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REVISTA DA MADEIRA - EDIÇÃO N°83 - AGOSTO DE 2004

Espécies

Pínus na silvicultura brasileira

Espécies de pínus vêm sendo introduzidos no Brasil há mais de um século para variadas finalidades. Muitas delas foram trazidas pelos imigrantes europeus como curiosidade, para fins ornamentais e para produção de madeira. As primeiras introduções de que se tem notícia foram de Pinus canariensis, proveniente das Ilhas Canárias, no Rio Grande do Sul, em torno de 1880.

Por volta de 1936, foram iniciados os primeiros ensaios de introdução de pínus para fins silviculturais, com espécies européias. No entanto, não houve sucesso, em decorrência da má adaptação ao nosso clima. Somente em 1948, através do Serviço Florestal do Estado de São Paulo, foram introduzidas, para ensaios, as espécies americanas conhecidas nas origens como "pinheiros amarelos" que incluem P. palustris, P. echinata, Pinus elliottii e P. taeda. Dentre essas, as duas últimas se destacaram pela facilidade nos tratos culturais, rápido crescimento e reprodução intensa no Sul e Sudeste do Brasil.

Desde então um grande número de espécies continuou sendo introduzido e estabelecido em experimentos no campo por agências do governo e empresas privadas, visando ao estabelecimento de plantios comerciais. A diversidade de espécies e raças geográficas testadas, provenientes não só dos Estados Unidos mas também do México, da América Central, das ilhas caribenhas e da Ásia foi fundamental para que se pudesse traçar um perfil das características de desenvolvimento de cada espécie para viabilizar plantios comerciais nos mais variados sítios ecológicos existentes no país.

Pinus taeda foi o principal destaque nos plantios na região do planalto do Sul e Sudeste. Esta é uma espécie de ampla distribuição geográfica no Leste e Sudeste dos Estados Unidos. Apesar do rápido crescimento inicial, o fuste costuma ser de baixa qualidade devido a tortuosidades, bifurcações e um grande número de ramos grosseiros. Essas eram as características dos primeiros plantios comerciais com esta espécie, visto que foram formados com semente importada, em sua maioria sem qualquer controle de qualidade genética, adquiridas de fornecedores inidôneos.

Esta espécie é altamente variável, inclusive quanto à resistência à geada e à temperatura requerida para o seu processo de crescimento. Assim é que, após intensos estudos sobre variações geográficas nos materiais genéticos introduzidos no Brasil, as procedências da planície costeira do estado da Carolina do Sul ficaram conhecidas como as de maior produtividade e melhor qualidade de fuste no Sul e Sudeste do Brasil, em locais onde as geadas não são tão severas. Para os locais mais frios, como nas serras gaúchas e no planalto catarinense, as procedências de locais mais frios como da Carolina do Norte têm demonstrado maior produtividade.

Várias características de P. taeda, que têm reflexo direto no valor econômico da madeira, estão sob controle genético moderado a alto e podem ser melhorados através da seleção de matrizes e reprodução controlada entre elas. Assim, mediante trabalhos básicos de seleção criteriosa e cruzamentos controlados, conseguiu-se alterar as características das árvores, aumentando o valor das florestas de P. taeda. Atualmente, com uso de semente geneticamente melhorada, não só aumentou a produtividade de madeira mas, também, melhorou, substancialmente, a qualidade do fuste. Adotando-se o devido manejo, podem ser formados povoamentos de alta qualidade, com árvores de fuste reto, baixa incidência de defeitos e ramos finos. Além disso, características internas como a densidade da madeira também são passíveis de melhoramento, seja no sentido de aumentar, de reduzir ou de uniformizar entre as árvores. Essas características são fundamentais para a formação de madeira de alta qualidade e de alto rendimento nas indústrias.

