O estudo setorial 2003, realizado pela Abimci - Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente, constatou que da área total do território nacional cerca de 66% são cobertos por florestas naturais, 0,5% por florestas plantadas e o restante (33,5%) por outros usos, tais como: agricultura, pecuária, áreas urbanas e infra-estrutura, dentre outros.
As principais espécies plantadas são dos gêneros pinus e eucalipto. Entre as outras encontram-se acácias, teca e araucária. Atualmente o Brasil possui cerca de 4,7 milhões de hectares com plantios da espécie de pinus e eucalipto. Desse total o eucalipto responde por cerca de 64% e o pinus aproximadamente por 36%. A maior concentração em termos de área plantada está em Minas Gerais, seguida por São Paulo e Paraná.
As áreas de plantios de eucalipto concentram-se na Região Sudeste do país. Somente o estado de Minas Gerais é responsável por cerca de 51% do total plantado. Somado ao estado de São Paulo, respondem por 70% da área plantada total de eucalipto no Brasil. Essa distribuição justifica-se pela concentração de indústrias de papel e celulose e de siderurgia na respectiva região.
Os estados que mais se destacam em áreas plantadas de pinus são o Paraná, Santa Catarina, Bahia e São Paulo. Juntos somam aproximadamente 73% do total plantado. A concentração de plantios nesses estados é decorrente da vocação para a produção de papel e celulose e de produtos de madeira sólida.
A composição da floresta natural é dada pelas florestas densas, florestas abertas e outras formas de vegetação natural. Por apresentar um melhor potencial econômico, as florestas densas são as mais utilizadas pelas indústrias de processamento mecânico. Estima-se que as florestas densas totalizam 412 milhões de hectares. Entretanto, desse total, somente 245 milhões de hectares são considerados efetivamente disponíveis. As áreas restantes são compostas por florestas de domínio público e de preservação permanente.
Do total da área efetivamente disponível, cerca de 61% estão concentrados em apenas três estados da região Norte do Brasil (Amazonas, Pará e Mato Grosso).
Importância do Setor
O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil – uma das medidas de referência na avaliação macroeconômica de um país – atingiu o montante de US$ 451 bilhões no ano de 2002. Apesar do valor expressivo, em termos de tamanho econômico, o Brasil tem constantemente registrado perdas de posições no ranking das principais economias mundiais nos últimos anos.
Em 1998 a economia brasileira ocupava a 8ª posição. Atualmente, após ter sido ultrapassado por Canadá, México, Espanha e Coréia, ocupa a 12ª posição no ranking.
Os principais aspectos que contribuíram para o desempenho da classificação brasileira diante das demais economias, foram basicamente a constante desvalorização do real frente ao dólar americano e o baixo crescimento econômico. Tais aspectos são resultantes da política econômica adotada no Brasil nos últimos anos, que teve como principal objetivo a manutenção dos índices inflacionários, via aumento das taxas de juros.
Reflexo dessa política, aliada aos fatos nacionais (eleição presidencial) e internacionais (desaceleração da economia internacional puxada pelo mercado americano e japonês), o PIB brasileiro teve em 2002 um crescimento real (descontada a inflação) de aproximadamente 1,5%, repetindo o mesmo desempenho verificado em 2001.
Em termos de perspectivas para 2003, com base no cenário econômico internacional, pode-se prever uma possível redução dos investimentos diretos estrangeiros em países em desenvolvimento, o que dificultaria bastante a situação brasileira. Outro aspecto negativo está relacionado ao câmbio que também deverá preocupar as autoridades monetárias nacionais no decorrer do ano.
Apesar disso, é possível que o país registre um crescimento econômico em 2003, acima do verificado nos anos anteriores, em função da retomada de crescimento demonstrada no final de 2002, bem como, com a provável redução da taxa de juro interna.
Produtos de maior valor agregado
O reprocessamento da madeira serrada, com enfoque na agregação de valor ao produto primário, é uma tendência que a maioria das empresas brasileiras vêm buscando nos últimos anos.
