No Brasil a implantação de maciços florestais puros, na grande maioria formados por espécies exóticas, é conseqüência da evolução de toda uma estrutura industrial que tem como objetivo atender a demanda das regiões mais desenvolvidas do país com matéria-prima necessária para a produção de papel, celulose, chapas, aglomerados, carvão vegetal, móveis, e outros.
Para o setor industrial, o interessante é que a floresta produza a maior quantidade possível de biomassa no componente madeira. No entanto isto nem sempre é possível, pois dependendo da espécie e das condições de sítio, as prioridades de alocação dos carboidratos poderão ser alteradas o que por sua vez terá um reflexo na produção de biomassa e acúmulo de nutrientes nos diferentes componentes das árvores.
A utilização de espécies exóticas como o Eucalipto e o Pinus, o adensamento de plantas, as técnicas de preparo do solo bem como a intensidade de colheita florestal são algumas das práticas silviculturais que podem ser controladas através do conhecimento da produção de biomassa e distribuição desta nas diversas partes da planta, com vistas a manutenção da produtividade em longo prazo dos ecossistemas.
Através da exportação de nutrientes, via colheita florestal, é que ocorre a maior limitação com relação à manutenção da produtividade dos sítios. O sistema de rotações curtas, sem levar em conta o planejamento de uma reposição nutricional, é uma das principais causas da degradação dos solos.
Logo, considerando-se a grande variação de sítios onde as florestas são plantadas, é de fundamental importância que estudos de ciclagem de nutrientes e monitoramento nutricional sejam implantados nas diferentes fases de manejo dos povoamentos. Desde os desbastes até o corte final da floresta.
Durante a fase inicial de desenvolvimento de uma floresta, uma grande parte dos carboidratos é canalizado para a produção de biomassa da copa e raízes. Entretanto com o passar do tempo, quando as copas começam a competir entre si, à produção relativa do tronco aumenta e a das folhas e ramos diminui gradativamente.
Conforme estudo realizado por Schumacher, em 1995, o percentual de biomassa de copa e raízes de uma floresta de E. saligna, tende a diminuir com o passar do tempo. O autor observou que o E. saligna, aos 4 anos de idade, teve um produção de biomassa de 94,8 Mg ha-1 distribuídas em 9% de folhas, 7% de ramos, 8% de casca, 60% de madeira e 16% de raízes. Para a mesma espécie aos 7 anos de idade, a produção de biomassa foi de 158 Mg ha-1 distribuídas em 3%, 5%, 7%, 74% e 11% para as folhas, ramos, casca, madeira e raízes, respectivamente.
A ciclagem de nutrientes em florestas pode ser avaliada através da compartimentalização da biomassa acumulada nos diferentes estratos ou estágios de desenvolvimento e a quantificação das taxas de nutrientes que se movimentam entre seus compartimentos. Podem ser considerados como compartimentos à biomassa aérea das árvores, a serapilheira acumulada sobre o solo, a biomassa das raízes, a vegetação do subosque e o solo.
Os teores de nutrientes são maiores nas partes mais ativas metabolicamente das plantas, como folhas e brotações, devido aos seus ativos envolvimentos em relações enzimáticas e compostos bioquímicos de transferência de energia e transporte eletrônico; as menores concentrações de micronutrientes são encontradas na madeira. Contudo, para a maioria dos nutrientes, é na madeira que se encontram os maiores conteúdos dos mesmos, simplesmente devido à sua maior massa seca .
A manutenção do estoque de nutrientes minerais no solo bem como da produtividade de biomassa das florestas de rápido crescimento esta ligada diretamente ao processo de ciclagem de nutrientes.
Os percentuais de K, Ca, Mg, Zn e B exportados em desbastes de Pinus taeda são altos e podem limitar o crescimento e produção das futuras rotações.
Um estudo sobre a produção de biomassa constatou que o acúmulo de nutrientes em floresta de eucalipto de diferentes idades, verificou que apesar da madeira apresentar os menores teores de nutrientes, devido a sua elevada biomassa relativa (74,4% da biomassa total ao 8 anos de idade) a remoção deste componente, através da colheita florestal, acarreta elevada exportação de nutrientes, sobretudo, se combinada com outros componentes como casca e galhos.
Recomenda-se o descasque da madeira e a permanência dos galhos e folhas no campo, o que reduz substancialmente a exportação de nutrientes, principalmente do elemento cálcio, presente em altas concentrações na casca. Ao avaliar a quantidade de serapilheira acumulada sobre o solo e o estoque de nutrientes da mesma em diferentes idades de Pinus taeda, foi verificada a importância deste compartilhamento na sustentabilidade.
Verifica-se que com o aumento da idade da floresta há um maior acumulo de serapilheira e logo uma maior oferta de nutrientes para o sistema radicular das árvores de Pinus. As acículas representam a maior quantidade fração da serapilheira, logo esta tende a armazenar mais nutrientes.
Após a exploração da floresta, em hipótese alguma a superfície do solo deve ficar desprotegia pois os riscos de erosão e perdas de nutrientes podem ser agravados;
Por ocasião da colheita florestal, todos os resíduos, inclusive a serapilheira, devem permanecer no sítio sem serem queimados, pois estes representam grande fonte de matéria orgânica e nutrientes para as futuras rotações;
Com a retirada das árvores ocorre uma mudança no microclima do sítio o que por sua vez acelera os processos de decomposição da serapilheira que se encontra acumulada sobre o solo e acaba resultando na liberação de CO2 para a atmosfera e perda de nutrientes para as camadas mais profundas do solo.
Ao contrário das culturas agrícolas, com a colheita florestal a exportação de nutrientes do sítio é bem menor. As florestas podem ser grande fonte de captura e acúmulo de CO2 da atmosfera.
Fonte: Mauro Valdir Schumacher; Prof. Dr. do Dep. de Ciências Florestais da Universidade Federal de Santa Maria-RS |