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REVISTA DA MADEIRA - EDIÇÃO N°80 - ABRIL DE 2004

Mercado - EUA

Estados Unidos aposta em novos mercados para madeira

A América Latina possui a maior parte dos bosques de madeiras duras do mundo (37%). Os Estados Unidos possuem apenas 8%. No entanto, os americanos são os maiores produtores mundiais de madeiras duras em tronco (24%), enquanto a América Latina produz apenas 14%. Isso ocorre porque os norte americanos aproveitam grande parte de suas florestas para fazer manejo sustentado, ao contrário dos países latinos. Na lista das maiores florestas do mundo, o continente asiático possui 20%, a África 13%, Rússia 12%, Canadá 5% e Europa apenas 4%. E, mesmo com a terceira menor floresta do mundo os Estados Unidos conseguem um aproveitamento mais significativo devido ao manejo.

A maior parte das florestas americanas são de propriedades privadas (59%), outros 17% são bosques nacionais; 14% pertencem a indústria florestal e apenas cerca de 10% são florestas públicas. Isto significa que o setor florestal americano é articulado por empresários do setor que não esperam iniciativas governamentais. Por se tratar de um país desenvolvido estas iniciativas são muito mais viáveis que em países em desenvolvimento, onde o capital e a tecnologia de ponto não são acessíveis. A produção anual de madeiras duras norte-americanas é de 32 milhões de m3, devendo chegar a 36 milhões de m3 em 2010.

O diretor da AHEC - American Hardwood Export Concil, de Washington, Mike Snow, afirma que apesar de não terem grandes áreas florestais, os Estados Unidos possuem potencial para incrementar a oferta de madeiras duras. Ele explica que ao manejar as florestas os produtores americanos deixam uma reserva de cerca de 10% das florestas selecionadas para manejo, como precaução no caso de incremento da demanda. O mercado americano importa apenas cerca de 3% de sua produção. As principais espécies importadas são o álamo tremedor do Canadá para produtos de baixo preço e madeiras de lei tropicais como teca e o mogno para fins especiais.

Como forma de divulgar as espécies e o potencial da indústria madeireira do Estados Unidos, a AHEC – American Hardwood Export Council - principal entidade de promoção da madeira norte americana realizou um seminário no dia 16 de março, em Curitiba. O encontro reuniu cerca de 140 empresários do setor e debateu o mercado de madeiras entre Brasil e Estados Unidos. Os principais assuntos abordados nas palestras foram: Os recursos florestais americanos e espécies de madeira americana; Classificação de qualidade para madeiras duras; Consumo e mercado brasileiro de madeira; Projeção do móvel brasileiro no mercado mundial; O móvel brasileiro no conceito de design mundial e a Globalização na produção de móveis.

O mercado brasileiro de produtos de madeira sólida foi um dos assuntos abordados no seminário. De acordo com Marco Tuoto, representante da Abimci, o PIB brasileiro cresceu em média 5% ao ano nos últimos 50 anos. O setor florestal participa com 4% do PIB. O Brasil possui 245 milhões de hectares de florestas nativas, com estoque de 14 milhões de m³. O rendimento sustentado é de 367 mil/m³/ano.

As florestas plantadas correspondem a 4,9 milhões de hectares, com estoque de 775 mil m³ e rendimento sustentado de 113 mil/m³/ano. A taxa de consumo de madeiras plantadas no Brasil cresce cerca de 6,6% ao ano. Já, para o consumo de nativas o incremento é de apenas 2,2%, totalizando um crescimento médio de 5,1%.

Entre as tendências apontadas para o setor está o incremento das madeiras plantadas, considerando as limitações no suprimento de madeiras nativas. A preocupação ambiental ganha ênfase, assim a certificação florestal deve ser crescente. Produtos com maior valor agregado são tendência para o comércio internacional.



Potencial Americano

Ganhos em produtividade e qualidade tem sido uma das prioridades de toda a indústria. E como forma de orientar este objetivo a AHEC vem se empenhando em levar informações adequadas a toda a cadeia produtiva, que inclui o importador.

O diretor para a América Latina da AHEC, Luiz Zertuche, observa que a entidade norte americana tem como objetivo preparar programas de promoção e orientação comercial das madeiras duras dos Estados Unidos nos mais diversos mercados mundiais. Esta orientação concentra-se nos usuários das madeiras duras norte-americanas em outros países, auxiliando na tomada de decisões corretas em função de melhorias dos materiais, maior eficiência e competitividade, reduzir custos de produção, menor desperdício e maior rendimento.

Entre as espécies norte-americanas mais comercializadas no exterior estão o “Encino Vermelho”, “Poplar”, “Mable”, “Alder” e “Encino Branco”, comercializadas na forma de madeira serrada, chapas, componentes para móveis, pisos e molduras.



Aumento de Produtividade

Os madeireiros dos Estados Unidos obtém hoje, por tora, praticamente o dobro de madeira serrada e outros produtos que produziam em 1940. O diretor da AHEC de Washington, Mike Snow, destaca que quase toda a indústria madeireira norte –americana está hoje informatizada, com o aumento de produtos compostos a base de madeira.

Outros fatores tem influenciado no aumento da produtividade como a redução das perdas por incêndios e a melhoria das práticas de gestão florestal. No início de século passado, por volta de 1900, os incêndios florestais destruíam cerca de 20 milhões de acres por ano. Em 2000 esta área estava reduzida a 2 milhões de acres por ano.

Como uma das regras para a sustentabilidade, Mike Snow enfatiza a utilização responsável dos recursos florestais. Tem que ser criada demanda para todas as espécies; tem que se utilizar todas as qualidade e incorporar a “marcas de caráter”; e tem que se comprar madeira de recursos sustentáveis e legais.

Em 2003 as exportações dos Estados Unidos de madeiras duras chegaram a US$ 2,9 bilhões, sendo que deste total cerca de US$ 2,2 bilhões são de produtos de madeira com maior valor agregado.



Valor Agregado

O aumento no volume das exportações de produtos de madeira com maior valor agregado tem se mostrado a grande tendência dos produtos norte americanos. Esta constatação é reforçada por Bill Altman presidente da Associação dos Produtos de Compensado e Lâminas de Madeiras Duras dos Estados Unidos (HPVA), que confirma os grandes investimentos das empresas em modernização fabril e pesquisa tecnológica.

A HPVA é uma associação criada em 1921 e que representa os interesses dos produtos de compensado, lâminas e pisos engenheirados de madeiras duras norte-americanas. As companhias associadas ( no total são mais de 200 empresas) produzem 90% do compensado de madeiras duras e 95% das lâminas produzidas nos Estados Unidos.