Ao lado de China, Rússia e África do Sul, a Índia compõe o bloco de nações selecionadas pelo governo brasileiro como estratégicas no campo comercial. Não é para menos. Quinta maior economia mundial, com PIB de U$S 450 bilhões e crescimento médio anual de 6,8%, a Índia é o segundo país mais populoso, com 1 bilhão de habitantes. Apesar da maior parte da população viver na pobreza, cerca de 25% do povo indiano – 225 milhões de pessoas – são de classe média. Um universo de consumidores maior que a população inteira do Brasil, o que representa uma oportunidade promissora para o setor.
Em janeiro deste ano o Brasil e os demais países do Mercosul firmaram um acordo tarifário com a Índia que, segundo o ministério das Relações Exteriores, é o primeiro passo para a formação de uma zona de livre comércio com o gigante asiático. O acordo preferencial de tarifas fixas com o governo indiano, visa o comércio de mais de 1,7 mil produtos a partir do próximo semestre. Ainda não foi divulgada a lista dos produtos, mas, estudos da Direção-Geral de Promoção Comercial do Itamaraty identificaram os setores mais promissores para participar do acordo comercial e o setor madeireiro está incluído, a princípio com a celulose.
A iniciativa sinaliza uma futura recuperação econômica da Índia, a exemplo do que vem ocorrendo na China. Com a segunda maior população mundial, o país aumentará o consumo, inclusive de produtos florestais e a parceria para o comércio bilateral representa uma oportunidade promissora para o setor.
O governo brasileiro também firmou vários acordos de cooperação bilateral com a Índia que prevêem atividades conjuntas de pesquisa espacial, incremento do turismo e intercâmbio artístico-cultural e anunciou para breve a assinatura de outros programas de intercâmbio nas áreas de agricultura, ciência e tecnologia, educação, saúde, segurança alimentar e desenvolvimento agrário.
Mercosul e Índia vão negociar nos próximos meses a lista de produtos que serão beneficiados pelo acordo de tarifas fixas e menores. A expectativa é de que as negociações terminem até junho e que o acordo passe a ser implementado gradualmente a partir do próximo semestre.
Na reunião com o governo indiano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ressaltou que o intercâmbio entre Brasil e Índia pode render avanços fundamentais para a sobrevivência de ambos os países no contexto global.
Em visita recente a Índia Lula lançou um desafio aos empresários brasileiros em um seminário promovido pela Confederação das Indústrias Indianas (CII) em Nova Délhi. “Está na hora de os empresários brasileiros começarem a garimpar espaços econômicos e a vender seus produtos em outras partes do mundo”, disse Lula. “É preciso parar de reclamar e vender mais”.
Na opinião de Lula, os empresários brasileiros precisam ter mais criatividade, mais ousadia e perder o medo de se transformarem em empresários multinacionais. “Nós temos de ir à luta, procurar nossos parceiros e fazer os negócios que precisam ser feitos”, afirmou Lula.
O presidente ressaltou que os empresários indianos já abriram um escritório comercial no Brasil para explorar as oportunidades de negócio e que o mesmo precisa ser feito pelos brasileiros. Ele também frisou que o Brasil terá um pavilhão de 5 mil metros na Exposição Internacional de Nova Délhi em novembro para os empresários brasileiros mostrarem seus produtos.
Lula disse estar convencido de que Brasil e Índia não atingiram ainda nem 10% do que podem alcançar nas relações comerciais e que a distância geográfica entre os dois países não é um obstáculo. As informações são da Agência Brasil.
Potencial
A Índia possui a segunda maior população do mundo. Este vasto país apresenta uma variedade extraordinária de paisagens, climas e recursos naturais. O Himalaia, ao norte, é a cadeia de montanhas mais elevada do planeta, com diversos picos com altura superior a 6.000 metros de altitude. As reservas de água são abundantes por toda a região e o clima é quente. Ao sul da Índia, encontra-se a planície Indo-Gangética, que se estende por cerca de 2.500 km no sentido leste-oeste, sendo cortada pelos rios Indo, Ganges e Brahmaputra.
A região é uma das mais férteis do mundo, apesar das constantes inundações e das fortes secas quando não ocorrem as chuvas de monções, entre junho e setembro. Arroz, trigo, algodão, juta, fumo e açúcar são os principais cultivos, embora 70% da população sobreviva da agricultura de subsistência. O país ainda conta com imensas reservas naturais de madeira, carvão, minério de ferro, níquel e petróleo, este último retirado do próprio Oceano Índico. A indústria leve e manufatureira tem se expandido muito nos últimos anos. O turismo é uma fonte cada vez mais rentável de divisas à população que ainda sofre muito com a miséria conseqüente à antiga ocupação inglesa na região.
Um dos países de maior diversidade étnica do mundo, a Índia abriga inúmeras castas e tribos, uma multiplicidade de religiões e seitas e centenas de grupos lingüísticos grandes e pequenos, pertencentes a famílias totalmente diferentes. As tentativas de fomentar o espírito de nacionalidade em tão variada população esbarram quase sempre nas tensões entre grupos vizinhos, que com freqüência explodem em reações violentas.
