Segmento de portas é exportador potencial
Do estilo tradicional ao decorativo, o volume de produção de portas prontas fabricadas no Brasil chegou a 6,3 milhões de unidades em 2002. Segundo o vice-presidente de portas da ABIMCI, Antonio Rubens Camilotti, no Brasil há cerca de 2,5 mil empresas fabricantes do produto, que geram 200 mil empregos diretos e indiretos. A grande maioria dos fabricantes (80%) está localizada no Paraná e Santa Catarina. Os demais 20% estão distribuídos pelos outros estados. Trata-se de um mercado cujo crescimento foi de 77% nos últimos cinco anos. Em 1997 a produção somou 3,5 milhões de unidades. Só as dez maiores representam 50% desse total.
Em razão da falta de uma política habitacional no país o setor tem se voltado para o mercado externo. Atualmente as exportações representam entre 30% e 35% do total. No mercado interno os consumidores estão divididos entre revendas (50%), construção civil (30%) e montadores (20%).
As portas prontas são bem aceitas no mercado internacional. As exportações do conjunto – folha, batentes e soleiras – somaram US$ 132 milhões, no ano passado, 23,3% superiores aos US$ 107 milhões de 2001. Nos últimos cinco anos, a evolução foi de pouco mais de 90%.
O segmento de portas é tido como um dos mais representativos e competitivos, dentro do segmento de PMVA (Produto com maior valor agregado). Esta constatação é do Estudo Setorial 2003, realizado pela Associação Brasileira da Indústria de Madeira processada Mecanicamente. São basicamente três os tipos de portas oferecidas pelos fabricantes nacionais: portas lisas (ocas), portas sólidas e portas engenheiradas, feitas com painéis reconstituídos.
Estima-se, segundo dados dos próprios fabricantes, que a capacidade de produção instalada no Brasil seja da ordem de 7 milhões de portas ao ano, distribuída por aproximadamente 2.300 empresas operantes no país. Destas, cerca de 80% localizam-se no Paraná e em Santa Catarina.
Do total das empresas fabricantes, somente 10 produzem mais de 15.000 portas por mês, concentrando cerca de 50% da produção nacional total. Aproximadamente 300 empresas fabricam entre 2.000 e 3.000 unidades/mês, enquanto que as 2.000 empresas restantes produzam menos de 2.000 unidades por mês. A produção estimada de portas em 2002 atingiu a quantidade de 6,3 milhões de unidades.
Estima-se que as exportações de portas foram de cerca de 1,6 milhão de unidades em 2002, ou 26% da produção total. Em termos de valores, as exportações de portas representaram pouco mais de US$ 130 milhões, durante 2002, segundo os dados do SECEX. Um crescimento de 20% com relação a 2001.
Padronização
Com o objetivo de evitar desperdícios e agilizar a produção de portas, o segmento está propondo uma padronização nacional de suas medidas. O Brasil possui tamanho diferenciado em suas várias regiões. No Sul e no Sudeste o kit-porta tem 2,10m de altura; 0,60m, 0,70m e 0,80m de largura e 35 mm de espessura, enquanto no nordeste a espessura muda para 30mm mantendo-se as larguras. Há ainda algumas medidas, como 0,62m, 0,72m e 0,82m de largura e 35mm de espessura, praticadas somente na Grande São Paulo e parte da baixada santista. “Isso não apenas dificulta e acrescenta custos na fabricação como também onera os custos de aplicação, tanto em tempo, como no desperdício de material”, explica Camilotti.
Como exemplo, em um edifício de 10 andares, com quatro apartamentos por andar, nas 40 unidades deverão ser utilizados 10 kits porta por moradia, incluindo entrada social, sala, três dormitórios, 2 banheiros, cozinha, área de serviço.
Nesse caso, esclarece o empresário, a inexistência de padronização, provocará desperdício de mão de obra em material e nas várias semanas de ajustes dos kits. Com a padronização, o resultado será exatamente o inverso. Mais rapidez com menor custo.
A proposta do segmento, que emprega madeira extraída de floresta plantada como matéria-prima, é uniformizar as medidas em 2,10m de altura; 0,60m, 0,70m e 0,80m de largura; e 35 mm de espessura, permitindo a instalação nos vãos, previamente preparados, de forma simples, veloz e mais barata. “A tendência no momento é a melhor utilização dos recursos com redução no volume de madeiras nativas e aplicação de outros de material reflorestado”, destaca Camilotti.
