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REVISTA DA MADEIRA - EDIÇÃO N°83 - AGOSTO DE 2004

Densidade

Variação da densidade da madeira de pinus

A densidade básica é indiscutivelmente aceita como um dos principais parâmetros de qualidade da madeira quando se visa sua utilização como matéria prima industrial ou energética. O seu estudo vem sendo largamente realizado por ser este parâmetro, de simples determinação além da sua correlação com outras propriedades da madeira.

A densidade da madeira varia entre espécies, entre indivíduos e procedências da mesma espécie e dentro da árvore, tanto no sentido longitudinal, ou seja da base para o topo, como no sentido radial da medula para a casca. Em síntese, os padrões de variação longitudinal decrescem uniformemente com a altura; decresce até certo ponto e cresce deste, até o topo da árvore. Algumas vezes, pode decrescer levemente nas partes superiores; é crescente da base para o topo, não obedecendo a um padrão uniforme de variação.

O gênero Eucalyptus tem se mostrado mais comum ao segundo padrão, acima descrito. Já o gênero pinus tem o comportamento do primeiro padrão.

Como estas variações são inevitáveis, há necessidade de se determinar qual a melhor posição da árvore a ser amostrada, principalmente, quando ocorre o abate da árvore, tentando eliminar erros decorrente da amostragem convencional a 1,30m da base.

O objetivo deste trabalho é determinar a variação da densidade básica no sentido longitudinal dos troncos de pinus oocarpa e correlacionar as variadas posições de coleta com a média ponderada da densidade da árvore

Este artigo foi produzido a partir de uma pesquisa realizada com madeira proveniente de um povoamento de pinus oocarpa, existente na Universidade Federal de Lavras (UFLA), em Lavras, Minas Gerais. A espécie estudada foi o pinus oocarpab, com 14 anos de idade.

Foram selecionadas e abatidas 9 árvores. Em cada uma delas, após medição da altura comercial, representada por mínimo de 5cm, foram retirados discos de madeira com 2,5cm de espessura, a 0,30m; 1,30m (DAP); 25%, 50%, 75% e 100% da altura descrita anteriormente. Os discos foram descascados, sendo determinados seus diâmetros sem casca.

A densidade básica dos discos foi determinada pelo método do máximo teor de umidade, após o cavaqueamento para facilitar a saturação. Já a estimativa da densidade básica ponderada média de cada árvore, utilizou-se a metodologia sugerida por Vital. Para a ponderação considerou-se os volumes dos toretes e as respectivas densidades dos discos de cada extremidade. Cada torete teve o comprimento equivalente a 1/4 da altura comercial da árvore. O cálculo da densidade ponderada da árvore foi feita através da equação. Lista dos códigos utilizados para descrição das porções do tronco amostradas:





A partir dos valores das densidades obtidas executou-se análise de regressão, aplicando-se os valores de densidade ponderada média da árvore como variável dependente e os valores de densidade básica média de cada disco como variável independente, buscando uma mais alta correlação entre os valores.

Observa-se que o máximo valor encontrado para a densidade básica ponderada média foi de 0,505 g/cm³ e o mínimo de 0,380 g/cm³. Estes valores mostram que a espécie estudada possui grande dispersão, com relação à densidade básica, o que indica a sua potencialidade em trabalhos de melhoramento genético. O coeficiente de variação associado à densidade básica foi baixo, tendo sido menor que o da altura comercial e do DAP.

As árvores 4 e 9 apresentaram maiores quantidades de massa seca lenhosa. Esta característica foi definida pelos maiores valores de altura e DAP, associados aos respectivos valores de densidade básica.

Nota-se que para o pinus oocarpa a densidade básica decresce uniformemente da base para o topo nas árvores.

Densidade básica ponderada média (), altura comercial, até 5 cm de diâmetro, (H), diâmetro altura do peito (DAP), média geral (), desvio padrão (s) e coeficiente de variação (CV) das árvores estudadas de pinus oocarpa .

Densidade básica, em g/cm³, para as diferentes posições de amostragem e parâmetros estatístico como média por posição amostrada (), desvio padrão (s) e coeficiente de variação (CV), para todas as árvores.

A densidade da madeira é uma propriedade resultante de fatores como dimensões das células, espessura e composição química da parede celular e percentuais de ocupação dos variados tipos de células.

As dimensões dos elementos celulares variam em função da idade do vegetal. Baseando nestes fatos, é provável que a tendência de variação da densidade encontrada, aos 14 anos para o pinus oocarpa, seja alterada com o desenvolvimento e maturação da árvore.

A qualidade da madeira é afetada pela idade da árvore. É necessário definir a época de corte, não apenas em função de critérios que avaliam a produção de volume ou de matéria seca lenhosa, mas, também, mediante uma análise da heterogeneidade dos parâmetros que expressam a qualidade. Contudo, deve-se correlacionar cada um dos parâmetros com o uso a que se deseja destinar a madeira, para que os mesmos se mostrem de maior ou menor importância.

Nota-se, também, que para a espécie estudada, a melhor estimativa da densidade básica média da árvore foi correspondente a densidade do disco coletado a 50% da altura comercial, seguido do DAP. Estas posições mostraram valores de coeficiente de correlação (r) de 0,91 e 0,90 respectivamente.

Equações ajustadas para estimar a densidade básica média ponderada () da madeira de P. oocarpa, em função da densidade básica a diferentes posições de amostragem no caule, aos 14 anos de idade.

Alguns autores afirmam que a posição do DAP é a mais indicada para estimar a densidade média da árvore. Tal afirmativa é válida, principalmente, quando não se executa o abate da árvore. Neste caso, retira-se uma pequena amostra da árvore com auxílio de um trado. A posição indicada para amostragem esta compreendida entre 25% e 50% da altura da árvore.

De acordo com as análises realizadas, para a madeira do pinus oocarpa, com 14 anos de idade foi concluído que a densidade básica ponderada média da madeira foi de 0,446g/cm³; a variação da densidade básica ao longo do caule obedeceu o padrão decrescente da base para o topo, isto é, em média, variou de 0,525g/cm3 (a 0,30m do solo) a 0,388g/cm3 (100% da altura comercial - diâmetro igual a 5cm); as melhores posições de amostragem indicadas para se estimar densidade básica média da árvore, estão situadas a 50% da altura comercial, seguida da posição do DAP.

Autores: Lourival Marin Mendes; José Reinaldo Moreira da Silva; Paulo Fernando Trugilho e José Tarcísio Lima – Universidade Federal de Lavras -MG