A secagem é considerada a fase mais importante dentro de todo o processo de beneficiamento da madeira. É nesta fase que se define a qualidade final da madeira, e onde se pode intervir de forma que não se prejudique a matéria-prima que além de custar caro, já passou por outros processos e custos, para chegar até um secador.
Devido à complexidade do assunto, muitas vezes não são percebidas as perdas que ocorrem durante este processo. A fuga de vapor/calor é um exemplo claro. Além de desperdiçar a energia da caldeira, é impossível ter um controle efetivo do ciclo de secagem, se não se sabe ao certo o quanto de energia é suprida ao interior da câmara.
Outro exemplo de perda não contabilizada é o fato da madeira sair com variações de umidade final, tendo sido secado madeira com as mesmas características (espessura, umidade inicial, idades aproximadas, etc) na mesma câmara. Problemas posteriores com colagem de painéis e torções são comuns, fazendo com que parte dos produtos (que já passaram por uma série de fases de produção) sejam rejeitados, ou que tenham que passar novamente por algum processo anterior.
Para calcular estes prejuízos, ao investir em máquinas de secagem é preciso escolher as que oferecem ciclos exatos, com controles adequados. É fundamental, também, uma estrutura que garanta a segurança da madeira contra a ação dos ácidos contidos na madeira e ações do tempo.
A grande maioria dos secadores instalados no Brasil são feitos em alvenaria, e não raras vezes muitos deles já deveriam estar se aposentando. Além da estrutura externa se deteriorar com o tempo, os componentes internos também não são feitos em material resistente à corrosão. Radiadores com baixa transferência térmica, dumpers que não atuam com perfeição, a não utilização de variador de freqüência nos ventiladores, entre outros, contribuem para baixar ainda mais a qualidade do processo, sem falar nas perdas de tempo e de dinheiro, tendo que parar freqüentemente a produção para ajustar "pequenos" problemas, que nunca são contabilizados.
Já existem algumas alternativas no mercado, tais como câmaras metálicas, em aço-inoxidável e alumínio, que evita as perdas que se tinha antes com a manutenção corretiva ou preventiva contra corrosão. Tendo a segurança de não haver perdas térmicas e de umidade, consegue-se obter ciclos precisos, atingindo a qualidade e, mais importante, o percentual final de umidade da madeira desejados.
Secagem de Pinus
Utilizando uma tecnologia de construção apropriada, que permite uma atuação efetiva e controlada do processo de secagem, algumas empresas desenvolveram uma tecnologia de secagem rápida para o pinus.
A Mahild, em conjunto com um instituto de pesquisa da Nova Zelândia, desenvolveu uma técnica que permite reduzir drasticamente os tempos de secagem do pinus, tanto radiata (América do Sul - Ásia) quanto taeda ou elliotti (Argentina, Uruguai, EUA e Brasil).
Para se ter uma idéia, onde em um sistema convencional se obtém ciclos de aproximadamente 90 horas para secar 1 polegada e meia, a nova tecnologia seca em 42 horas, com qualidade superior a utilizada nos processos convencionais.
O segredo não está em aumentar a temperatura (que aliás é a mesma que no sistema convencional), nem mesmo em aumentar a velocidade do ar (esta sim, muito superior que no sistema convencional), mas sim, um conjunto de fatores que possibilitarão estes resultados, tais como:
- Regulagem proporcional e individual dos dumpers;
- Regulagem proporcional da válvula de temperatura;
- Controle da velocidade do ar em diferentes estágios, através da utilização de - variador de freqüência nos ventiladores;
- Velocidade e volume de ar igual para ambos os lados;
- Isolamento térmico adequado (100 mm lã de rocha);
- Estrutura que não se deteriore com o tempo, prejudicando assim o controle do clima dentro do secador;
- Homogeneização no final do processo de secagem, dentro da câmara, permitindo retirar a madeira do secador, sem sofrer agressões ao entrar em contato com o ambiente externo.
É através deste know-how e tecnologia aplicada, que se garante um controle da temperatura no interior da câmara de meio em meio grau Celsius. A tolerância máxima de variação da umidade final da madeira, ao final do ciclo, é de +- 1% (em qualquer ponto do secador). A madeira sai seca e pronta para ser beneficiada, sem que haja a necessidade de deixá-la no pátio por 1 dia, para não correr o risco de empenamento.
Economia
Essa tecnologia permite, também, tempos mais curtos de ciclo de secagem. Isto possibilita o uso de um número menor de câmaras (ou com volumes menores) para obter a mesma produção, o que significa menos capital parado no interior das câmaras.
A economia é de aproximadamente 20% ao ano em energia elétrica, devido aos ciclos de menor tempo e ventiladores controlados por variador de freqüência.
O condicionamento final do processo através da vaporização direta de água
no interior da câmara (vapor frio) permite o beneficiamento da madeira imediatamente após sair do secador.
As câmaras em alumínio puro e aço inoxidável garantem uma operação livre de manutenção por 50 anos. Além disso, o sistema é completamente computadorizado com controle dos ciclos.
Devido à grande rotatividade que oferece esta tecnologia, é imprescindível o uso de vagonetes (com portas em ambos os lados), para agilizar a carga e descarga da madeira (se seca em 42 horas, evita-se perda de tempo com carregamento via empilhadeira).
Fonte: Placage (PR) |