A madeira de P. taeda é utilizada para processamento mecânico na produção de peças serradas para estruturas, confecção de móveis, embalagens, molduras e chapas de diversos tipos. Para esses usos, a qualidade da matéria-prima aumenta à medida que aumenta a densidade da madeira, dentro dos limites normais da espécie. No entanto, na produção de celulose de fibra longa pelos processos mecânicos e semi-mecânicos, a madeira juvenil desta espécie, de baixa densidade, é muitas vezes preferida.

Pinus elliottii se destacou como espécie viável em plantações comerciais para produção de madeira e resina no Brasil. A região ecológica ideal para o seu desenvolvimento coincide, em grande parte, com a de P. taeda. Porém, por ser de ambiente com características mais próximas ao tropical, ele perde em crescimento para P. taeda nas partes mais frias do planalto sulino. Por outro lado, ele pode ser plantado com grande sucesso em ambientes característicos de Cerrado das Regiões Sul e Sudeste, bem como na planície costeira.

Ensaios de campo têm indicado baixa ou nenhuma variação em produtividade ligada ao efeito da procedência de sementes. Assim, a maior parte da variação nessa característica está restrita ao nível individual (de árvore para árvore). Isto simplifica muito os trabalhos de melhoramento genético, uma vez que se pode contar com uma extensa população base para seleção individual.

A madeira juvenil em pínus apresenta muitas características indesejáveis para a produção de peças sólidas e sua presença é inevitável nas toras, pois é a madeira formada inicialmente, nos anéis de crescimento mais próximos à medula. No entanto, a densidade não é a única característica ligada à juvenilidade da madeira. As características dos traqueóides (“fibras”) também se alteram na madeira adulta, em relação à juvenil. Trabalhos de melhoramento genético têm indicado a possibilidade de se aumentar a densidade da madeira juvenil mediante seleção de matrizes. No entanto, mesmo que se consiga aumentar a densidade da madeira através do melhoramento genético, a sua qualidade física e mecânica não chega a se equiparar às qualidades da madeira adulta.

De uma forma geral, o incremento volumétrico de P. elliottii costuma ser menor que de P. taeda. Porém, ele inicia a produção de madeira adulta a partir dos cinco a seis anos de idade, em contraste com 12 a 15 anos em P. taeda. Este pode ser um diferencial muito importante na escolha da espécie para produção de madeira destinada ao processamento mecânico. Isto significa que, em toras da mesma idade, a de P. elliottii contém menor proporção de madeira juvenil e, portanto, será de melhor qualidade física e mecânica do que a tora de P. taeda.

Embora P. elliottii seja amplamente utilizado na fabricação de celulose e papel nos Estados Unidos, o mesmo não ocorre no Brasil. Isso se deve ao custo no processo industrial, por causa do alto teor de resina na madeira. Portanto, o uso de P. elliottii, no Brasil, se limita à produção de madeira para processamento mecânico e extração de resina.

A resina extraída de árvores de P. elliottii possibilitou a criação de uma atividade econômica muito importante no setor florestal que é a produção, processamento e exportação de resina. Dados de 2002 indicam que a produção brasileira, de aproximadamente 100.000 t/ano, representa uma movimentação financeira de US$ 25 milhões. Com isso, o Brasil passou de importador a exportador deste produto. A exploração da resina gera mais de 12.000 empregos diretos no campo, oferecendo uma importante contribuição social que resulta no melhoramento das condições de vida no meio rural. A produtividade média de resina de P. elliottii, no Brasil, em árvores não melhoradas, é de 2 kg/árvore ao ano. Esta característica é, também, de alta herdabilidade e pode ser alterada mediante seleção criteriosa das matrizes. Assim, após mais de uma geração de seleção e reprodução controlada, as árvores geneticamente melhoradas que constituem os povoamentos comerciais de hoje chegam a produzir, em média, 6 kg/árvore ao ano. Isto significa que, mesmo mantendo a mesma extensão das florestas atuais, a produção de resina poderá ser triplicada nas próximas rotações, com o uso de semente geneticamente melhorada, agregando um valor substancial aos povoamentos de P. elliottii.