A Índia localiza-se no sul da Ásia e ocupa quase todo o subcontinente indiano, com uma superfície de 3.165.596km2. Está separada do resto da Ásia pela cordilheira do Himalaia. Limita-se ao norte com China, Nepal e Butã; a noroeste, com o Paquistão; a leste, com Myanmar (ex-Birmânia) e o golfo de Bengala; ao sul com o oceano Índico; e a oeste com o mar da Arábia. Bangladesh forma um encrave, dentro da Índia, limitado pelos estados indianos de Bengala Ocidental, Assam, Meghalaya e Tripura, e com o território de Mizoram.
Cultura
Poucos países do mundo podem orgulhar-se de uma herança artística do porte da indiana, desenvolvida ao longo de mais de quatro milênios, e que abrange manifestações múltiplas, da pintura rupestre à arte popular e às modernas expressões, em todos os campos. Assim, as artes plásticas e a arquitetura, por exemplo, abrangem um período vastíssimo, que vai do quarto milênio antes da era cristã até a época contemporânea, com influências religiosas diversas, como o hinduísmo, o budismo e o islamismo, e modernamente com a cultura britânica. Entretanto, em nenhuma outra arte os indianos conseguiram uma síntese tão completa entre a mais ampla liberdade e a mais rígida disciplina como na música, elemento essencial na vida do país e do indivíduo, expressão de seu mundo espiritual e de seus valores humanos e resultado da fusão de vários povos, ao longo de seis mil anos de história.
As várias filosofias indianas contêm uma tal diversidade de pontos de vista, teorias e sistemas que é quase impossível arrolar características comuns a todas. A aceitação da autoridade dos Vedas caracteriza todos os sistemas ortodoxos (astika), mas não os heterodoxos (nastika), como o Carvaka (materialismo radical), o budismo e o jainismo. Além disso, mesmo quando os filósofos alegam fidelidade aos Vedas, tal fidelidade não restringe a liberdade com que elaboram suas especulações.
Na verdade, essa alegada obediência à autoridade dos Vedas serve para tornar seus pontos de vista mais aceitáveis pelos ortodoxos, sobretudo quando se trata de apresentar idéias inteiramente novas. O que mostra que os Vedas podem ser citados para corroborar as mais diversas tendências do pensamento.O cinema indiano surgiu em Bombaim em 1913. Sete anos mais tarde produziu-se em Calcutá o primeiro filme em língua bengali e em 1934 foram inaugurados em Madras os estúdios destinados à produção de filmes em língua tâmil e telugo. Com uma média de 400 filmes por ano, a Índia é, ao lado do Japão e dos Estados Unidos, um dos principais produtores mundiais, embora sua distribuição seja virtualmente nula fora do país.
Quanto ao clima, a Índia tem três estações principais: Inverno, Verão e a monção. Os meses de Inverno, de Outubro a Março, são claros e agradáveis; nas montanhas do Norte neva. Os meses de Verão, de Abril a Junho, são quentes na maior parte do país e é nesta altura que as numerosas estâncias de montanha oferecem um agradável refúgio. Durante a monção, de Junho a Setembro, chove muito na costa ocidental, e de Outubro a Dezembro, na costa oriental.
Setor florestal
A Índia é um país enorme com grande diversidade de contextos naturais, humanos e institucionais. Este texto apresenta três exemplos de mudança: o Projeto Florestal de Himachal (HPFP); O Projeto de Meios de Vida Rurais de Andhra Pradesh (APRLP) e o Projeto Florestal de Western Ghats (WGFP), Karnataka.
Crescentemente, os estados indianos vêm adotando uma abordagem chamada Manejo Florestal Conjunto, que atende às prioridades estabelecidas no âmbito da Política Florestal Nacional de 1988. Esse processo promoveu o diálogo e desenvolvimento de parcerias entre um número crescente de atores na área de manejo florestal, embora seja lento o ritmo de mudanças - como se pôde observar no exemplo de Karnataka - já que os órgãos estaduais são extremamente tradicionais e detêm grande força política. O Projeto de Meios de Vidas Rurais Sustentáveis está apoiando o governo de Andhra Pradesh a implementar abordagens de meios de vida sustentáveis em nível de bacia hidrográfica a fim de beneficiar as populações mais carentes. O governo da Índia adotou uma abordagem de desenvolvimento de bacia hidrográfica ao longo dos anos 70 para reverter o quadro de degradação dos solos.
Atualmente, alguns Ministérios adotaram uma "abordagem de bacias hidrográficas" para o desenvolvimento, incluindo os Ministérios de Agricultura, do Meio Ambiente e de Recursos Florestais.
Já existem alguns esforços no sentido de aproximar essas experiências.
