Empresas que adotaram o manejo florestal sustentável conseguiram reduzir os acidentes de trabalho em cerca de 20%. Após adotar o modelo desenvolvido em Paragominas, PA, pelo Imazon, em parceria com o WWF-Brasil, várias empresas obtiveram vantagens econômicas e conseguiram melhorar as condições de trabalho e de vida da população local com a legalização da exploração florestal. O sistema operacional legal, bem como o sugerido por empresas certificadoras, inclui recomendações que contribuem para a prevenção dos acidentes, entre elas o uso adequado dos equipamentos de proteção individual.
Nas empresas brasileiras de todos os setores o número de acidentes de trabalho caiu entre 2000 e 2001, mas as conseqüências se tornaram mais graves. Essa é principal conclusão de uma pesquisa realizada pela Marsh Risk Consulting do Brasil.
A Marsh analisou 64 empresas, de diferentes setores, a maioria multinacionais, que juntas empregam 27 mil pessoas. O resultado mostra que em 2000 foram registrados 2,61 acidentes para cada grupo de 100 funcionários. Em 2001, o número baixou para 1,26. Já a média de dias não trabalhados saltou de 21,69 por acidente em 2000 para 28,57 no ano seguinte. O estudo contatou, entre outras coisas que, a queda na quantidade de acidentes reflete os investimentos das empresas em segurança. A maior gravidade resulta da terceirização, falta de treinamento e substituição de profissionais experientes por outros que ganham menos.
A taxa de sinistralidade apurada na pesquisa - razão entre o valor pago ao INSS como seguro acidente e o custo dos mesmos - foi de 25,4%. É um índice muito baixo que ajuda a explicar o interesse das seguradoras na privatização do serviço.
Normas de Segurança
O EPI (equipamento de proteção individual) tem a finalidade de neutralizar a ação de certos acidentes que poderiam causar lesões ao trabalhador e protegê-lo contra possíveis danos à saúde causados pelas condições de trabalho.
O EPI deve ser usado como medida de proteção quando não for possível eliminar o risco através da utilização de equipamentos de proteção coletiva; quando for necessário complementar a proteção individual; em trabalhos eventuais e em exposições de curto período.
O trabalhador florestal se encontra constantemente em risco de acidentes e deve estar sempre utilizando os EPIs, inclusive quando estiver se locomovendo em estradas e trilhas.
É muito importante que todos os envolvidos no manejo florestal estejam conscientes quanto à importância e modo correto da utilização do EPI. Desta maneira indica-se a realização de um treinamento para todos os envolvidos na operação florestal além de um programa constante de conscientização dos funcionários.
Legalmente existem algumas exigências quanto ao uso de EPIs, tanto para o empregado quanto para o empregador:
Obrigações do empregador:
-adquirir o tipo de equipamento de proteção individual (EPI) apropriado à atividade do empregado;
-fornecê-lo gratuitamente ao seu empregado;
-treinar o trabalhador quanto ao seu uso adequado;
-tornar obrigatório o seu uso;
-substituir imediatamente o danificado ou extraviado;
-responsabilizar-se pela manutenção e esterilização, no que couber.
Obrigações do empregado:
- usar o EPI indicado, apenas para a finalidade a que se destinar;
- responsabilizar-se pela guarda e conservação do EPI que lhe for confiado;
- comunicar qualquer alteração no EPI que se torne parcial ou totalmente danificado;
- responsabilizar-se pela danificação do EPI, pelo seu uso inadequado ou fora das atividades a que se destina, bem como pelo seu extravio peça.
EPIs para florestas
Capacete Simples: A utilização de capacete é fundamental para todas as atividades da operação florestal realizadas na mata. O risco de queda de galhos é constante e o uso do capacete pode salvar a vida de um funcionário. Há diversos modelos de capacetes disponíveis no mercado. O importante é que seja rígido e não incomode o trabalhador que o utilizará por longo período.
Capacete Completo: Este modelo de capacete é indicado para motosserristas que necessitam de protetor facial e abafador auricular (contra os ruído da motosserra). No mercado pode-se encontrar essas peças separadamente, ou acoplados ao capacete, o que é ideal pois facilita a utilização. O protetor facial pode ser de acrílico ou de tela, dependendo da disponibilidade do mercado e do gosto do motosserrista. Existem diversos modelos de abafadores de ruído, que são muito importantes para todas as operações onde há barulho em excesso. (colheita, arraste, transporte, abertura de estradas , etc)
Luvas: As mãos são a parte do corpo de maior contato em qualquer que seja a atividade e é onde ocorre com maior freqüência as lesões. Para motosserristas, a utilização é imprescindível e também existem diversos modelos disponíveis
Perneiras: A utilização de perneiras é muito importante em atividades florestais para prevenção contra acidentes com animais peçonhentos como cobras, aranhas e escorpiões. Existem também perneiras especiais para operadores de motosserra, desenvolvidas com algumas camadas internas de uma espécie de nylon que, quando são atingidas pelo sabre da motosserra, não rasgam diretamente, mas embaraçam a corrente e paralisam a máquina.