Além da padronização das medidas, outra iniciativa importante, segundo o vice-presidente de portas da ABIMCI, é a unificação dos termos de garantia, com o objetivo de proporcionar tranqüilidade ao comprador e ao montador. “Estamos estudando os pontos comuns dos atuais termos, aliando os aspectos do código do consumidor e as experiências vivenciadas, tendo como base as normas técnicas da ABNT”, observa.
A expectativa para o setor de portas de madeira é ampliar seus mercados,
interno e externo, projetando um crescimento de 3% na produção de 2003. “Continuaremos buscando a definição de uma política habitacional por parte do governo. Algo que determine e especifique para curto, médio e longo prazos, o que será feito, principalmente quanto ao déficit habitacional”, concluiu Camilotti.
A ABIMCI, representa as empresas que atuam no processamento da
madeira em diversos segmentos e participam com cerca de 1,5% do PIB, pouco mais de US$ 7,5 bilhões, com uma arrecadação em tributos superior a US$ 2 bilhões.
No ano passado, o volume de negócios do setor somou US$ 8 bilhões. O número de empregos foi de 3 milhões de pessoas (direta e indiretamente),. Em 2002 o setor exportou US$ 1,78 bilhão
Qualidade
O PNQM-Portas - Programa Nacional de Qualidade da Madeira -Portas é um novo segmento do Programa Nacional da Qualidade da Madeira.
O Programa de certificação consiste em 3 fases.
A primeira fase é a de Revisão de Normas e tem por objetivo revisar as Normas Brasileiras (ABNT), levando-se em consideração, principalmente, as características dimensionais e de desempenho. Essa revisão também contempla a harmonização das Normas Brasileiras com as Normas Internacionais, tais como ISO e EN, entre outras.
A segunda fase é a do diagnóstico da situação atual onde são desenvolvidas as seguintes atividades: definição dos produtos a serem considerados na certificação; visitas técnicas aos produtores envolvidos, com o objetivo de diagnosticar os parâmetros utilizados pelos produtores para o controle do processo de produção; contatos com consumidores, agentes, fornecedores de insumos, entidades de pesquisa, laboratório e academia, com o objetivo de colher subsídios para a definição de parâmetros e melhoria da qualidade geral do produto; proposição e discussão com as partes envolvidas, de parâmetros para o controle do processo de produção e características físicas e mecânicas do produto final; e aprovação dos parâmetros e demais características do produto junto ao Conselho Nacional da Qualidade da Madeira – CNQM.
Na terceira fase será feita a implantação do PNQM, o desenvolvimento da preparação dos documentos de qualidade (procedimentos e instruções de trabalho, entre outros) e as visitas técnicas aos produtores participantes do Programa. O encerramento da terceira fase está previsto para o final do mês de fevereiro de 2004. Durante a última fase serão realizadas, quando solicitadas as Auditorias de Certificação das empresas e a inserção do PNQM-Portas no PBQP-H – Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade do Habitat. O objetivo geral do PBQP-H é apoiar o esforço brasileiro de modernidade pela promoção da qualidade e produtividade do setor da construção habitacional, com vistas a aumentar a competitividade de bens e serviços por ele produzidos, estimulando projetos que melhorem a qualidade do setor.
Após as três fases será dada continuidade ao programa através da revisão de parâmetros adotados pelo programa, testes periódicos em laboratório e assistência técnica a novos participantes.
Constantemente novas tecnologias e novos insumos, principalmente resinas, são aplicadas ao processo de produção de portas. É previsto o desenvolvimento de atividades de avaliação e testes dos novos produtos, bem como a proposição de adequações dos parâmetros adotados pelo PNQM-Portas, para o processo de produção, com o objetivo de melhorar a qualidade do produto final e a produtividade dos fabricantes.
Também está prevista a execução de testes periódicos em laboratório para o monitoramento das características físicas e mecânicas das portas e avaliação dos indicadores de conformidade.
As atividades de Assistência Técnica a novas empresas participantes do Programa, incluem orientação e treinamento na implantação dos parâmetros e procedimentos adotados pelo PNQM-Portas; avaliação dos processos de produção; coleta de amostras para testes em laboratório e acompanhamento dos testes e análise dos resultados obtidos. |