Pinus palustris é uma das espécies valorizadas como produtora de madeira para processamento mecânico no Sul dos Estados Unidos. Sementes de várias procedências foram introduzidas para o estabelecimento de experimentos no campo no Sul e Sudeste do Brasil. De maneira geral, a produtividade tem sido baixa, além de requerer cuidados especiais na fase inicial de sua implantação. Esta espécie apresenta uma fase de dormência apical (estágio de grama) que pode durar até mais de cinco anos.

Durante esse período, embora o sistema radicular continue crescendo normalmente, a parte aérea da planta tem a aparência de um maço de capim, já que somente as acículas permanecem visíveis. Isto dificulta muito as operações de capina e roçada. Após o período de dormência apical, o broto terminal inicia o alongamento, dando início ao crescimento da planta. Tanto o tempo para o término da dormência apical quanto a rapidez do seu crescimento subseqüente variam amplamente entre árvores. Assim, na fase inicial de desenvolvimento, o povoamento de P. palustris apresenta muitas desigualdades, dificultando as operações de manejo.

Pinus patula é uma espécie de origem mexicana, de grande valor como produtora de madeira de alta resistência e qualidade para processamento mecânico e de alto rendimento em celulose. Uma das características marcantes e úteis para a sua identificação é o formato das acículas que são finas e tenras, dispostas de forma pendente. Ela é cultivada com sucesso em vários países andinos e na África. No Brasil, o seu plantio comercial é restrito aos pontos mais altos do sul de Minas Gerais e no planalto catarinense, em altitudes maiores que 1.000 m. Quando plantada em baixas altitudes, P. patula tende a produzir árvores de estatura média a baixa, com ramos numerosos e mais grossos que o normal. Além disso, nesses ambientes desfavoráveis ao seu crescimento normal, ela torna-se altamente vulnerável ao ataque de insetos desfolhadores.

Através do melhoramento genético, já se tem conseguido desenvolver árvores de boa forma de fuste e ramos mais finos que na geração anterior. Dada a amplitude de variação que se observa, mesmo entre as árvores resultantes de uma geração de seleção, pode-se deduzir que há muito trabalho de melhoramento a ser feito, basicamente seleção criteriosa e reprodução controlada, com resultados promissores para as próximas rotações. Em condições favoráveis ao seu desenvolvimento, P. patula apresenta crescimento em altura maior do que P. elliottii ou P. taeda.

Pinus caribaea é uma espécie que abrange três variedades naturais: caribaea, bahamensis e hondurensis. A variedade hondurensis está entre os pínus tropicais mais plantados no mundo. Isto pode ter relação com a grande amplitude de condições ambientais nas suas origens, na América Central. Sua distribuição natural abrange altitudes desde o nível do mar até 1.000 m, que propicia a geração de variabilidade genética ligada à adaptação a variadas condições ecológicas. Entre as variações geográficas mais importantes estão as procedências litorâneas e as das montanhas, no interior do continente. As litorâneas localizam-se em áreas castigadas, anualmente, por furacões e tempestades tropicais. Assim, o material genético selecionado, naturalmente, ao longo de milênios nesse ambiente, haveria que apresentar maior resistência aos ventos e menor propensão à quebra de fuste do que as procedências do interior do continente.

Essas diferenças ficaram evidentes nos experimentos de campo no Sudeste do Brasil onde, após a ocorrência de ventanias, somente as árvores das procedências litorâneas permaneceram ilesas. No Brasil, esta variedade é plantada exclusivamente na região tropical, visto que não tolera geadas.

A variedade bahamensis, como o nome indica, é proveniente das Ilhas Bahamas. Mesmo sendo originária de locais próximos ao nível do mar, ela tem apresentado bom crescimento no Brasil, tanto ao nível do mar quanto no planalto. Um dos obstáculos para a sua ampla difusão nos plantios comerciais é a dificuldade na produção de sementes. Sua madeira tende a ser mais densa e, portanto, de melhor qualidade física e mecânica do que da variedade hondurensis. Tanto esta quanto a variedade hondurensis são altamente propensas a produzir um padrão de crescimento apical acentuado, sem ramificação, denominado "foxtail" ou rabo-de-raposa, especialmente em regiões de alta precipitação.

