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REVISTA DA MADEIRA - EDIÇÃO N°75 - AGOSTO DE 2003

Construção Civil

A madeira de eucalipto na construção civil.

A utilização correta da madeira como material de construção somente se efetivará mediante o perfeito conhecimento de suas diferentes propriedades, conseqüência de sua constituição química e, principalmente, da organização dos diferentes tecidos celulares que constituem o xilema secundário. O desconhecimento dos atributos e características da madeira inviabiliza a sua correta utilização. Projetos de construção utilizando aço e concreto não podem ser transferidos para a madeira. Os arquitetos, engenheiros e construtores são profissionais preparados para trabalhar a madeira e capazes de entendê-la como um material diferente. Dentre os principais fatores que afetam as características da madeira, pode-se citar o sítio (que se relaciona com o ambiente onde crescem as árvores), operações silviculturais (desbaste, desrama, espaçamento), melhoramento genético (características hereditárias), agentes biológicos, métodos de exploração, conversão e processamento, entre outros.

Como material de construção, a madeira oferece muitas peculiaridades. Entre as vantagens, destaca-se como um dos poucos materiais renováveis, com baixa energia de processamento (muito menor que o aço, alumínio ou concreto), fornece um isolamento térmico, por polegada de espessura, muito maior do que os metais ou o concreto, maior relação resistência e rigidez para peso do que outros materiais, relativamente fácil para trabalho, exigindo ferramentas simples e, em algumas circunstâncias, apresenta alta durabilidade natural.. Entre as desvantagens, destaca-se o fato de a madeira ser combustível, apresentar baixa durabilidade natural, quanto ao ataque de organismos xilófagos (principalmente as espécies provenientes de reflorestamento e de rápido crescimento), apresentar defeitos decorrentes das tensões de crescimento e de uma secagem mal conduzida. Tais desvantagens não devem ser encaradas como obstáculo à utilização desse material, uma vez que existem soluções a níveis de projetos e relacionadas à sua própria tecnologia. Existe, sim, a necessidade de uma estreita ligação entre a ciência e tecnologia da madeira com a ciência e a técnica florestais, para que a madeira possa ocupar seu espaço e desempenhar uma função satisfatória como material de construção.

Para suprir as necessidades mais variadas de utilização de madeira, o Brasil optou por dois gêneros, Pinus e Eucalyptus, através de programas de reflorestamento. Apesar de produzir madeira de fácil processamento e trabalhabilidade, ainda não se conseguiu uma espécie ou variedade de Pinus que produzisse madeira com propriedades de resistência. Tal ineficiência de comportamento mecânico está relacionado, diretamente, ao baixo peso específico e às elevadas taxas de crescimento.

O gênero Eucalyptus possui um enorme potencial quanto ao suprimento de madeiras para os mais variados fins. A sua madeira se encontra em franca expansão no setor de construção civil e se tornará dominante, em futuro breve, em todas as instâncias do setor madeireiro. Quanto à resistência mecânica, o gênero não apresenta nenhuma restrição, em função do número elevado de espécies, apresentando características mecânicas variando de baixa a muito elevada. Em relação às outras propriedades tecnológicas, a madeira de eucalipto, ainda, é um desafio, principalmente em se tratando da produção de madeira para utilização mais nobre, como a indústria moveleira e alguns setores que demandam madeiras com características especiais. Tais desafios se devem, em grande parte, à inadequação do material utilizado, uma vez que a madeira disponível no mercado foi plantada e manejada com outros fins, como o suprimento de matéria-prima para a indústria de papel, chapas e carvão vegetal.. Para ampliar o leque de utilização da madeira de eucalipto, há necessidade da incorporação de novas espécies que podem substituir as espécies nativas, tradicionalmente utilizadas e atualmente encontradas, com certa raridade, no comércio madeireiro. Há necessidade de esforços cada vez maiores dos pesquisadores, no sentido de adequação de tecnologias de processamento às espécies já introduzidas e, também, um criterioso estudo de seleção de espécies e melhoramento genético, visando à obtenção de material adequado às novas exigências do mercado.

No Brasil, apenas a madeira de E. citriodora tem consagrada sua utilização na produção de postes e é tímida a sua participação como elemento estrutural de construções civil. A madeira de E. grandis vem ganhando espaço no mercado de madeiras para construção civil, face à grande disponibilidade. As demais espécies, no entanto, são praticamente desconhecidas do comércio madeireiro, em função da baixa disponibilidade e do total desconhecimento de suas propriedades como material de construção.

A caracterização da madeira de sete espécies de Eucalyptus e de nove espécies de madeiras nativas está apresentada nos Quadros 1 e 2.

As madeiras de E. citriodora e E. paniculata, por apresentarem propriedades de resistência e módulo de elasticidade variando de médio a elevado, poderão ser utilizadas em usos estruturais. Em utilizações que requeiram elevada estabilidade dimensional, deve-se utilizar a madeira de E. citriodora, pelo reduzido fator anisotrópico, apesar de apresentar elevados valores de contração volumétrica.