As principais espécies utilizadas na fabricação dos PMVAs são o pinus e algumas espécies nativas, como o ipê, imbuia, jatobá e outras. Outra espécie que vem ganhando importância como PMVA é o eucalipto.
Neste estudo setorial são cobertos alguns dos produtos mais representativos, em se tratando de produtos de maior valor agregado. A exemplo dos blocks, blanks, molduras, painel colado lateral, pisos, pré-cortados, componentes estruturais e outros.
Blocks & blanks
São produtos tipicamente de Pinus, originados do reprocessamento da madeira serrada. Estes produtos são utilizados na fabricação de molduras, painéis (colados laterais) e outros produtos. Trata-se de um produto intermediário e que sofrerá reprocessamento.
Observa-se uma relativa estabilidade nos volumes comercializados no mercado externo, considerando dados do período 2000-2002. Em compensação, as exportações atingiram apenas 50% dos volumes exportados em 1998. Esse fato retrata uma reorientação da comercialização, antes voltada para o exterior, provocada pelos preços internacionais.
Molduras
São perfis obtidas a partir do reprocessamento da madeira serrada ou dos blocks e blanks. O maior consumidor das molduras é o segmento da construção civil, tanto no âmbito do mercado interno como internacional. Um exemplo de aplicação, com efeito decorativo, é o rodapé, utilizado nas junções entre o piso e parede. Outros exemplos bastante conhecidos de moldura são a meia-cana, meia-lua e cordão. Entretanto cabe ressaltar que as molduras podem assumir formatos e medidas variadas, atendendo às mais diversas necessidades.
Os volumes produzidos e consumidos de molduras de Pinus está praticamente toda orientada para o mercado externo.
As molduras de madeiras tropicais também possuem relevância, e de forma similar ao Pinus, estão orientadas para o mercado internacional. Segundo as estimativas dos produtores, os volumes produzidos de molduras a partir de madeiras tropicais é equivalente a 300 mil m³ anuais
O principal mercado de destino das exportações de molduras de Pinus são os Estados Unidos, os quais absorvem praticamente 90% do volume total produzido.
Painel colado lateral – EGP
O painel colado lateral (EGP - edge glued panel) é formado a partir da madeira serrada, emendada ou não, colados lateralmente. O produto é principalmente empregado no segmento moveleiro, para tampos, laterais e outros componentes.
Uma característica diferenciada desse produto é que grande parte do consumo ocorre no mercado doméstico, especificamente na produção de móveis.
A perspectiva de produção permanece estável para os próximos anos e está atrelada basicamente, ao segmento moveleiro, conforme mencionado.
Os volumes exportados de EGP representam pouco mais de 20% do total produzido internamente. Em termos absolutos os volumes são crescentes, estando atualmente no patamar de 65 mil m³/ano. A maioria dos volumes exportados é destinada para os países europeus. Os EUA absorvem uma parcela equivalente a 30% dos volumes exportados, segundo os dados de 2002.
Produção e consumo - EGP
Pisos
Os pisos de madeira mais conhecidos e utilizados atualmente são os pisos de madeira maciça e os engenheirados (compostos em camadas). Os pisos de madeira maciça são feitos, via de regra com madeiras nobres, enquanto os pisos engenheirados são constituídos de diferentes materiais, como os painéis (compensados, MDF, HDF, aglomerado), revestidos com lâminas de madeira ou papéis melamínicos.
Os dados de produção e consumo de pisos de madeira apresentaram um expressivo crescimento nos últimos anos. O diferencial verificado entre os volumes produzidos e consumidos, corresponde aproximadamente aos volumes exportados.
Em 2001 o Brasil era o 6º maior exportador de pisos de madeira de folhosas, segundo informações do International Trade Centre. No período entre 1997 e 2001 a taxa de crescimento das exportações brasileiras foi de 22% ao ano, bem acima da média mundial de crescimento.
Apesar da estabilização das exportações de pisos nos últimos anos, a perspectiva é de crescimento a uma taxa da ordem de 15% ao ano, que pode ser considerada bastante significativa. O valor total exportado pelo Brasil em 2002 foi de mais de US$ 89 milhões |