A variedade caribaea é proveniente de Cuba e seu crescimento é mais lento que as demais variedades. A forma do seu fuste é exemplar, geralmente muito reta, com ramos numerosos e finos. Esta variedade também apresenta dificuldade na produção de sementes no Brasil.

Pinus oocarpa está entre as espécies de pínus tropicais mais difundidas pelos trópicos. Ela é originária do México e América Central, com distribuição natural mais extensa no sentido noroeste-sudeste entre os pínus da região. O seu habitat natural varia desde clima temperado-seco, com precipitação entre 500 mm e 1.000 mm até subtropical úmido, com precipitação em torno de 3.000 mm anuais. O melhor desempenho desta espécie é obtido no planalto, especialmente no Cerrado, dada a sua tolerância à seca. A sua madeira é moderadamente dura e resistente, de alta qualidade para produção de peças serradas para construções e confecção de chapas. Além de madeira, P. oocarpa, também, produz resina em quantidade viável para extração comercial. Esta espécie produz muitas sementes, o que facilita a expansão dos seus plantios. Em locais de baixa altitude ou na planície costeira, esta espécie apresenta crescimento lento, com má forma de fuste, além de se tornar suscetível a várias doenças.

Pinus maximinoi é uma espécie que ocorre desde o México até a Nicarágua, em altitudes entre 600 m até 2.400 m. Anteriormente era conhecida como P. tenuifolia. Trata-se de uma espécie produtora de madeira de coloração clara, de alta resistência. No Brasil, por estar plantada apenas em caráter experimental, com material genético selvagem, há grande variação na forma e vigor. Porém, com trabalhos básicos de melhoramento genético, grande parte dos defeitos poderá ser eliminada rapidamente. Portanto, esta é mais uma espécie que poderá figurar como opção para a diversificação de espécies em plantios destinados à produção de madeira sólida. Seu crescimento tem sido maior que das demais espécies do gênero, usadas tradicionalmente na silvicultura intensiva, tendendo, inclusive, a produzir alta freqüência de árvores com "foxtail". Uma limitação para o seu plantio no Sul do Brasil é a baixa resistência a geadas.

Pinus greggii é uma espécie mexicana que, em estado natural, se encontra em duas regiões com característica ambientais distintas: 1) Região Norte do México, nos estados de Coahuila e Nuevo León, em altitudes entre 2.300 m até 2.700 m, em solos neutros a alcalinos em ambiente semi-árido com precipitação média anual entre 400 mm e 600 mm; e 2) Região Central, em altitudes entre 1.200 m e 1.800 m, nos estados de San Luís Potosí, Hidalgo e Puebla, em solo ácido e precipitação entre 700 mm e 1.600 mm. Por essas características, fica claro que as procedências do segundo grupo são as mais promissoras para plantios no Sul do Brasil.

Os experimentos instalados em vários locais, no Sul do Brasil, tem demonstrado essa tendência, além de um claro sinal de má adaptabilidade das procedências da Região Norte do México, em forma de árvores de baixo vigor, com acículas mais curtas e rígidas do que nas procedências da Região Central, além de deformações severas no fuste e ramos. Entre as particularidades desta espécie estão a resistência a geadas severas e a precocidade do florescimento. Desde o primeiro ano no campo já podem ser observados estróbilos femininos. Portanto, esta espécie tem grande potencial para geração de híbridos interespecíficos, visando à combinação de suas características favoráveis com as de outras espécies plantadas comercialmente na região. A madeira de P. greggii é amarela pálida e pouco resinosa, tendo sido testada e considerada de alta qualidade para produção de celulose e papel, bem como para madeira sólida. A sua densidade varia de 450 a 550 kg/m3. Dado o grande número de ramos que produz, ela tende a concentrar um grande número de nós na madeira, tornando-a de baixa qualidade para processamento industrial. No aspecto do seu melhoramento genético, o passo inicial seria o estabelecimento de povoamentos comerciais com sementes introduzidas da Região Central do México. A partir dessa base genética, deverão ser selecionadas matrizes para a geração de material genético melhorado, levando-se em conta não somente as características de crescimento e forma mas, também, as características físicas da madeira.

