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REVISTA DA MADEIRA - EDIÇÃO N°83 - AGOSTO DE 2004

Mercado

Mercado internacional de produtos de madeira sólida de pinus

A maturação dos reflorestamentos de pinus no Brasil implantados durante as décadas de 70 e 80 através do programa de incentivos fiscais, proporcionou um aumento substancial na oferta de madeira no país.

Na realidade, o aumento da oferta de tora de pinus foi um fator indutor ao desenvolvimento da indústria florestal no Brasil, primeiramente a indústria de celulose e papel e, mais recentemente, a indústria de produtos de madeira sólida.

O crescimento da indústria de produtos de madeira sólida brasileira tem superado as expectativas, particularmente quando se trata de pinus. A competitividade do produto brasileiro, aliado ao processo de globalização, ao aumento da demanda internacional e ao fraco desempenho da economia brasileira durante a década de 90 desencadearam uma reorientação da indústria florestal brasileira para o mercado externo.

Ao longo dos últimos anos, o Brasil vem ganhando espaço no mercado internacional de produtos florestais, o qual movimenta anualmente cerca de USD 130 bilhões. No início da década de 90, a participação do Brasil nas exportações mundiais de produtos florestais não ultrapassava 1,7%, passando para quase 4% em 2003. Isso reflete basicamente o forte crescimento das exportações brasileiras. Entre 1991 e 2003, a taxa média de crescimento das exportações brasileiras de produtos florestais foi 10,1% ao ano. As exportações brasileiras de produtos florestais atingiram a cifra recorde de USD 5,5 bilhões em 2003, o que representa 7,5% do montante total exportado pelo Brasil neste mesmo ano.

Os produtos de madeira sólida começaram a ocupar destaque nas exportações brasileiras de produtos florestais a partir de meados dos anos 90. Até então, predominava quase exclusivamente a exportação de celulose e papel. Atualmente, os produtos de madeira contribuem com praticamente metade das exportações brasileiras de produtos florestais.

As exportações brasileiras de produtos de madeira sólida de pinus têm crescido vertiginosamente. As exportações de madeira serrada de pinus, por exemplo, atingiram cerca de 1,6 milhões de m3 em 2003, o que coloca o Brasil em 10o lugar no ranking mundial de exportadores de serrado de coníferas.

No caso de compensado de pinus, o desempenho do Brasil foi ainda mais surpreendente. No início da década de 90, as exportações brasileiras de compensado de pinus não alcançavam 50 mil m3. Já em 2003, o Brasil figurava como o maior exportador mundial de compensado de coníferas, uma vez que o volume exportado atingiu quase 1,5 milhões de m3.

A situação não é diferente se analisada as exportações brasileiras de remanufaturas de madeira de pinus, particularmente molduras e móveis. Até meados dos anos 90, o Brasil não exportava molduras de pinus. Desde então, a indústria brasileira de molduras tem se desenvolvido com extrema competência, destacando-se atualmente como um dos principais supridores do mercado norte-americano com aproximadamente 800 mil m3, de acordo com dados de 2003. No caso dos móveis de madeira sólida de pinus, o desempenho também foi muito positivo, tendo sido alcançado o montante de USD 500 milhões no último ano.

Em curto prazo, as perspectivas para o Brasil no comércio internacional são bastante promissoras. A expectativa é que em 2004 as exportações brasileiras de produtos florestais ultrapassem USD 6 bilhões, alavancadas principalmente pelo forte incremento nas exportações de produtos de madeira sólida de pinus.

No entanto, as perspectivas em médio e longo prazo não são nada animadoras. A reduzida oferta de matéria-prima (tora), particularmente oriunda de floresta plantada, aliada ao forte aumento de preços, evidencia-se atualmente como a principal limitação para ampliar as exportações brasileiras de produtos florestais. Soma-se ainda os problemas crônicos de infra-estrutura existentes no país e o aumento da pressão internacional através de barreiras tarifárias e não-tarifárias sobre o produto brasileiro.

Em que pese as limitações existentes, o setor florestal brasileiro apresenta as condições básicas para ocupar uma posição de destaque muito maior no cenário internacional. Para tanto, é imprescindível que o país utilize suas vantagens comparativas, como por exemplo, a elevada produtividade florestal, para fortalecer sua competitividade.

Dentro deste contexto, os esforços do setor privado devem ser complementados por ações de governo na defesa dos interesses nacionais, convergindo para uma estratégia setorial conjunta para assegurar o suprimento de longo prazo, promover a produção, apoiar o desenvolvimento tecnológico e de recursos humanos, penetrar em novos mercados, defender os interesses comerciais e o livre acesso aos mercados, desenvolver a imagem do produto nacional e, finalmente, aperfeiçoar a inteligência de mercado. Na realidade, o setor florestal brasileiro tem mostrado uma competência única para penetração no mercado internacional e o país possui as condições básicas para aumentar ainda mais sua participação no mercado internacional. No entanto, o limite será estabelecido pelas políticas de governo, as quais, por sua vez, podem favorecer ou restringir o desenvolvimento do setor florestal brasileiro.

Marco Tuoto mtuoto@stcp.com.br

Vitor Afonso Hoeflich hoeflich@cnpf.embrapa.br

Alexandre Higashi Sylvestre sylvestre@stcp.com.br