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REVISTA DA MADEIRA - EDIÇÃO N°80 - ABRIL DE 2004

Mercado - Móveis

Segmento moveleiro aposta nas exportações

Estados Unidos, França, Alemanha e Reino Unido são principais compradores de móveis brasileiros. Estes países são atraídos pela qualidade, desenho e preço

O segmento moveleiro projeta para este ano um incremento de 25% na exportação de seus produtos. A projeção é da Abimóvel - Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário e tem como base o cenário descrito nos últimos dois anos. A visita de estrangeiros, principalmente americanos, interessados nos produtos brasileiros também é um fator estimulante. Em 2003 o mercado moveleiro apresentou um incremento de 23,5% nas exportações, chegando a US$ 661 milhões.

Atualmente, os dormitórios em madeira maciça são os produtos mais procurados pelos maiores compradores do Brasil, que são Estados Unidos, França, Alemanha e Reino Unido. Os principais atrativos dos móveis brasileiros são a qualidade, o desenho dos produtos e, principalmente, o preço. Os estados do Sul lideram a lista dos que mais exportam móveis, sendo Santa Catarina líder, seguido do Rio Grande do Sul, Paraná e São Paulo

Segundo o presidente da Abimóvel, Domingos Rigoni, a certificação ainda não é decisiva no comércio internacional, mas cresce a tendência de produtos certificados a fim de obter maior competitividade.

Entre as maiores dificuldades do setor, principalmente na competitividade externa, está o custo do dinheiro. “É difícil competir porque a aquisição de tecnologia é feita em dólar ou euro e os juros são muito altos”, diz o presidente da Abimóvel. Ele acredita que a retomada do setor moveleiro será lenta nos quatro primeiro meses em 2004, devendo reaquecer após o mês de maio.



Mercado externo

1990 – US$ 36 milhões

2002 – US$ 535 milhões

2003 – US$ 661 milhões

O pólo moveleiro do Paraná deve exportar neste ano pelo menos 50% a mais do que em 2003, o que representa cerca de US$ 90 milhões. Os números e as expectativas de comercialização são do Promóvel (Programa Brasileiro de Incremento à Exportação de Móveis), uma iniciativa da Abimóvel e que conta com a parceria da APEX (Agência de Promoção às Exportações).

Alguns mercados começam a despertar como alternativos e promissores. As exportações brasileiras de móveis para os Emirados Árabes atingiram US$ 3 milhões em 2003 (26% a mais do que o comercializado em 2002). A meta do setor é aumentar em 100% as vendas para todos os países árabes em 2004.

Desde março, os exportadores brasileiros de móveis podem contar com o Centro de Distribuição de Jabel Alli, na região de Dubai, nos Emirados Árabes. O local, de 500 metros quadrados, está projetado para atender às necessidades de 15 pequenas e médias exportadoras do setor.

No médio prazo, a estrutura deverá ser usada por 20 indústrias. "O centro é um local de apoio. Os produtos que ficarão lá servirão como amostra ou pronta entrega", disse o diretor executivo do Promóvel, Pedro Paulo Pamplona.

Outro mercado que deve ter incremento significativo é o americano.

A expectativa do segmento é de que as exportações para os Estados Unidos saltem para US$ 1 bilhão antes de 2007. A projeção está relacionada com o espaço que o móvel brasileiro vem conquistando no mercado externo por ter melhorado design e acabamento.

As ações de promoção também que chamam a atenção de compradores estrangeiros de grandes redes de móvel contemporâneo, especialmente os Estados Unidos. Deste mercado um grupo de dez compradores e quatro jornalistas americanos estiveram no Brasil, recentemente, para um roteiro que incluiu visitas a feiras, fábricas de móveis e shoppings de decoração.



Recuo interno

Apesar das exportações terem crescido as vendas internas recuaram. Em 2002 o segmento moveleiro comercializou R$ 10, 35 bilhões. No entanto, em 2003 este número encolheu para R$ 8,8 bilhões.

Mesmo com o incremento das exportações, a Indústria moveleira fechou 2003 com ociosidade de 40% da produção e 15% menos vendas no mercado interno em comparação a 2002.

Para o superintendente da Abimóvel, Miguel Sanchez, “o setor precisa vencer regionalidades para o ganho de todos”. Ele cita o Fórum de Competitividade de Madeira e Móveis como alternativa para projetar o segmento moveleiro ao mercado. Sanchez observa, ainda, que o setor demonstra necessidade de informações, as quais podem ser fornecidas pela Abimóvel.

