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REVISTA DA MADEIRA - EDIÇÃO N°81 - JUNHO DE 2004

Mercado - Oriente Médio

Relações comerciais mostram grande potencial

O intercâmbio comercial entre Brasil e os Países Árabes vêm crescendo a cada ano, porém em passos ainda lentos. De janeiro a outubro de 2003, a corrente de comércio brasileira com este bloco econômico atingiu US$ 4,065 bilhões, com saldo positivo para a Liga Árabe em US$ 73 milhões. No mesmo período do ano passado, este número chegou a US$ 3,8 bilhões, um crescimento de 5%. O objetivo é incrementar este intercâmbio, uma vez que o bloco corresponde a somente 3,3% do total exportado pelo Brasil e 5,17% do total importado.

Já para os Emirados Árabes houve uma queda de 13% em relação a 2002. Apesar da redução, o Brasil tem buscado diversificar os produtos comercializados com o país. No caso da importação, a queda foi ainda maior, de US$ 91 milhões comprados em 2002 para US$ 1,3 milhão em 2003, deixando um saldo positivo de US$ 362,886 milhões para o Brasil no acumulado do ano.

Os principais produtos exportados aos Emirados Árabes são óleos brutos de petróleo (25,81%), açúcares de beterraba e sacarose (22,23%) e carnes de galinha em pedaços congelados (12,45%). Também são vendidos óleo de soja refinado, carroceria para veículos automotivos, laminados de ferro, carne bovina, madeira compensada, pneus, elevadores, laranjas, maquinários e peças em geral, café e chocolates.

Entre os principais produtos importados estão acumuladores elétricos (37,61%), uvas secas (16,96%) e rolamentos de esferas de carga radial (10,50%). Outros itens comprados pelo Brasil são cadeados de metal, calças jardineiras, desodorantes, água de colônia, roupas (calças de malha, saias) e bolsas.

Os setores brasileiros considerados com grande potencial para realização de negócios em Dubai são móveis e artigos de decoração, materiais de construção, tratores, veículos de transporte como ônibus e automóveis 4x4, aviões, têxteis e confecções, calçados, software, serviços de automação bancária e predial, cosméticos e produtos de higiene pessoal, fumo, jóias, bijuterias e pedras ornamentais, utensílios domésticos, produtos para pet shop, brinquedos e equipamentos médico-hospitalares, inclusive odontológicos.

As manifestações realizadas no final de 2003, como a visita do presidente da República à Síria, ao Líbano, aos Emirados Árabes Unidos, ao Egito e à Líbia, poderão representar um novo marco das relações econômicas e comerciais com os países árabes. Devemos manter a pauta atual de produtos, ampliando-a com cosméticos, produtos médico-hospitalares, máquinas agrícolas, tratores, caminhões, automóveis e produtos agroindustriais de consumo. Com relação às estimativas, podemos chegar a US$ 3,8 bilhões, segundo o secretário geral e diretor de comércio exterior da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Michel Alaby.



Emirados Árabes Unidos

Uma grande transformação econômica tomou lugar nos EAU desde a formação do Estado com o uso prudente dos recursos petrolíferos. Entretanto, embora gás e petróleo constituam o recurso básico da renda pública, o segredo do atual sucesso da economia tem sido determinado pela perseverança e estratégia do governo em diversificar a economia, tendendo para a criação de novos setores produtivos, combinados com rendas obtidas com investimentos estrangeiros. Isto fez com que a economia dos Emirados consiga manter-se relativamente imune aos efeitos das flutuações dos preços de petróleo. Os EAU é hoje o terceiro maior centro de reexportação no mundo, depois apenas de Hong Kong e Cingapura.

Os EAU têm a terceira maior reserva de petróleo do planeta. Produção de óleo e gás foi o esteio da economia dos Emirados Árabes Unidos e permanecerá como a fonte de renda principal para o futuro. À taxa atual de utilização, e excluindo qualquer descoberta nova, estas reservas continuarão provendo energia aos Emirados Árabes Unidos por mais de 150 anos. Os principais parceiros comerciais dos EAU são Países Árabes, países do Conselho de cooperação do Golfo (CCG), Japão, Estados Unidos, Grã Bretanha, Alemanha, França, Itália, Ásia e Oceania e África do Sul.

