Para a formação de plantações florestais com alta produtividade é importante que sejam integrados ao processo produtivo os conhecimentos tecnológicos que são gerados por instituições de pesquisas, universidades e especialistas. Aplicar conhecimentos científicos ao processo de produção exige capacitação profissional, treinamento e informações. Seguir algumas regras para a seqüência do plantio pode ser decisivo para uma produtividade satisfatória.
A produção de mudas é o primeiro passo a ser verificado para uma boa produção florestal. Atualmente, são dois os processos básicos para produção de mudas de eucalipto: propagação vegetativa (clones); germinação de sementes
As mudas são propagadas de brotações de clones de eucalipto provenientes de um jardim clonal que se destina exclusivamente à produção de brotos para o viveiro. Existe também a possibilidade de plantios comerciais fornecerem os brotos para propagação. Estas áreas são chamadas comumente de áreas de multiplicação clonal.
O enraizamento ocorre em casas de sombra, onde as estacas permanecem por aproximadamente 35 dias. O substrato é composto basicamente de casca decomposta de eucalipto e vermiculita. Os materiais utilizados (bandejas, tubetes, e outros) devem ser rigorosamente limpos e esterilizados.
Após sair da casa de sombra, as mudas permanecem em viveiros onde recebem irrigação diária, para posterior seleção e classificação. Para a produção de mudas por germinação de sementes, indica-se que as sementes utilizadas sejam provenientes de matrizes de boa qualidade, garantindo a qualidade das mudas.
Podem ser utilizados diversos tipos de substrato e para a cobertura dos recipientes, bem como vários tipos de material como palha de arroz ou vermiculita. Em alguns casos é utilizado um sombrite 50% colocado a uma altura de 10 cm do canteiro até que a muda atinja 2 cm de altura.
Após a semeadura, as mudas devem ser irrigadas abundantemente. Ao atingirem aproximadamente 4 cm, deve-se fazer a repicagem, isto é, selecionar por recipiente as mudas mais vigorosas.
A nutrição das mudas pode ser feita a partir do próprio substrato ou em adubações periódicas, dependendo do substrato utilizado, até que as mudas atinjam aproximadamente 15 cm de altura.
Para a produção de mudas de espécies nativas. A coleta de sementes deve ser feita o ano todo, dada a sazonalidade das diferentes espécies nativas quanto à frutificação. As matrizes devem apresentar boa sanidade e vigor.
Após a coleta, as sementes podem ser beneficiadas (caso necessário), separando-se dos frutos e fazendo a limpeza dos lotes. Dependendo da espécie, as sementes podem ser imediatamente semeadas ou armazenadas em local apropriado para posterior utilização.
O substrato é o mesmo utilizado na produção de mudas de eucalipto.
O período de permanência das mudas no viveiro pode variar de 3 a 12 meses dependendo da espécie.
Plantios
Após o processo de produção das mudas é preciso preparar o solo para receber o plantio de mudas em áreas de reforma (prévia eliminação das cepas rebrotadas, através do uso de herbicidas pós-emergentes) ou implantação.
A operação de sulcamento, baseada no conceito de cultivo mínimo, é realizada com o objetivo de romper possíveis camadas compactadas do solo e facilitar o coveamento e a aplicação de herbicida pré-emergente. Este procedimento garante um rápido pegamento das mudas, maior uniformidade do plantio e o rápido crescimento na fase inicial do plantio.
No coveamento, as covas devem ser feitas, preferencialmente, com 20 cm de largura e 30 cm de profundidade nos espaçamentos desejados (mais comumente, 3,0 x 2,0 m).
É preciso realizar análise de solo para recomendação da calagem e fertilização. A adubação de plantio visa o suprimento de nutrientes na fase inicial de vida da planta, realizada manualmente em mistura na cova de plantio. A adubação em cobertura se aplica apenas em solos de baixíssima fertilidade.
Caso não seja realizada a análise do solo pode-se adicionar à terra retirada da cova o adubo simples na dosagem de 120 g por cova. Recomenda-se misturar bem com a terra e voltar novamente para cova de plantio. Após 40 ou 50 dias do plantio efetua-se a fertilização de cobertura ao redor da mudas, utilizando 100g do adubo 15-00-15.
Logo após o plantio, as mudas plantadas são irrigadas. Dependendo das condições climáticas pós-plantio, irrigações complementares são realizadas. O replantio consiste em replantar / irrigar somente áreas (talhões) que apresentarem índices de falhas iguais ou superiores a 10% (clone) e 15% (semente) para espaçamentos entre mudas inferiores ou iguais a 9 m² por planta. Para espaçamentos superiores, considera-se um índice de falha máximo de 3%, independente do material genético.
Tratos culturais
É muito importante que as mudas plantadas fiquem livres de matos, principalmente no estágio inicial. As principais formas de eliminação do mato são:
Forwarder: equipamento adaptado para aplicação de herbicida, irrigação e combate à incêndios florestais;
Capina química: com aplicação de herbicida;
Pré-plantio: eliminação das ervas infestantes para limpeza da área de plantio através do uso de herbicida pós-emergente liberados para uso florestal, no pré-plantio;
Pós-plantio: intervenções nas áreas plantadas para eliminação das ervas infestantes, através do controle manual, mecânico ou químico, pós-plantio.
