O processo de transformação da madeira em novos produtos abrange diferentes etapas e atinge distintos setores industriais, como os de serrarias, laminadoras e fabricantes de compensados, aglomerados e chapas de fibras e outros painéis.
Na serraria, onde as peças ganham definição nos quatro lados, é importante que as instalações e equipamentos estejam adequados ao porte e ao tipo de matéria-prima a ser processada. A produção de uma serraria está diretamente relacionada ao número e ao tamanho do equipamento utilizado, e seu rendimento está baseado no aproveitamento total da tora. Para toras com diâmetro acima de 60cm, por exemplo, o aproveitamento é de cerca de 60%. No caso de toras mais finas, com diâmetro entre 20cm e 40cm, essa cifra abaixa para aproximadamente 40%. Tais índices são válidos para serrarias orientadas para a produção de madeiras com comprimentos comerciais, isto é, acima de 4 cm. Nas serrarias voltadas para a produção de madeiras mais curtas, a partir de 50cm de comprimento, o volume aproveitado é superior a 60%.
As operações pelas quais a tora passa para gerar os diversos produtos fabricados nesse setor dependem exclusivamente de seu uso final. As principais operações realizadas na maioria das serrarias, independente do porte incluem desdobro, retirada de constaneiras, esquadrejamento e destopo das tábuas.
Quando o produto exige beneficiamento, serão incluídos o plainamento, o molduramento e o torneamento das peças serradas. Além dessas operações, a secagem da madeira é imprescindível e deve ocorrer ao ar livre ou em diferentes tipos de estufa.
Na produção o equipamento de desdobro corta ou serra a tora no sentido do comprimento, de uma extremidade a outra, retirando suas costaneiras de uma lateral para depois gerar mais peças, dependendo do tipo e do número de serras utilizadas e do produto que irá resultar. Depois, as peças passam pela canteadeira (ou refiladeira) para que as outras laterais sejam cortadas.
Quando se quer obter um bloco de madeira maciça de forma prismática, conhecido como tora quadrada ou quadrado de madeira, o desdobro é dispensado, sendo necessária apenas a retirada das costaneiras em toda a extensão da tora. O esquadrejamento, por sua vez, dá forma regular a cada peça de madeira serrada, deixando todas as quinas com ângulos retos.
O destopo corta os eventuais defeitos e os topos das peças que não estão perpendiculares. Dependendo do produto que se queira obter, as peças de madeira podem passar por vários outros equipamentos, que reduzirá em tamanho.
Beneficiamento
Consiste no processamento das peças de madeira serrada para dar-lhes melhor acabamento, o que aumenta seu valor comercial. O aplainamento, por exemplo, tira as sobre medidas e as irregularidades da peça serrada, deixando-a com superfície lisa. O molduramento faz cortes de encaixe – sistema macho-fêmea – no comprimento de peças como forros, lambris, tacos para assoalho, batentes de porta, entre outros. O torneamento é a operação destinada a deixar as peças com forma arredondada, como é o caso de pés de mesas e cadeiras.
Secagem
A secagem é necessária quando a árvore é derrubada. Assim, em qualquer lugar que fique alojada, a madeira perde a umidade, até atingir o ponto de equilíbrio com o meio ambiente. Essa secagem natural, ao ar livre e na sombra, é um processo bem lento, mas provoca menos rachaduras nas madeiras. Em geral, leva cerca de seis meses para que atinja o ponto de equilíbrio, dependendo da região e da estação do ano. Por isso, se torna inviável em empresas que dependem de alta produtividade.
A secagem em estufas é realizada com o objetivo de acelerar esse processo em função da demanda do mercado. Existem vários sistemas de secagem artificial. Entre os mais adotados nas serrarias está a ventilação forçada, a secagem a baixa e alta temperatura e as estufas convencionais.
A ventilação forçada consiste basicamente em empilhar as madeiras umas sobre as outras, mas separadas por tabiques, dispondo ventiladores de um lado da pilha para que o ar circule entre elas.
A secagem a baixa temperatura, ou desumidificação, é feita em uma câmara cuja temperatura raramente atinge os 45ºC, de onde se retira a umidade da madeira por condensação, através de uma bomba de calor.
A secagem a alta temperatura é realizada em câmara aquecida por caldeiras, até atingir entre 120ºC e 130ºC. As peças de madeira são empilhadas no interior da câmara por tabiques, de forma a permitir a passagem rápida do vapor entre elas. Esse processo faz com que a madeira atinja o teor de umidade desejado em apenas um dia, mas altera a cor superficial da madeira .
A secagem convencional é a mais utilizada nas serrarias de folhosas e nas indústrias de móveis. O sistema de funcionamento é basicamente semelhante ao anterior mas, opera a uma temperatura variável entre 80ºC e 90ºC.
Madeira serrada
O setor de madeira serrada é o que possui a maior diversidade de produtos: pranchas, pranchões, blocos, tábuas, caibros, vigas, sarrafos, pontaletes, ripas e outros.