O país exportou ano passado US$ 49,6 bilhões, sendo principalmente petróleo cru, gás, produtos petroquímicos, minerais, alumínio, ouro, tâmaras e produtos variados manufaturados. As importações no mesmo ano totalizaram US$ 39,2 bilhões, sendo importados principalmente produtos e bens de consumo, produtos alimentícios, ouro, equipamentos eletro-eletrônicos, equipamentos da indústria pesada, equipamentos de informática e telecomunicação.



Brasil exporta mais para países árabes

As exportações do Brasil para os países árabes cresceram 56% no primeiro trimestre deste ano, se comparado com o mesmo período do ano passado. As importações de produtos árabes subiram 33%. Esses porcentuais engrossaram os argumentos em favor da maior integração entre os mercados do Brasil e de seus sócios do Mercosul com os países do Golfo Pérsico e do Magreb, e reforçaram os sinais já emitidos por Egito e Marrocos de interesse no início de negociação comercial com o bloco sul-americano.

Mas os números não derrubaram o desinteresse brasileiro em aprofundar os primeiros contatos feitos na visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a cinco países árabes, em dezembro: Síria, Líbano, Emirados Árabes, Egito e Líbia. O presidente da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira (CCAB), Paulo Atallah, alerta que o Brasil está atrasado na corrida pelo consumidor e investimentos árabes. No vácuo deixado pelo empresariado dos Estados Unidos, os países da Europa Ocidental estão cada vez mais empenhados na conquista do mercado árabe e ganhando espaços que poderiam ser ocupados pelo Brasil.

Países do Norte da África, como Egito e Marrocos, se movimentam em direção a um acordo comercial com o Mercosul, motivados pelas negociações entre o Mercosul e a União Européia. Ao mesmo tempo, vemos países da Europa cada vez mais interessados em aproximações institucionais e empresariais com os países do Golfo e do Magreb.

Menos entusiasmado com os possíveis resultados práticos da reunião de cúpula América do Sul-Países Árabes, Atallah acredita que governo e empresários brasileiros deveriam trabalhar diretamente o estreitamento de relações com esses países. O Brasil tem de copiar o que os demais países estão fazendo no mundo árabe.

Segundo dados da CCAB, de janeiro a março o Egito se tornou o principal consumidor de produtos brasileiros do mundo árabe: importou US$ 170 milhões, um aumento de 129,7% ante igual período de 2003. Segundo da lista, a Arábia Saudita comprou US$ 160 milhões do País - 14,3% a mais na mesma comparação.

Os Emirados Árabes tiveram recuo de 3,2%, comprando US$ 151 milhões. Mas, neste ano, as exportações de petróleo brasileiro foram de US$ 25 milhões, quando alcançaram US$ 95 milhões em 2003. Isso significa que houve um total de vendas de US$ 70 milhões em produtos brasileiros de outros setores.

As exportações do Brasil para a Argélia saltaram de US$ 25 milhões, de janeiro a março de 2003, para US$ 65 milhões neste ano. Para o Marrocos, o crescimento foi de 50% nas importações de produtos brasileiros, que somaram US$ 96 milhões. O caso da Síria foi mais expressivo: as exportações passaram de US$ 5,5 milhões para US$ 41,5 milhões - salto de 654,5%. Para Atallah, boa parte do aumento pode ter sido escoado pela fronteira da Síria com o Iraque. É uma região com muitas estradas e famílias espalhadas dos dois lados e menos vigiada pelos EUA.

As listas dos 20 principais produtos embarcados pelo Brasil àqueles mercados, não mostra tantas novidades - açúcar, café e automóveis continuam na liderança. A diferença começa a ser notada nas exportações, que variam de US$ 100 mil a US$ 500 mil. Nesse setor, explorado principalmente por pequenas e médias empresas, há itens com alto valor agregado: disjuntores, calçados, móveis.

