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REVISTA DA MADEIRA - EDIÇÃO N°75 - AGOSTO DE 2003

Melhoramento

Melhoramentos visando a produção de madeira serrada

O E. saligna é uma espécie que ocorre naturalmente na região costeira do estado de Nova Gales do Sul e no sul do estado Queensland, Austrália. Nestes locais, a espécie pode atingir 65 m de altura e 2,5 m de diâmetro, com excelente retidão e fuste livre de galhos até a metade ou dois terços da altura total da árvore.

No Brasil, a espécie é recomendada para regiões de clima subtropical sem deficiência hídrica e geadas severas. A espécie é morfologicamente semelhante ao E. grandis e foi muito plantada até a década de 70.

Além de poder ser utilizado para a produção de lenha e celulose, E. aligna é também uma espécie recomendada para postes por apresentar fuste reto e ausência de nós. A madeira apresenta contrações normais em relação ao seu peso específico, o que significa que tem boa estabilidade dimensional, assim como poucos defeitos durante a secagem. Como madeira serrada é considerada potencial para usos estruturais.

A espécie apresenta maior densidade da madeira e maior capacidade de brotação que o E. grandis, no entanto o interesse sobre o E. saligna diminui no Brasil a partir da segunda metade da década de 70. Isso ocorreu em função de alguns fatores, entre os quais: a) disponibilização de sementes melhoradas de E. grandis, produzidas nas Área de Produção de Sementes; b) crescimento volumétrico um pouco superior das árvores de E. grandis; c) resistência ao cancro causado pelo fungo Cryphonectria cubensis de híbridos naturais de E. grandis plantadas nas regiões tropicais do Brasil.

Nos últimos anos tem-se observado a volta do interesse pelo E. saligna no Brasil. Isto ocorreu em função dos excelentes resultados de crescimento de algumas procedências na rede experimental implantada pela Embrapa Florestas e pelo aumento da demanda da madeira de eucalipto como matéria-prima para serrarias. No entanto, o uso para esta finalidade ainda é limitado devido às rachaduras e empenamentos.

Estes tipos de defeitos têm sido relatados há muito tempo e decorrem, principalmente, de tensões de crescimento. Variações nessas características têm sido observadas em diferentes espécies do gênero Eucalyptus.

No entanto, são poucos os trabalhos que quantificam os efeitos genéticos das tensões de crescimento em eucaliptos e acredita-se que é possível o melhoramento de características visando a produção de madeira serrada, usando rachaduras de topo de toras.

Para isso, a Embrapa Florestas ralizou um trabalho de pesquisa em parceria com a empresa Ripasa. Este trabalho teve o objetivo de avaliar a variabilidade genética da rachadura de toras, dentro de procedências de E. saligna plantadas em Itararé/SP, usando o método de imagens. O objetivo final é selecionar árvores com características favoráveis para a produção de madeiras serradas.

O estudo foi realizado em 439 árvores, com 13 anos de idade, amostradas em um teste combinado de procedência e progênie. A análise de rachaduras foi realizada com o uso de imagens coletadas com uma filmadora VHS, 48 horas após o corte e posteriormente transferidas para um computador. As medições foram feitas com a inclusão de uma escala na fotografia com dois pontos de distância conhecidos.

Foi observada, entre procedências, uma tendência de menores índices de rachadura quando estas apresentaram, menor taxa de crescimento. No entanto, também nestas procedências, foram observados indivíduos que apresentam alta taxa de crescimento e baixos índices de rachadura.

Foram detectadas variabilidade genética e fenotípica para rachadura de topo, tanto entre como dentro de procedências. Com base na magnitude dos valores das estimativas de herdabilidade encontrados nesse trabalho, pode-se melhorar geneticamente essa característica, tanto através da seleção entre como através da seleção dentro das procedências de E. saligna estudadas.

A seleção feita pelo método “níveis independentes de eliminação”, primeiro para crescimento e em seguida para rachadura, mostrou-se uma estratégia adequada para este germoplasma estudado. Ganhos genéticos para a característa rachadura de topo podem ser obtidos através da clonagem dos melhores indivíduos e estabelecimento de um pomar clonal de sementes.

Com isto, conclui-se que é possível melhorar o E. saligna para rachadura de topo em toras e que a seleção deve ser feita tanto em nível de procedências com em nível de indivíduos dentro da procedência. O uso de imagens, obtidas em filmagens em VHS, mostrou-se adequado para análise rápida de rachaduras de um grande número de toras, mostrando ser um método eficaz para esse tipo de seleção.

Uma nova metodologia com o emprego de radiação na faixa do infravermelho próximo está sendo desenvolvida por pesquisadores da Embrapa Florestas e da UFPR para análise não destrutiva e previsão das tensões de crescimento. Inicialmente a metodologia será testada em equipamentos sofisticados de bancada e posteriormente a técnica deverá ser estendida a equipamentos portáteis. Assim será possível auxiliar e acelerar os trabalhos dos melhoristas na seleção de árvores com menores índices de rachadura.

Rosana Clara V. Higa Pesquisadora da Emprapa Florestas sac@cnpf.embrapa.br

Agosto/2003