A produção tradicional de eucalipto no Brasil tem se utilizado do sistema de corte raso aos 6 ou 7 anos de plantio, seguido de condução da rebrota por mais 1 ou 2 rotações. O principal mercado dessa madeira são as empresas que a transformam em celulose, chapas e, principalmente, carvão vegetal para uso siderúrgico, geralmente em regimes auto-sustentados e verticalizados. Produzida em alta escala para atender à demanda acelerada desse parque industrial, essa madeira, destinada a processos transformadores destrutivos, tem como maiores parâmetros de avaliação o volume produzido por área/tempo( produtividade), a densidade básica e algumas características tecnológicas ligadas ao produto final, como teor de carbono fixo( carvão) e dimensões de fibras( celulose).
A potencialidade de uso do eucalipto como madeira serrada não é nenhuma novidade, tendo sido bastante enfatizada desde a sua introdução no Brasil. Outros países, como a Austrália, Argentina, Chile, Espanha já vêm usando a madeira na sua forma sólida, com excelentes resultados.
Um dos principais fatores que sempre atrasou o emprego bem sucedido do eucalipto em marcenaria e carpintaria foi a abundância de madeiras nativas, de excelente qualidade e a preços reduzidos.
A alternativa mais viável, a curto prazo, para substituir a madeira de espécies nativas e atender à demanda sempre crescente é o eucalipto. Excelentes produtividades em amplas áreas reflorestadas, pleno domínio das tecnologias de produção de sua madeira e a certeza de gerar grandes volumes que atendam às indústrias madeireiras e ao mercado moveleiro, conferem uma posição ímpar ao eucalipto.
A grande maioria das florestas com eucaliptos no Brasil é manejada para produção de rotações curtas (sete a oito anos), para a produção de celulose, carvão vegetal e painéis. Tais florestas são implantadas, na sua maioria, levando em consideração apenas a produção de biomassa e o rendimento volumétrico. Várias são as razões para que o eucalipto possa ser indicado como alternativa de oferta de madeira para inúmeros usos. Apesar de a maior parte de suas florestas estar comprometida com a produção de madeira para os denominados usos tradicionais: celulose, papel, chapa de fibras, carvão vegetal e lenha, espera-se que uma parcela possa ser destinada a outras aplicações madeireiras. O potencial do eucalipto, em relação ao número de espécies, proporciona também um importante leque de alternativas para a obtenção de madeiras com diferentes características tecnológicas. Por certo, serão encontradas espécies que substituirão, com vantagens, as madeiras atualmente em uso. Vem daí o crescimento do interesse pelos conhecimentos existentes sobre o eucalipto diante do chamado uso múltiplo da madeira.
O potencial de utilização múltipla da madeira de eucalipto cresce sobremaneira se toda a versatilidade do gênero for utilizada. É necessário que os conceitos tradicionais sejam revistos, reavaliando-se as espécies selecionadas e as técnicas de implantação, manejo, exploração, processamento e uso.
No hemisfério norte, é prática corrente o uso múltiplo das florestas e da madeira. Numa mesma área plantada, pode-se ter vários padrões de madeira, com vários usos. Em geral, são feitos desbastes periódicos, acompanhando o desenvolvimento da floresta. No caso do eucalipto, já aos quatro anos, é feita a primeira intervenção na floresta, retirando-se grande parte das árvores. As árvores remanescentes produzem madeira de alta qualidade e isto se reveste de importância estratégica, na medida em quer ocorre uma valorização da madeira de eucalipto. Simultaneamente, as áreas destinadas à produção madeireira oferecem outros benefícios, destacando-se a contribuição para melhorar o equilíbrio ecológico, através do sub-bosque mais denso e diversificado, além de uma ciclagem de nutrientes mais efetiva.
Experiências no Rio Grande do Sul propuseram o seguinte regime de desbastes para Eucalyptus grandis, plantado num espaçamento de 3,0 x 2,0 m (1667 plantas):
Primeiro desbaste (aos 4 anos ) – deixar 950 plantas/ha;
Segundo desbaste (aos 8 anos) – deixar 475 plantas/há;
Terceiro desbaste (aos 11 anos) – deixar 238 plantas/ha;
Corte final – aos 20 anos, com produção prevista de madeira para o final do ciclo de 540 m3/ha, sendo 275 m3 para serraria, 130 m3 para laminação e 135 m3/ha para outros usos. |