A indústria de fabricação de painéis espanhola vem apresentando evolução continua com perspectivas de incremento. Em 1995 a produção era de 2.792 m³ x 1000, em 2000 teve um pequeno acréscimo, passando para 2.970 m³ x 1000. A expectativa é alcançar 4.599 m³ x 1000 até 2005. Este incremento abre oportunidades para o Brasil, já que atualmente a Espanha apresenta déficit de matéria-prima florestal, principalmente no segmento de painéis que está em constante crescimento.
Em 1990 a Espanha consumia 30 milhões de m³ de painéis de madeira, volume que deve saltar para 50 milhões de m³ em 2010. De 1990 a 2000 o crescimento foi de 33%. A importação espanhola de resíduos florestais já é significativa desde a década passada, precisando em 100% dos casos de importação para complementar a produção.
Dados elaborados pela FAO mostram que em 1999 a importação espanhola de resíduos florestais foi de 298.950 m³, enquanto a exportação não ultrapassou os 27.250 m³. A mesma fonte mostra que a importação de outros resíduos florestais foi de 50.000 m³, enquanto a exportação destes resíduos foi de apenas 6.600 m³.
A Espanha apresenta déficit em resíduos florestais para suprir a demanda da fabricação de painéis.As indústrias espanholas de painéis consomem 100% dos resíduos de madeira produzidos na Espanha, sendo inclusive, necessário importar cavacos e partículas para poder cobrir a crescente demanda. No caso da fabricação de painéis aglomerados, uma média de 26% da madeira consumida procede de madeira em tora e 74% de subprodutos.
A principal vantagem dos subprodutos é o custo mais baixo, além do melhor aproveitamento dos recursos naturais e conseqüente contribuição ambiental. Mas, para ter um custo significativamente menor é preciso haver uma gestão dos resíduos utilizados. Neste sentido, é importante observar a diferença entre os custos de extração e transporte da madeira, segundo procedência de cortes finais e operações de limpeza de monte. A madeira procedente de cortes finais é utilizada pelas serrarias e, em menor medida, pela indústria de painéis e pasta de papel (madeira em rolo não apta para serraria). A madeira de pés pequenos, torcidos ou ramas grossas também é aproveitada pela indústria de painéis e de pasta. O material procedente de operações de limpeza de monte é a única parte destinada a fins energéticos.
O custo deste material é muito superior ao da madeira procedente de cortes finais e matéria-prima inadequada para outros fins. As ramas grossas e restos de material obtido nas limpezas de monte, devido a baixa densidade, tamanho e dificuldade de compactação, fazem com que a produtividade da mão-de-obra diminua significativamente, com o conseqüente aumento em custos por toneladas e em transporte.
Esta situação considera unicamente o custo da coleta, manipulação e transporte. As centrais de biomassas devem prever custos com as seguintes etapas: armazenagem, secagem, densificação e combustível auxiliar. Estudos indicam que estas centrais só seriam viáveis se houverem subsídios a fim de reduzir o alto custo de extração de material do monte. Assim, seria possível utilizar uma matéria-prima que está sendo desperdiçada devido aos altos custos, através de uma gestão desta matéria-prima.
A geração de resíduos florestais na Espanha também vem crescendo. Passou de 12,5 para 17,2 milhões de toneladas por ano. A reciclagem também tem crescido, mas, ainda é insignificante. A Espanha possui uma lei que prioriza os reciclados frente aos outros usos. Esta lei visa prevenir a produção de resíduos, estabelecer um regime jurídico de sua produção e gestão. A utilização dos resíduos de madeira por parte das indústrias de painéis é uma das ações propostas na Estratégia Florestal Espanhola, que estabelece a necessidade de informação e conhecimento da madeira como recursos renovável e reciclável.
Desperdício
O setor de painéis espanhol consome 75% de restos de madeira procedentes de explorações florestais e 25% procedente de árvores em pé. Se este consumo fosse substituído por resíduos florestais aumentaria, em média, 300% a oferta de madeira para o setor. Atualmente a oferta de madeira na Espanha cobre apenas 60% da demanda existente.
Mesmo que seja feita uma gestão dos resíduos florestais deixados pelas empresas espanholas ainda haveria necessidade de importação de matérias-primas para dar conta da demanda. Na tentativa de reverter a situação de desperdício de matéria-prima na Espanha, uma outra mudança na legislação deve proibir a queima de material com mais de 5% de componentes orgânicos.
O processo de fabricação de painéis otimiza o rendimento dos recursos madeiráveis ao utilizar restos de subprodutos para a elaboração. O desenvolvimento contínuo do segmento de painéis e a aplicação de matérias-primas alternativas exigem controles internos e externos para a garantia da qualidade.
A incorporação de alta tecnologia permite, com sofisticados sistemas de controle, assegurar a qualidade do painel em todas as suas fases e no produto final. Características como homogeneidade, densidade, estabilidade de cantos, umidade, planeidade, resistência e outros são observados.
As propriedades físico-mecânicas dos painéis e a garantia que representa um produto de qualidade controlada em todas as etapas de fabricação resulta em um material versátil e com credibilidade no mercado.
Setembro/2003 |