamentos sul americanos. Entre elas está a vespa da madeira, Sirex noctilio: ordem Hymenoptera, sub-ordem Symphyta, família Siricidae, subfamília Siricinae, gênero Sirex Linnaeus, 1761. Este inseto está associado a um fungo, Amylostereum areolatum, o qual é tóxico para certas espécies de Pinus.

A praga inicialmente constatada em povoamentos de Pinus taeda no Rio Grande do Sul já em 1989 foi observada em Santa Catarina, e em 1994 foi diagnosticada no Paraná. Atualmente, a S. noctilio está presente em aproximadamente 250.000 hectares de Pinus spp., em cerca de 60 municípios dos três estados do Sul do Brasil. No Paraná, a Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento, editou o mapeamento dos municípios com a incidência da vespa da madeira. Estima-se que as perdas causadas pela praga atinjam U$ 5 milhões/ano na sua área de distribuição nos estados do RS, SC e PR.

A maioria dos insetos adultos emerge, no Brasil, de novembro a abril, com picos de emergência nos meses de novembro e dezembro. Os machos começam emergir antes das fêmeas. A proporção entre machos e fêmeas é de 1,5 macho para 1,0 fêmea.

Após o período inicial de vôo, as fêmeas perfuram o tronco das árvores com seu ovipositor e colocam seus ovos no alburno. Em cada local de oviposição, esses insetos podem perfurar até 4 (quatro) galerias. As fêmeas maiores colocam de 300 a 500 ovos, em aproximadamente 10 dias. No Brasil, foi observado que o número médio de ovos nos ovários das fêmeas dissecadas varia de 20 a 430, com média de 226 ovos. Durante as posturas, as fêmeas introduzem esporos (artrosporos) de um fungo simbionte, Amylostereum areolatum, e uma secreção mucosa fitotóxica, que são os causadores da toxicidade e da conseqüente morte das plantas. O fungo, que serve de fonte de nutrientes para as larvas da praga, é responsável pela morte da árvore e pela podridão na madeira.

Além disso, a qualidade da madeira é afetada pela atividade das larvas que constroem galerias, pela penetração de agentes secundários que danificam a madeira, limitando seu uso ou tornando-a imprópria para o mercado. Após a morte da árvore, a madeira é degradada rapidamente e sua utilização deve ser feita no máximo seis meses após ter sido atacada.

Os plantios mais susceptíveis ao ataque de S. noctilio geralmente têm entre 10 e 25 anos de idade e estão sob estresse. Povoamentos sem desbastes são mais susceptíveis ao ataque do inseto do que os desbastados. Os sintomas de ataque começam a aparecer logo após os picos populacionais do inseto (novembro e dezembro), sendo mais visíveis após a revoada, a partir do mês de março.

As características externas mais visíveis que denotam a presença de S. noctilio são: progressivo amarelecimento da copa que depois se torna marrom avermelhada, esmorecimento da folhagem, perda das acículas, respingos de resina na casca (em função da perfuração para oviposição) e orifícios de emergência de adultos. Os sintomas internos são: manchas marrons ao longo do câmbio, devido ao fungo, e galerias feitas por larvas.



Controle Biológico

Experiências bem sucedidas onde a vespa da madeira foi introduzida demonstram que o controle biológico associado a medidas de prevenção é o método mais eficaz e econômico para o combate de Sirex, principalmente por tratar-se de uma praga exótica, introduzida sem o seu complexo de inimigos naturais. Para a implantação de um programa semelhante, no Brasil, foram introduzidos o nematóide Deladenus siricidicola e os parasitóides Ibalia leucospoides, Rhyssa persuasoria e Megarhyssa nortoni, visando proporcionar uma maior estabilidade da praga com o seu ecossistema.

O nematóide Deladenus siricidicola age por esterilização das fêmeas do Sirex noctilio. Apresenta dois ciclos de vida: um de vida livre, alimentando-se do mesmo fungo simbionte da vespa da madeira e outro de vida parasitária, dentro de larvas, pupas e adultos de S. noctilio. Pelo fato de apresentar o ciclo de vida livre alimentando-se do fungo Amylostereum areolatum, pode facilmente ser criado em laboratório e liberado em campo, através de sua aplicação em árvores atacadas por S. noctilio, podendo atingir níveis de parasitismo próximos a 100%.

AIbalia leucospoides é um endoparasitóide de ovos e larvas da vespa da madeira dentro da árvore enquanto que a Rhyssa persuasoria e a Megarhyssa nortoni, pelo fato de apresentarem um longo ovipositor, atacam larvas da vespa em estágios mais avançados de desenvolvimento.

Quanto à dispersão destes parasitóides, a Ibalia leucospoides pode dispersar-se rapidamente a longas distância (até 80 km) e, quando atinge áreas novas, reproduze-se intensamente. Foi observado também que a I. leucospoides é mais eficiente em locais secos. Rhyssa spp. e Megarhyssa spp. podem se dispersar por todas as áreas infestadas por Sirex, de 7 a 18 km, respectivamente, do ponto de liberação.

O complexo de parasitóides (Ibalia + Rhyssinae) pode eliminar até 70% da população de S. noctilio em determinados locais. Entretanto, observou-se que, usualmente, não atingem mais do que 40% da população, percentual este insuficiente para evitar que os ataques da vespa da madeira atinjam níveis elevados, mas que são importantes para manter o equilíbrio ecossistema/praga.