No Brasil, 60% do faturamento do segmento moveleiro refere-se a móveis residenciais, 25% móveis de escritório e 15% móveis institucionais, escolares, médico-hospitalares, móveis para restaurantes, hotéis e similares.

As lojas de móveis para escritórios tiveram aumento de 30%, em média, no volume de vendas no primeiro bimestre deste ano. Já as vendas de móveis residenciais, na maioria das lojas não apresentaram bom desempenho. O varejo de móveis ao todo comprou da indústria cerca de R$ 8,8 bilhões em 2003, conforme dados da Abimóvel.

Embora o cenário aponte dificuldades, devido ao baixo poder aquisitivo da população nacional, a Abimóvel prevê um incremento de 20% no comércio de móveis para 2004.

Com relação a matéria-prima, o presidente da Abimóvel explica que apesar da escassez de madeira existe suprimento para dar conta da evolução prevista. No entanto, ele afirma que existe a necessidade dos investimentos em reflorestamento seguirem o mesmo ritmo do crescimento comercial da indústria.

Um diferencial competitivo importante para alcançar as metas é o design. Desde a abertura da economia, em 1990, começou a evolução tecnológica e a conseqüente evolução nas exportações. Paralela a aquisição de novas tecnologias está a inserção da cultura do design nos produtos brasileiros, que ainda é embrionária, mas tende a evoluir gradativamente. De acordo com a Abimóvel existem profissionais disponíveis especializados em design, porém falta às empresas, cultura exportadora e capital para investir em novas tecnologias.

O design do Brasil está na moda e vem atraindo importadores de origens bem diferentes. Foi o que se viu no 5º Salão do Móvel Brasil. O evento reuniu 172 expositores em Gramado (RS) entre expositores de móveis e objetos de decoração que investem em design próprio.

O setor faturou R$ 8,8 bilhões no ano passado. As exportações por sua vez, atingiram US$ 661,5 milhões, cerca de 23,5% a mais do que em 2002. Para 2004, há uma expectativa de expansão de 15%, o que vai equilibrar o resultado negativo do ano passado, quando as perdas chegaram a 10% do faturamento de 2002.

Para aperfeiçoar o design, a entidade mantém centros de desenvolvimento e criação em sete dos principais pólos moveleiros do país: Ubá (MG), Arapongas (PR), Bento Gonçalves (RS), Linhares (ES), Mirassol (SP), Votuporanga (SP) e São Bento do Sul (SC). No segundo semestre, a entidade pretende realizar um curso de aperfeiçoamento avançado na Itália, enviando para o país cerca de 20 profissionais de design.



Soluções para o setor

A Abimóvel reivindicou ao governo um financiamento especial para os compradores de móvel. O projeto consiste em desenvolver um plano de financiamento junto ao setor de construção civil, destinando percentual a aquisição de móveis. Para Rigoni esta é uma forma de aumentar a produção e o conseqüente incremento no número de empregos no setor, que hoje conta com 300 mil pessoas. A solicitação foi feita ao Ministro de Estado do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, em outubro de 2003 e ainda não houve solução definitiva.

O ministro Furlan afirmou no início deste ano que o governo estaria estudando medidas de apoio à compra de móveis, nas mesmas condições que beneficiaram as vendas de eletrodomésticos.

A exemplo do que ocorreu com a linha branca, de eletrodomésticos, o consumidor poderá ter crédito subsidiado pelo governo para compras de móveis. A idéia é lançar o crédito com juros mais baixos que os de mercado (algo em torno de 2,5% ao mês), que possam atrair principalmente pessoas de baixa renda. A linha de crédito subsidiada para atender as classes mais baixas deve ter parcelamentos em longo prazo (24 a 36 meses).

A Abimóvel manifestou, também, junto ao Governo Federal e aos fabricantes de matérias-primas, a preocupação do setor moveleiro com o anúncio do aumento nos preços dos insumos destinados à indústria de móveis, efeito direto do COFINS (Contribuição para Financiamento da Seguridade Social).

Em carta endereçada ao ministro Furlan, o presidente da Abimóvel solicita alternativas que minimizem os repasses praticados, principalmente pelas indústrias que fabricam painéis de madeira. Reivindica ainda, a busca de soluções para driblar o problema em questão, sem que a carga tributária sofra novos reajustes.



Mercado mundial de móveis

Produção - US$ 200 bilhões – crescimento de 4% ao ano

Comércio – US$ 53 bilhões/ano

Consumo per capita/ano – US$ 43 bilhões (US$ 9 bilhões para países emergente e US$ 169 países desenvolvidos)