A infra-estrutura brasileira é razoavelmente bem estabelecida e o Brasil é considerado no exterior como exportador de produtos de baixo custo, o que permite ao Brasil ter boas perspectivas para o comércio de produtos de madeira com maior valor agregado. Os produtos confeccionados em pinus são promissores porque são bem aceitos no exterior e tem produção viável no Brasil. A cadeia clássica de valor, elaborada em pinus, é composta por: blocks, blanks, moldura, portas, janelas e componentes, pisos, móveis, produtos certificados e serviços agregados.
Segundo estudo divulgado pelo consultor Mário Sant’anna Júnior, diretor da Holtz Consultoria, em geral a produção brasileira apresenta baixo custo, acompanhado de melhoria significativa da qualidade. Possui mão-de-obra barata, mas o custo de transportes é elevado. O câmbio flutuante permite exportações mais competitivas.
A produção brasileira de produtos elaborados em pinus é composta na maioria (59%) por serrado bruto. Lâminas e compensados vem em segundo lugar com 18%, seguido de blocks, blanks, molduras e outros beneficiados 15%. Móveis, portas, componentes e carretéis somam apenas 8% da produção.
No segmento de molduras, as tendências apontam para o crescimento das exportações do Brasil, Chile e Nova Zelândia para os Estados Unidos nos próximos cinco anos, considerando que as exportações de molduras continuarão a ganhar “market share” sobre produtos americanos similares. A presença brasileira poderá ser duplicada em 10 anos.
A produção brasileira de portas é de mais de 5 milhões de unidades, das quais, 25% do total produzido é exportado. O crescimento foi de 3% até 2001 e muitas empresas estão migrando para o segmento. A demanda americana é maior no nicho de portas “flush” (centro oco) e portas painel (centro sólido). O consumo americano de portas de madeira é de US$ 2.5 bilhões, enquanto o consumo de portas de metal soma US$ 4 bilhões. As portas de painel representam 33% do mercado, que é liderado pelas vendas externas do Brasil e Paises Asiáticos.
A importação de janelas de madeira tem sido relativamente insignificante, não ultrapassando 1% das importações americanas, pois elas apresentam grande dificuldade de embarque. O mercado de componentes para janelas é um segmento em crescimento e está incluído na classificação diferenciada de importação. A produção de pisos está estimada em mais de 11 milhões de m², sendo 70% pisos laminados e 30% pisos maciços, representando um segmento promissor, inclusive para mercados alternativos como a China.
Os serviços agregados também são competitivos e vem apresentando evolução. Os escritórios de atacadistas distribuidores apresentam crescimento de 6,4% por ano. As casas pré-fabricadas apresentaram crescimento na ordem de 17% ao ano.
Entre as ameaças e oportunidades no segmento de produto com maior valor agregado estão o ciclo de vida dos produtos, a entrada de produto substitutos, os concorrentes diretos, os preços e a necessidade de constante evolução do parque industrial instalado.
Para driblar a escassez das espécies convencionais o mercado aposta em reflorestamento de espécies como o pinus e a substituição de alguns produtos. Entre os produtos substitutos estão os produtos de madeira engenheirados: I-joist, LVL,Glu-Lam, vigas, finger-joint, Madeira Laminada. Tanto os produtos engenheirados como os de madeira certificados são competitivos frente a outros materiais, tais como fibro-cimento, aço: substituto de caibros, vigas e portas; plástico: substituto de decking, molduras, cercas, venezianas etc; concreto: fundações, divisórias e outros.
A tecnologia também é um forte aliado para driblar a substituição dos produtos de madeira. Para garantir a resistência dos produtos coladas, resinas, adesivos, aditivos e retardantes de qualidade são indicados. Imitação de madeira de lei com a tecnologia de laminados e papéis e produtos engenheirados para uso estrutural são fortes tendências no mercado.
A madeira não tradicional também aponta grandes oportunidades no mercado internacional. No segmento de madeira engenheirada produtos em LVL. I-joist, Glu-lam são promissores. Painéis engenheirados como OSB, MDF mantêm constante evolução. As estimativas prevêem grande competição internacional para produtos não estruturais e oportunidades para estruturais.
Setembro/2003 |