Um controle mais efetivo de pragas pode ser obtido, a longo prazo, pela aplicação de práticas silviculturais, criando razoável resistência floresta-inseto. Assim, as perdas devidas a insetos podem ser reduzidas.

A Sirex noctilio pode dispersar-se naturalmente de 30 a 50 km por ano. Contudo, o transporte de madeira das áreas atacadas para áreas onde ainda não tenha sido detectada a sua presença aumenta a probabilidade de dispersão.

Como tratamento curativo, além da realização de desbastes fitossanitários, é fundamental a utilização de agentes de controle biológico.



Pulgão

Os pulgões do gênero Cinara são pragas relativamente novas no Brasil, ocorrendo as espécies, C. pinivora e C. atlantica. Eles atacam as plantações debilitando árvores, podendo inclusive levá-las à morte. O pulgão alimenta-se da seiva da árvore e, ao sugá-la, pode também injetar saliva tóxica.

Os danos que tem sido observados são: amarelecimento e queda das acículas (folhas), deformação do tronco em árvores jovens, retardo do crescimento, superbrotação, bifurcação e, em alguns casos, morte da planta. Mais uma conseqüência é que 90% do que o pulgão consome é eliminado em forma de "honey-dew", um tipo de secreção açucarada. Esta secreção favorece o desenvolvimento de um fungo, a fumagina, que dificulta a fotossíntese, respiração e transpiração da planta. O ataque deste pulgão já foi detectado desde mudas no viveiro até em plantios com mais de 20 anos.

Esta praga é originária da América do Norte (Estados Unidos e Canadá) e foi detectada no Brasil, pela primeira vez, em 1996. A introdução destes insetos pode ter ocorrido de vários modos; por terem grande capacidade de dispersão, podem se dispersar através de correntes de vento que o carregam; outra maneira é através do próprio homem, pois muitas pessoas, quando viajam ao exterior, acham muitas plantas locais bonitas e acabam trazendo sementes ou mudas de plantas que naturalmente não existem no Brasil. Embora involuntária, esta atitude é muito perigosa para o meio ambiente, pois pode acabar trazendo junto algum problema para o meio local, como pragas e doenças desconhecidas.

Em 1999 é que estes insetos começaram a chamar a atenção dos produtores de Pinus. Desde os primeiros relatos, a Embrapa Florestas vem pesquisando e buscando maneiras de combater a praga, a qual já está presente nos estados do RS, SC, PR, SP e MG, ou seja, estados em que o Pinus tem grande importância econômica.

Assim, desde a constatação desta praga, no Brasil, a Embrapa Florestas já acumulou conhecimento suficiente sobre a biologia, flutuação populacional e alguns aspectos comportamentais e de ecologia, que estão auxiliando na implantação de um "Programa de Manejo Integrado dos Pulgões do Pinus".

Um dos objetivos da pesquisa conduzida pela Embrapa Florestas, em parceria com a UFPR e FUNCEMA (Fundo Nacional de Controle à Vespa-da-Madeira) é controlar biologicamente estes pulgões, sem a necessidade de recorrer a produtos tóxicos como os inseticidas, que causam maior desequilíbrio e favorecem o surgimento de outras pragas. Os primeiros resultados apontam espécies de moscas da família Sirphidae e também larvas de joaninhas (Coleoptera, da família Coccinellidae) e larvas de crisopídeos (Crisopidae). Outra estratégia é a introdução de parasitóides dos países de origem da praga, os quais, por serem específicos, garantem uma ação eficiente de controle.

Os tipos Cinara pinivora e C. atlantica, são, atualmente, as espécies que provocam danos em plantios de pinus. Entretanto há o registro de outras espécies em pinus, no Brasil, como: Cinara maritimae, C. piniformosana, Eulachnus rileyi e Essigella sp. Entretanto, estas espécies ainda são encontradas em baixas populações, sem provocar danos. A diferenciação das espécies C. pinivora e C. atlantica é feita, principalmente, pela forma dos sifúnculos (estrutura localizada na parte dorso posterior do corpo). Em C. pinivora, o sifúnculo apresenta uma base menor e é mais pontudo, no formato de um vulcão. Em C. atlantica, este sifunculo tem a base mais larga e é mais achatado, parecendo como "um ovo frito". Existem ainda outras características para diferenciação, mas esta é a mais fácil de reconhecer.

Os pesquisadores têm encontrado os pulgões do pinus em plantas de todas as idades. Entretanto, os maiores danos têm sido provocados em mudas e plantios jovens. Quando um ataque intenso ocorre logo após o plantio, os danos são grandes e verifica-se, em alguns casos, quando associado com outros fatores, a morte das plantas. Em acompanhando de campo, o comportamento do pulgão, tanto em P. taeda como em P. elliottii, não mostra diferença.

No entanto, há diferença entre as idades das plantas. Em plantas com 10 meses e com 3 anos verifica-se maior ataque e danos nas plantas com 10 meses. Com relação à vespa, ela geralmente ataca plantios acima de 8 anos. O pulgão poderá estressar as plantas, mas se este plantio for bem conduzido não será em função do ataque de pulgões que ele será atacado pela vespa.

Autora: Susete do Rocio Chiarello Penteado - EMBRAPA-FLORESTAS - PR