As pranchas e os pranchões são originados de toras de alto valor comercial, como mogno, cerejeira e freijó. Os blocos, também chamados quadrados, podem ser obtidos de madeiras de maior ou menor qualidade. No primeiro caso, são destinados à produção de lâminas e tábuas para a fabricação de móveis finos. No segundo, são empregados na produção de tábuas em geral, vigas, caibros e ripas.
No desdobro, a tora sofre cortes longitudinais, resultando numa peça com duas faces paralelas entre si, mas com cantos irregulares e com casca.
A prancha deve apresentar espessura de 4cm a 7cm e largura maior de 20cm. O comprimento é variável. Já o pranchão deve apresentar espessura maior de 7cm e largura superior a 20cm. O comprimento também é variável. No bloco, a tora é serrada em todo o seu comprimento, resultando numa peça maciça quase quadrada, que mantém o máximo do diâmetro da tora.
Das tábuas, derivam quase todas as outras peças de madeira serrada por redução de tamanho. Apresentam-se na forma retangular, com espessura entre 1 cm e 4cm, largura sempre superiro a 10cm e comprimento variável de acordo com encomenda. Esses produtos são gerados a partir de toras, pranchas , pranchões e blocos. Atualmente, o pinus e o eucalipto também vem sendo utilizados na produção de tábuas, de médias e pequenas dimensões, em serrarias localizadas nos estados onde há grande concentração de reflorestamentos.
Os caibros, as ripas e os sarrafos têm múltiplas aplicações tanto na construção civil como na fabricação de móveis. Os quadradinhos são variações do sarrafo, com menores dimensões, utilizados geralmente na fabricação de cabos de vassoura e painéis.
Os tacos, também chamados parquetes, são peças dispostas geometricamente no chão, de maneira a formar figuras e desenhos aproveitando-se sua coloração. Considerados um subproduto da serraria, devido a suas pequenas dimensões, os tacos são fabricados a partir de madeiras tropicais duras, como o ipê e o roxinho, para resistir ao desgaste causado pelo trânsito de pessoas. Os tacos mais comuns têm 21cm de comprimento, 7 cm de largura e 1,7cm de espessura.
O painel compensado é composto de várias camadas de lâminas torneadas, unidas uma perpendicularmente à outra com adesivo ou cola, sempre em número ímpar, de tal forma que algumas propriedades físicas e mecânicas se tornem superiores às de madeira original (a contração, por exemplo, é quase totalmente eliminada).
Nesses painéis, com espessura variável entre 3mm x 35mm ou mais, as dimensões mais comuns são: 2,10m x 1,60m, 2,20m x 1.10m e 2,44m x 1,22m.
Os maiores consumidores de compensados são os fabricantes de móveis e os consumidores civis. O valor desse produto varia de acordo com as espécies e a cola utilizadas, com a qualidade das faces e com o número de lâminas que o compõe.
Os painéis aglomerados são fabricados de partículas de madeira aglutinadas com aplicação de cola, calor e pressão. Esses produtos estão classificados em três tipos, segundo sua densidade: baixa, média e alta. Às vezes, esses painéis, também chamados de chapas, são recobertos de papéis, plásticos ou lâminas de madeiras finas.
Para a produção de painéis ou chapas de fibra, que se apresentam no Brasil com vários nomes comercias, a madeira é totalmente desintegrada em seus elementos constituintes, reduzindo-se a fibras. A massa resultante é posteriormente prensada a quente.
O MDF é um tipo de painel elaborado a partir de fibras de madeira, aglutinados por resinas sintéticas sob pressão e temperatura, com densidade de 0.50 a 0,80 g/cm³, destinados principalmente à indústria moveleira. Prestam-se a vários acabamentos superficiais e usinagem de borda, apresentando resultados muito bons.
Os painéis combinados são compostos por um miolo de sarrafos, quadradinhos, tábuas ou ripas coladas em diferentes disposições; esse miolo é revestido em uma ou ambas as faces por lâminas de madeira, painéis aglomerados ou compensados. A vantagem desse produto é seu peso reduzido, pois, em geral, o miolo é feito com madeiras moles e leves. Sua resistência e estabilidade dimensional são boas. Às vezes, esses produtos passam por um tratamento superficial, que os plastifica com filmes termossensíveis, melhorando sua aparência e aumentando sua resistência à água e a outros produtos.
Esses painéis normalmente são usados para fabricação de móveis, portas, divisórias ou como isolantes térmicos e acústicos. Em geral são produzidos na própria indústria de compensados, que dispõe de matéria-prima necessária para fabricá-los.
As portas possuem maior valor comercial quando a matéria-prima utilizada na sua formação são madeiras maciças decorativas de boa qualidade, posteriormente entalhadas, ou quando recebem revestimento de lâminas de madeiras nobres.
Os produtos mais populares, de menor qualidade, abrangem maior diversidade em seu processamento, podendo originar-se de madeiras de baixo valor comercial, ou de uma mistura de espécies com diferentes colorações, ou ainda não serem de madeira maciça, revestidos por painéis de fibra ou aglomerados. As janelas e venezianas são fabricadas geralmente com madeira maciça, alcançando maior valor as originadas de espécies finas. |