No setor florestal em Himachal Pradesh (HP) e Karnataka, o marco institucional e de políticas não acompanhou as mudanças econômicas, sociais e ambientais, resultando na falta de sistemas de manejo efetivo e eqüitativo de bens e serviços florestais. A avaliação do setor florestal de HP foi realizada no âmbito de seu Projeto Florestal de HP com o objetivo de examinar três questões primordiais:
promover ações inter-setoriais e participação popular no manejo florestal de forma a atender às necessidades no que diz respeito aos meios de vida da população; melhorias no manejo florestal que aumentem a disponibilidade de bens e serviços;
coerência entre os sistemas de governança, leis e políticas relativos ao setor florestal.
Regiões Florestais
A Índia possui um dos maiores luxuriantes revestimentos florísticos da Terra. Suas principais regiões fitogeográficas são:
Himalaia Oriental, onde predominam gramíneas e orquidáceas, mas ocorrem espécie de lauráceas no sul do Vale do Bramaputra e pinheiros nas zonas temperadas; nas montanhas de Kashi são comuns os pinheiros de luzon;
Himalaia Ocidental, no qual ocorrem sobretudo gramíneas e leguminosas, além de uma rica vegetação alpina; no noroeste e na porção central, existem florestas de pinheiros, abetos e cedros-do-Himalaia;
Planície dos Indus onde predomina uma vegetação arbustiva, e esparsa, típicas das áreas semidesérticas;
Planície Gangética, que se caracteriza por suas florestas de Shorea robusta, cuja madeira é valiosíssima;
Região Malabar, na qual dominam diversas espécies de coníferas de grande porte;
Região do Decan, cuja vegetação característica consiste principalmente em árvores decíduas, como as diversas espécies de acácias e tecas, que se levam sobre os extensos bambuais.
Índia, democracia federal no sul da Ásia e membro do Commonwealth; compreende o Paquistão e Bangladesh ou subcontinente indiano. Limita-se ao norte com o Afeganistão, o Tibete, o Nepal e o Butão; ao sul com o estreito de Palk e o golfo de Mannar, que o separa do Sri Lanka e do oceano Índico; ao oeste com o mar da Arábia e o Paquistão; ao leste com a Birmânia, o golfo de Bengala e Bangladesh. Com Jammu e Caxemira (cujo status definitivo ainda não foi determinado), possui uma superfície de 3.287.263 km2. A capital é Nova Déli.
A Índia se divide em quatro grandes regiões: o Himalaia, que se estende ao longo das margens norte e leste do subcontinente indiano; as planícies fluviais do norte, uma das maiores planícies fluviais do mundo que compreende a maior parte da área regada pelos rios Indo, Ganges e Brahmaputra; o Decão, uma meseta rochosa, dividida por baixas cadeias montanhosas e profundos vales; e o Ghates oriental e ocidental. Exceto nas regiões mais montanhosas, o clima é tropical, dominado pelas monções.
População e Governo
A origem exata da maior parte do povo indiano é impossível de ser determinada por conta da grande variedade de raças e culturas que invadiram e foram assimiladas no subcontinente. Aproximadamente 7% do total da população pertence a mais de 300 tribos catalogadas.
A maior parte dos povos indianos não tribais tem características caucásicas e mostram uma considerável variação na cor da pele. Entre as tribos das montanhas setentrionais há características mongóis, como no caso dos nagas; e entre os grupos tribais como os santal de Bengala ocidental há características australóides.
A Constituição indiana tentou erradicar o antigo sistema de castas, que tem negado durante séculos a oportunidade de avançar socialmente o estrato mais baixo do sistema: os intocáveis (ou harijans).
Na Índia vive 16% da população mundial; sua população (1994) é de 913.070.000 habitantes, com uma densidade demográfica de aproximadamente 275 hab/km². Embora as condições de vida tenham melhorado em muitas áreas, cerca de um terço da população vive abaixo do limite de pobreza.
A maior cidade é Bombaim, com uma população (1994, incluindo a área metropolitana) de 14.500.000 habitantes. Outras cidades com mais de 1 milhão de habitantes são Ahmadabad, Bangalore, Calcutá, Déli, Hyderabad, Kanpur, Madras, Pune (Poona), Nagpur, Lucknow e Jaipur.
Os grandes grupos religiosos são: hinduísmo (83%), islamismo (11%), cristianismo e sikhs (2% cada um). Outras importantes minorias religiosas são: budismo, jainismo e parsis.
São falados mais de 1.600 idiomas ou dialetos, compreendidos em 14 grandes grupos. A constituição estipula que o hindu (falado por 30% da população) é o idioma oficial, embora o inglês seja um idioma associado aos assuntos administrativos. A constituição também reconhece 17 idiomas regionais oficiais. Ver línguas indianas; Arte e Arquitetura da Índia; Literatura indiana.
De acordo com a Constituição de 1949, emendada posteriormente, a Índia é uma república democrática soberana dentro do Commonwealth. O governo tem uma estrutura federal e a república é uma união de estados e territórios administrados de maneira central.
O poder executivo reside no presidente, que é também chefe do Estado. Entretanto, o verdadeiro poder executivo se encontra nas mãos de um conselho de ministros responsáveis perante o Parlamento, formado pelo Rajya Sabha (Conselho dos Estados ou câmara alta) e o Lok Sabha (Câmara do Povo ou câmara baixa). |