Combate à formiga: o combate consiste na eliminação de formigas cortadeiras através da aplicação localizada de isca formicida granulada no formigueiro ativo. O controle é feito com produto à base de sulfluramida, que é um composto químico de baixa toxicidade, classe IV (faixa verde, pouco tóxico) e biodegradável. Repasse a formiga: eliminação das formigas remanescentes do primeiro combate através da aplicação localizada de isca formicida granulada no formigueiro ativo.
Áreas de rebrota: apenas as operações de roçada e redução de brotação são específicas no preparo da área para condução de brotação.
Roçada: Consiste na limpeza prévia da área para facilitar a operação de redução de brotos.
Redução de brotações: Eliminação através de foice, machado ou moto-roçadeira, do excedente de brotos de eucalipto, deixando um único broto selecionado por cepa. Operação realizada entre 8 e 12 meses após o corte, conforme o estágio de desenvolvimento da brotação.
Adubação de Manutenção: realizada após o primeiro ano de plantio em áreas de implantação, reforma, rebrota ou desbaste.
Colheita
A atenção das empresas florestais e consumidores de madeira com relação a colheita florestal sempre foi muito grande por causa da alta representatividade nos custos de produção e elevada demanda de mão de obra. Existem três sistemas de colheita florestal utilizado no Brasil, o manual, o semi-mecanizado e o mecanizado.
No sistema semi-mecanizado é utilizada alguma máquina aliada ao trabalho manual, como, por exemplo, realizar a derrubada e o processamento das árvores em toras utilizando motosserra e proceder o desgalhamento com o uso do machado.
No sistema mecanizado, os feller-bunchers são equipamentos sofisticados (tratores florestais cortadores - acumuladores) que acumulam árvores durante o processo de abate formando pilhas, o que facilita o transporte. Harvesters são máquinas polivalentes auto-propelidas (rodas ou esteira) que são capazes de operarem como cortadoras e processadoras de árvores e também cavaqueamento e/ou transporte de madeira.
O baldeio e o arraste pode ser realizada através de tratores adaptados (auto-carregáveis), ou por máquinas especificas para esta função com Skidder (Arraste) e o Forwarder (baldeio).
Os Forwarders (tratores florestais auto-carregáveis) - oferecem condições ergonômicas favoráveis aos operadores, indicado também em desbastes iniciais (impacto reduzido em relação as demais técnicas). Capacidade de formar pilhas com até 4 metros de altura. Diminui manuseio de toras.
Os Skidders - utilizados para a extração de toras, apareceram em cena durante a década de 60, são veículos versáteis e fortes, fáceis de operar e econômicos. Robustez e facilidade de manutenção os tornam populares nos Estados Unidos, além de poderem trabalhar com uma larga margem de tamanhos de árvores.
O carregamento dos caminhões pode ser executado com tratores adaptados com grua ou com carregadores especiais para a área florestal, como por exemplo, os carregadores florestais.
Transporte
No Brasil quase que a totalidade do transporte de cargas é efetuado por meio de transporte rodoviário, por isto é de grande importância que os equipamentos utilizados apresentem uma tecnologia compatível com suas necessidades.
A madeira utilizada pelos consumidores do Brasil são transportadas traçadas, em árvores inteiras ou em cavacos. No sistema de madeira traçada pode-se transportar a carga longitudinalmente ou transversalmente do caminhão, dependendo do comprimento da madeira utilizada. Este sistema é mais utilizado nas industrias de papel e celulose, pequenos consumidores de madeira, industria de aglomerado, MDF, chapas de fibra, etc.
Já no sistema de árvores inteiras a madeira é transportada no sentido longitudinal do caminhão e é mais utilizado para espécies nativas ou para madeiras exóticas com a finalidade de uso em serraria.
Um outro sistema é o transporte de madeira em forma de cavacos. Este sistema ainda está em estudos no Brasil devido a utilização de máquinas picadoras no campo e a mudança total das carrocerias dos caminhões.
Carroceria simples também é utilizado no Brasil um sistema onde uma só máquina faz as etapas de baldeio, carregamento e transporte de madeira até a fábrica.
Este equipamento fora de estrada é chamado de Timber Hauler. O que torna difícil sua utilização é que esta máquina só pode trafegar em estradas particulares devido a não adaptação do Timber Hauler as leis de tráfego brasileiras em estradas comuns, como por exemplo a sua largura, peso da composição, e outros.
Ao escolher o local para o plantio e cuidados complementares com as áreas de preservação permanente e áreas de reserva legal. A valorização dos recursos hídricos também é muito importante. A preservação e recuperação de matas ciliares, a utilização de sistemas operacionais menos impactantes aos solos, a abertura de estradas de acesso com planejamento e as obras de conservação de solos são alguns dos cuidados que valorizam os recursos hídricos das propriedades.
Fontes: IPEF, Brasil Florestal, Randon Carrocerias, Catterpilar e Aracruz.
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