A Líbia comprou US$ 16,7 milhões em produtos brasileiros no primeiro trimestre, com aumento de 74% ante igual período de 2003. Segundo a CCAB, o Líbano teve crescimento de 50% e somou US$ 18 milhões. A Tunísia passou de US$ 8 milhões para US$ 30 milhões. (O Estado de São Paulo)

O mercado Árabe é composto por Emirados Árabes, Arábia Saudita, Kuwait, Bahrein, Oman, Katar, Irã, Egito, Jordânia, Índia, Síria e Líbano. O grupo recebe cerca de 3% das exportações mundiais, sendo que em alguns deles, como Arábia Saudita, Emirados Árabes e Kuwait, cerca de 85% da demanda é atendida pelas importações.

Atualmente, cerca de 70% das vendas de móveis para esses países são feitas pelos europeus. Os principais fornecedores são, em ordem de importância, Itália, Espanha, França, Alemanha e Reino Unido, todos estes países tiveram crescimento entre 5% e 10 % nas suas exportações para o Oriente Médio nos últimos anos. Atualmente, o Brasil possui grandes oportunidades neste mercado, em virtude da forte aversão aos produtos americanos, pelo mundo árabe. Os brasileiros, ao contrário, são bem quistos pelos árabes.

Com relação aos itens de madeira e móveis existem muitas opções. É em Dubai, nos Emirados Árabes, que se realiza a Feira Internacional de Móveis – Index. Entre os países árabes, a Síria é o que mais compra do Brasil, e lá onde também acontece a Feira de Damasco, dois grandes eventos voltados para o setor de base florestal. O setor florestal brasileiro participa com 2% das importações daquela região, comercializando em média, US$ 150 milhões anuais. Outras importações são oriundas dos Estados Unidos (20%), Grã-Bretanha (13%) e Japão (11%). Os Emirados Árabes e a Arábia Saudita são os principais compradores do Brasil. São países que não compram preço, pagam pela qualidade e diferenciação em design. As madeiras nobres, certificadas ou oriundas de reflorestamento, são preferidas deste mercado. Entre os produtos de maior demanda nos países do Golfo Árabe estão portas, esquadrias, painéis de MDF e aglomerado, móveis e madeira trabalhada.



Árabia Saudita

Àrea: 2.240.000 Km2

Capital: Riad

Membro da: CCASG – Co-operation Council for the Arab States of the Gulf, IDB – Islamic Development Bank, LAS – League of Arab States, OAPEC – Organization of Arab Petroleum Exporting Countries, OIC – Organization of the Islamic Conference, OPEP – Organização dos Países Exportadores de Petróleo.

População: 18.840.000

Taxa de crescimento demográfico: 3,6%

Expectativa média de vida: H-68 e M – 71

Línguas: Árabe

Índice de alfabetização (adultos): 63%

Moeda: Riyal Saudita (US$ 1 = 3,7 riyals)

Relações comerciais exigem observar características regionais

O secretário-geral e diretor de Comércio Exterior da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, Michel Abdo Alaby, destaca a necessidade de observar alguns aspectos da cultura local para aqueles que pretendem desbravar o mercado árabe. Entre algumas dicas estão:

-O empresário árabe privilegia em suas relações comerciais o contato face a face com o interlocutor. Para efetuar compras, o empresário árabe gosta de ver, sentir, tocar o produto e barganhar o preço.

- Em reuniões de negócios não se deve abordar questões religiosas e/ou políticas. O assunto família é tema nas conversas empresariais assim como futebol e cultura geral. Não se deve conversar sobre assuntos que possam constranger o interlocutor. De acordo com a cultura local, as conversações negociais são precedidas de relações interpessoais em que a confiança, a palavra, a continuidade de negócios, a paciência, a perseverança e a idéia de que lucros serão divididos entre os parceiros são condições fundamentais para o êxito das operações comerciais. As informações explicitadas não devem ser entendidas como conclusivas, mas consideradas como idéias básicas para nortear o comportamento do empresário brasileiro. É importante ler mais a respeito, consultando bibliografia especializada.

