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REVISTA DA MADEIRA - EDIÇÃO N°83 - AGOSTO DE 2004

Silvicultura

Semeadura correta gera espécies para múltiplos usos

As espécies do gênero pinus são amplamente utilizadas em reflorestamentos no Brasil, devido principalmente ao seu rápido crescimento. A madeira do pinus é usada em construções leves ou pesadas, na produção de laminados, compensados, chapas de fibras e de partículas, na produção de celulose e papel, entre outros. O P. elliottii também é muito utilizado para a extração de resina. O pinus também pode ser utilizado na implantação de quebra ventos. As sementes podem ser obtidas das árvores existentes na região ou compradas em locais especializados.

Para o pinus podem ser empregados três tipos de semeadura: em sementeiras; em canteiros de mudas embaladas e em canteiros de mudas de mudas de raiz nua.

No primeiro processo, as sementes são espalhadas diretamente em sementeiras e após a germinação, as plântulas sofrerão uma repicagem e serão transferidas para os recipientes onde continuarão seu processo de formação.

Em canteiros de mudas embaladas as sementes são semeadas diretamente em recipientes, podendo ser utilizados tubetes especiais, sacos plásticos, taquara, entre outros.

Nos canteiros de mudas de raiz nua a semeadura é realizada diretamente nos canteiros, onde as mudas permanecem sob cuidados no local até o plantio definitivo. O método de raiz nua é indicado para locais onde ocorre boa distribuição pluviométrica e temperaturas pouco elevadas, como no sul do Brasil. Esta prática é realizada quando o plantio é mecanizado. As mudas devem permanecer no viveiro até que atinjam uma altura entre 20 e 30 cm e um sistema radicular bem desenvolvido.



Substrato

Para os canteiros em raiz nua o único substrato é o próprio solo, que constitui o meio de desenvolvimento das raízes. Canteiros com mudas em recipientes: o substrato mais utilizado é uma mistura de materiais, devidamente decompostos. Os principais componentes desta mistura são: turfa, cinza de caldeira, vermiculita, cascas de árvores e de arroz. A adubação mineral é introduzida à mistura.

A existência de uma associação simbiótica entre determinados fungos e as raízes das espécies do gênero Pinus é uma condição necessária para o sucesso do reflorestamento com inoculação de micorrizas em viveiros de Pinus spp. Tal associação confere ao Pinus um sistema radicular com maior área de absorção, permitindo suprimento maior e mais eficiente de nutrientes às árvores.

O material obtido por meio do solo e/ou “litter” de antigos reflorestamentos de pinus é incorporado ao solo do viveiro, geralmente antes da semeadura. A distribuição do material com o inoculo é feita sobre o substrato contido nos canteiros, com posterior incorporação mecânica ou manual no solo, até a profundidade de 12 a 15 cm. A proporção de inóculo: o substrato para os recipientes deve ser na faixa de 1:10.

Acículas contidas no chão de povoamentos florestais adultos, ainda não decompostas, são utilizadas por algumas empresas para cobertura dos canteiros, visando, além da proteção das sementes em germinação, a introdução do inóculo micorrízico.

Como o preparo do terreno está ligado com as características da área onde será realizado o plantio, geralmente as operações são realizadas na seguinte ordem: construção de estradas e aceiros; desmatamento e aproveitamento da madeira; enleiramento ou encoivaramento; queima das leiras; desenleiramento; combate à formiga; revolvimento do solo; sulcamento e/ou coveamento.

As técnicas de cultivo mínimo e plantio consorciado têm sido adotadas por muitas empresas a fim de diminuir os danos ambientais.



Espaçamento

A escolha do espaçamento de plantio, na maioria dos planejamentos florestais, tem sido fundamentada principalmente no uso final da madeira. O espaçamento tem uma série de implicações do ponto de vista silvicultural, tecnológico e econômico. Ele influencia as taxas de crescimento das plantas, a qualidade das madeiras, a idade de corte, bem como as práticas de exploração e manejo florestal e conseqüentemente os custos de produção.

A idade de corte e o espaçamento encontram-se também intimamente relacionados, ou seja, os plantios em espaçamentos menores normalmente exigem desbastes ou ciclos mais curtos de corte, pois a competição entre plantas ocorre mais precocemente, antecipando a estagnação do crescimento. A percentagem de árvores dominadas e mortas cresce com o avanço da idade, causando um aumento da percentagem de falhas. Este fato ocorre com maior intensidade e mais precocemente nos espaçamentos mais apertados. Um número elevado de árvores dominadas pode refletir negativamente no volume da madeira, estabilizando e até reduzindo o incremento médio anual. Nos plantios de pinus, costumam ser utilizados os espaçamentos de 3m x 2m e 2,5m x 2,5m.

O plantio pode ser realizado através do plantio manual ou mecanizado. O método manual consiste inicialmente no balisamento e alinhamento, abertura de covas, distribuição de mudas e plantio propriamente dito.

O plantio mecanizado consiste de um trator que transporta as mudas e abre a cova com um disco sulcador enquanto um operário distribui as mudas. Ao mesmo tempo duas rodas convergentes fecham o sulco. As mudas mal plantadas são arrumadas por um operário que segue a máquina, sendo este processo utilizado para mudas de raiz nua.

Os tratos culturais visam a manutenção dos povoamentos, sendo realizados após o plantio até o fechamento do dossel de copas. Estes tratos tem como objetivo reduzir a concorrência por nutrientes, a luz e a umidade impostas às plantas pela vegetação invasora.