Botas: A utilização de botas nas atividades florestais são tão importantes quanto as perneiras, para proteção contra acidentes com animais peçonhentos e contra pancadas na região da canela. Além disso, as botas proporcionam maior facilidade de locomoção no interior da floresta. Para os motosserristas, são indicadas botas com proteção frontal de aço, para prevenir acidentes com o sabre da motosserra quando este escapa da tora.
Acidentes x Mortes
Nas últimas décadas, o número de acidentes típicos (dentro das empresas), diminuiu, mas o número de acidentes com mortes cresceu, considerando todos os setores da indústria brasileira. Pesquisadores deduzem que isso ocorra devido a possibilidade de não se registrar os acidentes típicos, enquanto as mortes não podem passar sem serem registradas. Deve ser considerado que a maioria das mortes ocorrem no trajeto do trabalho, em acidentes de trânsito, crescentes em todo o país e raramente dentro das empresas.
Empresa reduz acidentes
Com o objetivo de melhorar cada vez mais os índices de segurança do trabalho, a empresa Aracruz Celulose procurou incentivar os registros de incidentes e comunicações de risco, procedimento fundamental para a prevenção de acidentes.
Como resultado desta filosofia de trabalho, vem obtendo significativa redução nos índices de acidentes do trabalho. Em 2001, a taxa de acidentes com perda de tempo foi de 2,22, 1% inferior à registrada em 2000.
A preocupação da Aracruz com segurança no trabalho se estende também aos prestadores de serviço, que são maioria na empresa. Desde de 2000, a empresa introduziu a Semana Interna de Prevenção de Acidentes Integrada, envolvendo todas as empresas do grupo - Aracruz Celulose, Portocel e Aracruz Produtos de Madeira - e suas prestadoras de serviço. Em 2001, a Sipat Integrada contou com a participação de 27 empresas. Durante a Sipat, é promovido um seminário de dois dias no qual empregados e prestadores estabelecem metas de segurança para o ano, visando melhorar o desempenho conjunto. Essas metas são auditadas periodicamente para assegurar seu cumprimento.
Na área de saúde, o Programa de Controle Médico e de Saúde Ocupacional (PCMSO), desenvolvido e executado em ambulatórios próprios por profissionais capacitados, compreende um amplo conjunto de atividades visando à promoção, prevenção e preservação da saúde de nossos empregados.
Após um ano de lançamento, o Programa de Apoio ao Empregado Fumante apresentou resultados acima da expectativa. Dos 74 empregados que aderiram, 80% se mantêm em recuperação, isto é, sem fumar - índice considerado excelente pelos especialistas. Já no Programa de Apoio ao Dependente Químico, a empresa oferece tratamento ao empregado e seus familiares, desde a internação até dois anos após a alta. Em 2001, foram tratadas 25 pessoas.
Para reduzir os acidentes nas estradas e estimular a observância de procedimentos preventivos de segurança pelos seus prestadores de serviços nesta área foi constituída, em 1999, uma Rede de Monitoramento de Transportes, a Rede de Monitoramento de Transportes (RMT) da Aracruz conta com a colaboração de 25 voluntários, que moram ou trabalham ao longo de um trecho de 250 quilômetros na BR-101 entre o norte do Espírito Santo e o extremo sul da Bahia. Trata-se do trecho mais crítico para o transporte de madeira em função do grande fluxo de veículos.
Em 2001, o número de acidentes (17) registrado no trecho monitorado pela Rede de Monitoramento de Transportes da Aracruz foi 53% menor que o verificado em igual período do ano anterior (36), em boa parcela devido ao trabalho dos voluntários. Eles acompanham aspectos como formação de comboios, velocidade, ultrapassagens perigosas, tráfego pelo acostamento, sinalização das carretas, condições da carga, condições da rodovia e cordialidade do motorista. Ao constatar qualquer irregularidade, os integrantes da rede informam a Aracruz, que em 24 horas adota as providências necessárias à correção do problema.
Fontes: Amigos da Terra, FSC, Imazon e Aracruz Celulose
Setembro/2003
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