Pinus tecunumanii é uma espécie que ocorre desde o Sul do México até a Nicarágua, podendo atingir mais de 50 m de altura e diâmetro de até 1,20 m. Nas altitudes entre 1.500 m até 2.800 m, são encontrados povoamentos naturais com aparências semelhantes a P. patula. Em altitudes abaixo de 1.500 m, esta espécie apresenta certa semelhança com P. oocarpa e P. caribaea. Várias procedências desta região, como Camélias, Yucul e San Rafael, na Nicarágua, e Mountain Pine Ridge, em Belize, foram confundidas com variações geográficas de P. oocarpa. Suas características, tanto morfológicas quanto de crescimento mais rápido que P. oocarpa, deixaram claro que se tratava de espécie distinta.

As procedências de altitudes maiores que 1.500 m têm apresentado alta suscetibilidade à quebra de fuste pelo vento. Sua madeira é de excelente qualidade, com densidade maior que 0,40 g/cm3 e menor teor de resina do que P. oocarpa, sendo que a madeira adulta começa a ser formada, aproximadamente, a partir de 10 anos de idade. Além disso, a variação interna em densidade da madeira, tanto no sentido medula-casca quanto no sentido longitudinal do tronco é substancialmente menor que em outras espécies como P. patula e P. taeda. A maior homogeneidade nessa característica física confere à madeira melhor qualidade e valor para processamento industrial. No Brasil, esta espécie é de grande valor para plantios comerciais, dada a facilidade da sua adaptação na Região Tropical em diversos países e a baixa incidência de árvores com "foxtail".

O ambiente ideal para o seu desenvolvimento é caracterizado por solos ácidos e argilo-arenosos com pelo menos 40 cm de profundidade, boa drenagem e precipitação de pelo menos 1.000 mm anuais. Estudos realizados com diversas procedências originais, no Cerrado da Região Central do Brasil, demonstraram o maior crescimento nos materiais genéticos oriundos da parte mais meridional da sua área de distribuição natural, de altitudes em torno de 1.000 m. Entre seus pontos fracos, podem ser destacadas a baixa resistência a geadas, a alta suscetibilidade à quebra de fuste pelo vento e a baixa produção de sementes. Porém, esta última característica pode ser solucionada, gradativamente, mediante seleção em favor de matrizes mais prolíficas e pesquisas de campo para localizar ambientes mais favoráveis à sua reprodução. A tendência à quebra de fuste também é um caráter de herdabilidade moderada a alta, o que significa certa facilidade para a correção desse defeito através da seleção de matrizes.

Um aspecto importante sobre esta espécie é que ela pode ser enxertada sobre porta-enxertos de outras espécies como P. caribaea, P. patula, P. elliottii e P. oocarpa. Isso permite a formação de pomares clonais com materiais genéticos selecionados, mesmo que não haja sementes disponíveis da mesma espécie para a formação de porta-enxertos. Esta espécie pode ser cruzada, artificialmente, com várias espécies como P. patula, P. greggii, P. elliottii, P. taeda, P. oocarpa e P. caribaea. O híbrido gerado com esta última tem apresentado crescimento e densidade da madeira maiores do que em ambas as espécies parentais. Isto é muito importante na implementação de programas de silvicultura intensiva baseada em propagação vegetativa massal de híbridos.