Para o gênero Pinus, estes tratos estendem-se normalmente até os dois ou três anos, com variação para as diferentes espécies do gênero e sob diferentes condições de clima e até de solo.

Após o plantio, a limpeza é realizada até que as plantas atinjam um porte suficiente para dominar a vegetação invasora. Geralmente são feitas através de três métodos principais: limpeza manual: através das capinas nas entrelinhas ou coroamento e por roçadas na entrelinha. A limpeza mecanizada utiliza grades, enxadas rotativas e roçadeiras e a limpeza química utiliza herbicidas.

Independente do tipo de limpeza é importante fazer a prevenção ao ataque das formigas cortadeiras, através da vigilância e do combate na fase de preparo do solo, na qual a localização e o próprio combate são facilitados. As espécies mais comuns na região Sul são as dos gêneros Atta e Acromyrmex, geralmente combatidas com iscas granuladas distribuídas nos caminhos e olheiros.

O replantio deverá ser realizado num período de 30 dias após o plantio, quando a sobrevivência deste é inferior a 90%.



Tratos Silviculturais

A poda ou desrama visa melhorar a qualidade da madeira pela obtenção de toras desprovidas de nós. O controle do crescimento dos galhos, bem como sua eliminação é uma prática aplicada às principais espécies de madeira. Os nós de galhos vivos causam menores prejuízos que os deixados por galhos mortos, sendo que estes constituem sérios defeitos na madeira serrada. Ocasionalmente as árvores também são podadas para prevenir a ocorrência de incêndios florestais e para favorecer acesso aos povoamentos durante as operações de desbaste, inventário e combate à formiga.

Os desbastes são cortes parciais realizados em povoamentos imaturos, com o objetivo de estimular o crescimento das árvores remanescentes e aumentar a produção da madeira utilizável. Nesta operação, removem-se as árvores excedentes, para que se possa concentrar o potencial produtivo do povoamento num número limitado de árvores selecionadas.

Para determinar a intervenção, é preciso conhecer o incremento médio anual e corrente da floresta. Quando o incremento do ano passar a ser menor que o médio até a idade correspondente à ultima medição, (diminuindo portanto a média geral da produção da floresta), este seria o ano para a sua intervenção. Esta análise é possível mediante a realização de inventários contínuos.

Nos desbastes, as vantagens em conseqüência da competição devem ser, pelo menos em parte, preservadas. Assim, num programa de desbaste, para rotações relativamente longas o número de árvores deve ser reduzido gradativamente, porém a uma taxa substancialmente mais rápida do que seria em condições naturais.

A seleção das árvores a serem desbastadas é caracterizada da seguinte forma: posição relativa e condições de copa (dominantes), estado de sanidade e vigor das árvores características de forma e qualidade do tronco. O principal efeito favorável do desbaste é estimular o crescimento em diâmetro das árvores remanescentes.

A variação no diâmetro das árvores induzidas pelos desbastes é muito ampla. Desbastes leves podem não causar efeito algum sobre o crescimento, embora seja possível, em razão dos desbastes pesados, conseguir uma produção constituída de árvores com o dobro do diâmetro que, durante o mesmo tempo, elas teriam sem desbastes.

Os desbastes também tendem a desacelerar a desrama natural e a estimular o crescimento dos galhos. A única vantagem disso é que os galhos permanecem vivos por mais tempo e, desse modo, reduz-se o número de nós soltos na madeira.



Métodos de desbaste

Existem diversos métodos de desbaste. O tipo sistemático é aplicado em povoamentos altamente uniformes, onde as árvores ainda não se diferenciaram em classes de copas, e se aplica em povoamentos jovens não desbastados anteriormente. É mais simples e mais barato. Permite mecanizar a retirada das árvores.

O desbaste seletivo, por sua vez, implica na escolha de indivíduos segundo algumas características, previamente estabelecidas, variadas de acordo com o propósito a que se destina a produção. As árvores removidas são sempre as inferiores, dominadas ou defeituosas. Este método é mais complicado, porém permite melhor resultado na produção e qualidade da madeira grossa.

Já o desbaste seletivo sistemático além de favorecer as melhores árvores, retirando-se a concorrência de árvores ruins, pode ainda com a retirada de uma linha inteira, aumentar o volume retirado no desbaste e, com isto, compensar os custos, aumentando-se a renda. Esta prática é utilizada em algumas empresas do Sul do Brasil em plantios de Pinus spp.

De acordo com o peso, os desbastes, podem ser classificados em: desbaste baixo, quando a relação entre o volume médio desbastado e o volume médio antes do desbaste for menor que 1; desbaste alto, quando a relação entre o volume médio desbastado e o volume médio antes do desbaste for maior que 1 e;

desbaste neutro, quando a relação entre o volume médio desbastado e o volume médio antes do desbaste for igual a 1.



A idade de corte refere-se ao tempo necessário para que uma floresta, ou parte desta, cresça e produza ótima quantidade de madeira. A definição técnica da idade de corte pode ser obtida em razão do crescimento da floresta. Para isto, deve haver um acompanhamento por meio de parcelas permanentes representativas, em que, de ano em ano são medidos o diâmetro, a altura e o volume das árvores.

Com isto, determina-se o incremento médio anual (IMA) do volume da floresta, assim como o incremento corrente anual (ICA). Quando o incremento do ano passar a ser menor que o médio até a idade correspondente à última medição, tendendo, portanto, abaixar a média geral da floresta, este seria o ano para a sua exploração.

Para fins industriais, as espécies do gênero Pinus geralmente são cortadas em rotações que variam de 5 a 8 anos, por meio de cortes rasos ou parciais.