-Como regra geral, ter listas de preços definidas em dólar ou euro (nas modalidades Incoterms 2000), ter catálogos em inglês e árabe ou francês e árabe, cartões de visitas bilíngües (frente e verso), estar preparado para exercer negociação de preço, negociar com créditos documentários, ter paciência, perseverança e saber justificar com detalhes técnicos a qualidade do produto da empresa. Normalmente, as negociações levam tempo para ser concluídas. Não é do dia para a noite.



Cultura no Oriente Médio

Por definição, os países árabes possuem uma coisa em comum, o idioma árabe. Já a estratégia mercadológica é diferenciada por país ou grupo de países. Do ponto de vista industrial, alguns países têm desenvolvido políticas de fomento à industrialização, principalmente naqueles setores básicos da economia primária ou em setores intensivos de utilização de petróleo.

São 22 os países árabes, a saber: Arábia Saudita, Argélia, Bahrein, Djibuti, Egito, Emirados Árabes Unidos, Ilhas Comores, Iraque, Jordânia, Kuwait, Líbano, Líbia, Marrocos, Mauritânia, Omã, Catar, Síria, Somália, Sudão, Territórios Autônomos da Palestina, Tunísia e Iêmen. Alguns países são membros da Organização Mundial do Comércio, tais como Egito, Argélia, Marrocos e Jordânia. A Arábia Saudita está negociando sua adesão à Organização Mundial do Comércio. No Acordo do SGPC – Sistema Global de Preferências Comerciais, que objetiva promover o comércio via negociações de listas de concessões, com as respectivas margens de preferência, alguns países são signatários, tais como Argélia, Egito, Iraque (temporariamente não atuante), Líbia, Sudão, Jordânia e Tunísia.

Os países da África do Norte, Egito, Argélia, Tunísia e Marrocos, têm preferências comerciais de entrada de seus produtos, principalmente de origem agrícola, na União Européia, com tarifas de importação variando entre 0% e 5%. Os países da Península Arábica (Arábia Saudita, Bahrein, Catar, Omã, Emirados Árabes Unidos e Kuwait) constituíram em 1994 o Conselho de Cooperação Econômica do Golfo, em que a Zona de Livre Comércio está em vigor desde 1999 e a União Aduaneira desde 2003, com tarifa externa comum máxima de 12%. Pretendem até 2007 ter a União Monetária.

Em todos os países árabes a religião predominante é a islâmica, cuja lei prevalece sobre o direito. Existe a “Sharia”, lei religiosa que determina o modo de vida e o comportamento comercial.

O calendário utilizado é o lunar, diferentemente do calendário ocidental gregoriano. As sextas-feiras são consideradas domingos (calendário ocidental). As únicas exceções são a Tunísia e o Líbano, onde se acompanha o calendário ocidental dos fins de semana. Às quintas-feiras, os órgãos públicos e o sistema financeiro trabalham meio período. As festas religiosas são respeitadas ao extremo e nesse período não são recomendadas viagens de negócios. No período do Ramadã, o trabalho é reduzido e os negócios são limitados ao máximo.

O período de férias acompanha o calendário ocidental europeu e americano, principalmente nos meses de julho e agosto, em que os homens de negócios deixam os países e vão passar férias com a família em países árabes da África do Norte, Síria, Líbano e Europa. As temperaturas médias em todos os países árabes no verão chegam a 50ºC. Os negócios se desenvolvem entre os meses de janeiro e junho e de setembro até o dia inicial do mês do Ramadã. A maioria dos países árabes proíbe o consumo de bebidas alcoólicas e carne de porco. Existem exceções, como Tunísia, Marrocos e Líbano. A compra de bebidas destiladas é de exclusividade dos estrangeiros e dos hotéis, porém em alguns países, como a Arábia Saudita, proíbe-se terminantemente o consumo de bebidas alcoólicas.