Pinus chiapensis é a única espécie do grupo chamado de "pínus brancos" que se adaptou bem no Brasil. Ele é natural do México e América Central, de altitudes entre 150 m e 2.300 m. Seu ambiente natural é caracterizado por precipitações elevadas, variando de 1.300 mm até 3.000 mm anuais. Portanto, supõe-se que não seja tolerante a déficit hídrico. Sua madeira é esbranquiçada, macia e de baixa densidade (gravidade específica entre 0,34 e 0,36). Além disso, a variação na densidade da madeira é mínima, tanto no sentido medula-casca quanto no sentido longitudinal.

A homogeneidade nessa característica física é muito importante para os processos industriais e a madeira muito utilizada na confecção de móveis, molduras e revestimentos interiores. Na sua fase inicial de estabelecimento, esta espécie tem a tendência de produzir fustes múltiplos e hastes com casca fina, muito suscetível a danos mecânicos ou por fogo. Portanto, um trabalho de manejo é fundamental, fazendo-se o raleio para deixar somente um fuste por planta e adotando-se as devidas medidas de proteção. No Brasil, esta espécie tem apresentado rápido crescimento e alta produtividade de madeira na Região Central do estado de São Paulo, na Zona da Mata de Minas Gerais e no norte do Paraná. No entanto, ainda não é plantada comercialmente.

Pinus kesiya é uma espécie de origem asiática com potencial para produção de madeira e resina. Ela engloba o grupo anteriormente chamado de P. insularis, que ocorre na Ilha Mindoro, nas Filipinas, e os grupos chamados P. khasya e P. yunnanensis de países do Sudeste Asiático, parte da China e Índia. Experimentos instalados no Cerrado da Região Central do Brasil tem demonstrado rápido crescimento e intensa produção de sementes. Esta espécie constitui uma alternativa viável para produção de madeira em ambientes tropicais sujeitos a déficit hídrico. Porém, seu manejo requer cuidado especial nos regimes de desrama, visto que ela produz uma grande quantidade de ramificações persistentes desde a base do tronco.

Quando não se dispõe de informação técnica sobre o desempenho de espécies florestais em um ambiente exótico, a melhor orientação a seguir na escolha de espécies e procedências são as analogias climáticas e das características do solo entre os locais de origem e os da região onde se pretende plantar. Várias espécies foram introduzidas no Brasil com base nesse princípio. Porém, quando se busca maior refinamento visando maximizar a produtividade, torna-se essencial um estudo detalhado das variáveis ambientais predominantes nas origens das espécies a serem introduzidas e nos locais de plantio, especialmente quanto aos fatores como temperatura mínima, déficit ou excesso hídricos, profundidade e características químicas do solo. Essas informações, complementadas com dados experimentais que comprovem ou refutem o desempenho esperado das espécies nos variados locais de plantio, possibilitarão uma definição segura quanto às espécies e procedências mais promissoras em cada situação ecológica.

A destinação do material genético apropriado para cada ambiente é essencial para o sucesso dos empreendimentos florestais. Este desafio se aplica, também, na escolha dos genótipos para cada tipo de sítio, visto que, na maioria das espécies, ocorrem interações genótipo-ambiente substanciais. Quando não se leva em conta este aspecto, corre-se o risco de desperdiçar altos investimentos no desenvolvimento ou na aquisição de materiais genéticos melhorados para plantá-los em locais em que não haverá o retorno esperado. Tanto a geração de genótipos superiores quanto a determinação da melhor forma de sua utilização são temas tratados na implementação de programas de melhoramento genético, especificamente para a referida espécie, para a região onde será plantada e para o tipo de matéria-prima desejado.

Na maioria dos plantios de pínus no Brasil, o material genético em uso costuma não ser o mais adequado para o seu propósito nesse local, visto que, na melhor das hipóteses, as sementes ou mudas são provenientes de pomares formados com genótipos selecionados em uma região distante, para atender os requisitos de um segmento industrial distinto. Especialmente em operações florestais envolvendo plantios regulares de pelo menos 200 ha/ano, torna-se indispensável um programa de melhoramento genético, especificamente para atender os seus objetivos.



Jarbas Yukio Shimizu – pesquisador da Embrapa Florestas