O processo de finger-jointing (junta através de dedos) surgiu devido à necessidade dos produtores de otimizar a matéria-prima, que antes era simplesmente queimada na caldeira.
Muitas vezes, pequenos pedaços de madeira alocados entre nós ou outros defeitos, podem ser reaproveitados se individualizados e juntados novamente, de onde se pode ainda produzir outros produtos adequados a esta qualidade.
O sarrafo formado tem uma resistência muito grande. Inclusive, se for quebrado o ponto de ruptura tende a ser na madeira ente as juntas, e não na junta em si.
Existem dois tipos principais de juntas: aquela aparente na lateral do sarrafo (onde olhando de cima se verá somente uma risca) e aquela que se tornará visível na superfície aparente do sarrafo (onde olhando de cima se vêm os dentes da junta). Cada um servirá um tipo de mercado e terá suas tecnologias específicas para ser feito.
Os sarrafos cuja junta estará na vertical geralmente são produzidos em linhas de alta capacidade, cujo intuito é obter o máximo de produção, uma vez que o consumidor final estará adquirindo peças de madeira que se reverterão na construção civil (forros, cercas, molduras, etc).
Os sarrafos com a junta aparente, são geralmente destinados a exigentes mercados (principalmente Europeu) consumidores de móveis. Estes mercados são caracterizados pelo estilo onde a madeira é evidente, e o gosto por design diferenciado permite a utilização de recursos como a "desproporção" oferecida pelo finger-joint. Além disso, foca questões ambientais, muito consideradas nos países de primeiro mundo.
Deve-se tomar muita cautela com a qualidade da junta dos sarrafos, pois se deixar pequenos vãos entre os dentes, o material de acabamento (selador/laca/óleo/cera) penetra nestes buracos, tornando a junta "visível demais", indesejada pelos fabricantes. É neste ponto que as diferentes ofertas de equipamentos no mercado se diferenciam e onde o comprador deve dar principal atenção.
Os equipamentos utilizados para a produção de sarrafos juntados com a vista "aparente" se caracterizam pelo sistema de transporte diferenciado, onde em vez de um a um, os blocos são agrupados em uma mesa de trabalho, e a fresagem ocorre durante a passagem da mesa em frente à fresa.
Os dois sistemas oferecem linhas mais ou menos automáticas, que dependerão da necessidade produtiva de cada um.
Apesar de aparentemente simples, este processo exige alta qualidade das máquinas. É importante que apresentem boa robustez, para que vibrações e o constante trabalho não afetem o equipamento, alterando a sua qualidade de acabamento e trazendo manutenção excessiva.
Linhas automáticas para juntas na lateral podem atingir capacidades de até 120 peças juntadas por minuto. A produtividade das linhas que possibilitam o trabalho em ambos os sentidos (lateral e aparente) dependerão das características dos "blocos à serem juntados, e normalmente são expressas em ciclos/min.
Refilo de tábuas
Até hoje no Brasil, esta é uma fase do processo produtivo, que não é considerada como prioritária ao se investir em tecnologia. Em contra-partida, esta é justamente a fase que determinará se o produtor irá recolher mais ou menos madeira, dos troncos que tem disponível.
Das toras que vão para a serraria sairão às tábuas e sarrafos que serão depois enviados às diferentes possibilidades de beneficiamento e uso. Para o desdobramento das toras, existem tecnologias que através da medição ótica ou via feixes de laser, reconstituem a tora em computador. Através de uma combinação de diferentes considerações, a serra corta o tronco em fatias que serão destinadas aos diferentes produtos a serem beneficiados. O acesso à esta tecnologia é presente nas principais feiras do setor, onde principalmente a Europa e EUA se destacam no domínio e oferta destes equipamentos.
O básico, para se trabalhar com uma otimização no refilo, é ter um serra onde as ferramentas de corte se movimentam, de acordo com a instrução de um operador, ou programa. Normalmente, em larguras de trabalho standard (até 1 m de largura), pode se ter até 4 serras móveis.
Existem diferentes formas de se alimentar e otimizar os cortes. A maneira mais simples é ter sobre a multi-serra um par de dispositivos laser, que projetam sobre a tábua um feixe, que auxilia o operador a posicionar a tábua. Um feixe mostrará onde está posicionada a primeira serra (fixa) e o segundo mostrará a movimentação e posicionamento da serra móvel.
Quando posicionada, aciona-se a alimentação e a tábua é refilada de maneira otimizada. Com um dispositivo simples, pode-se ter até 4 serras móveis e um pequeno programa de armazenamento de dados, onde diferentes larguras pré-fixadas podem ser escolhidas, para posicionar as serras e cortando já as larguras desejadas. As serras móveis podem ter fixadas em seus conjuntos outras serras fixas, que irão também cortar a lateral remanescente dentro de larguras também pré-determinadas (ajustadas manualmente sobre o eixo da serra, através de anéis distanciadores).
Além de se posicionar respeitando as larguras pré-determinadas, o operador pode movimentar a serra móvel com espaçamento em mm ou cm. Versões com somente a função de movimentar a serra (sem programa de armazenamento de dados) são disponíveis também. A produtividade oferecida por um conjunto similar ao descrito é em torno de 16-18 tábuas por minuto.
Outra forma mais avançada para otimizar o refilo das tábuas é através de um transportador transversal onde às tábuas passam por uma barreira de lasers, que irão medir sua forma em vários pontos de seu comprimento. A conicidade é definida, permitindo ao computador de reproduzir no programa exatamente a tábua que está sendo trabalhada.
De acordo com a forma, dispositivos especiais posicionarão a tábua de maneira que ela fique alinhada da melhor maneira possível, evitando sobras que não possam ser reaproveitadas.
Respeitando uma lista de medidas de larguras pré-determinadas pela produção, o programa posicionará as serras. Assim o refilo será feito da maneira mais rentável possível; o corte dos sarrafos será feito respeitando as larguras desejadas, de acordo com uma série de possibilidades de otimização (parcial, por qualidade, por valor, por prioridades).
É possível inclusive obter-se o corte com qualidade "glue line", podendo-se colar painéis sem a necessidade de plainar os sarrafos novamente (para isto a tábua terá que estar seca, dentro das condições favoráveis ao processo de colagem de painéis).
O fato das coníferas terem uma base mais larga que a ponta (conicidade), traz diferentes possibilidades de se otimizar o refilo. Pode-se alinhar a tábua pela lateral, ou pelo centro (respeitando o desenho da madeira). Isto é determinado através da programação da máquina, tendo-se as duas possibilidades para serem utilizadas de acordo com a necessidade do momento. Tudo isto pode ser instalado em linha com a serra-fita.
Fonte: Placage |