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REVISTA DA MADEIRA - EDIÇÃO N°60 - OUTUBRO DE 2001

Mercado

Alternativas de Mercado Externo Para Produtos de Madeira no Brasil

A situação atual de mercado para as exportações brasileiras de produtos de madeira melhorou consideravelmente sobre o ano passado. Isto reflete primeiramente as condições de mercado dos Estados Unidos, que são mais otimistas. Houve uma racionalização de fornecimento entre os vários exportadores nos Estados Unidos. E há uma incerteza no mercado norte americano sobre a situação canadense da tarifa de madeira serrada macia, como o acordo prévio “quota/tarifa” expirado em março 2001.

A situação do mercado de exportação para o Brasil é positiva e com grande potencial. Comparado aos seus concorrentes internacionais, entretanto, a indústria está fragmentada e descapitalizada. Mas a áreas de plantio de base florestal está em rápido crescimento de madeira macia e madeira dura -- entre as mais produtivas no mundo. O Brasil tem vantagens significativas de custos. Atualmente, o País, em segmentos selecionados de produtos de madeiras, compete com a Indonésia e parece ser competitivo com os produtores chineses de madeira compensada, usando toras importadas de pinus radiata.

As perguntas críticas para produtores brasileiros, envolvendo mercados externos para os produtos de madeira, é como alcançar estes mercados e como identificar as alternativas do produto. Estas são questões do retorno de mercado aos produtos. O governo, através da Apex, procura promover e ajudar a expandir as exportações de produtos de madeira brasileiros. Nós estivemos próximos e nos oferecemos para ajudar. Agora parece que este projeto está atrasado. É uma etapa necessária e essencial.

Hoje existem três estágios do desenvolvimento de mercado da exportação de produtos de base florestal. A primeira fase é a descoberta, porque alguns pioneiros incorporam a indústria. Isto começou em 1990 para o pinus brasileiro. Vem então uma fase de exploração, enquanto a indústria expande, os agentes importadores surfam entre os novos fornecedores. Para o Brasil, começou na metade dos anos 90 e ainda por baixo. O terceiro estágio é a fase da consolidação -- contatos e distribuição direta de mercados externos em desenvolvimento.

O Chile, por exemplo, encontra-se na terceira fase. No começo dos anos 90 o Chile já exportava clear blocks e madeira serrada industrial para os Estados Unidos, mas os produtores descobriram logo que os preços eram demasiadamente baixos e as exigências de qualidade demasiadamente altas. A decisão da indústria chilena foi aumentar o preço e exportar produtos acabados e semi-acabados. As maiores empresas, como a Terra Nova e a Arauco, instalaram seus próprios escritórios de marketing e a distribuição nos Estados Unidos. E a sua estratégia da consolidação tem sido bem sucedida.

Para o Brasil, as previsões indicam que os chilenos estão sempre 10 anos na frente. O que quer dizer que a consolidação brasileira esperará até 2005. Nós acreditamos que poderia se mover mais rapidamente. Há algumas indicações. Por exemplo, os exportadores brasileiros estão ganhando a certificação FSC, que está atrasada para a maioria das empresas chilenos. Em outras áreas, o Brasil já é o líder, como na fabricação de móveis de madeira.



Uma base global



Os Estados Unidos permanecem como o maior mercado de exportação para os produtos de madeira brasileira, com crescimento contínuo. Mas o ano passado não foi um ano bom. Os preços da madeira serrada nos Estados Unidos caíram US$ 100. / mbf ou US$ 40. – 60./m3. Esta foi a maior queda nos preços. As previsões de retomada na área da habitação foram de 10% mais baixo. O consumo de madeira serrada obteve um pico em 1999. Mas, de maneira geral, foi bom devido a economia norte americana ter obtido uma demanda elevada por r & r (reparo e renovação) com o segmento central para habitações. Infelizmente, a economia mundial foi fraca. E o dólar forte convidou mais exportações aos Estados Unidos sendo melhor mercado para os exportadores. Incluindo a Europa, o mercado de madeira serrada norte americana ultrapassou o limite em 2000 . E em vários produtos de madeira (todas as espécies) a América Latina foi um grande contribuinte, com crescentes aumentos de madeira dura do Brasil.

Os indicadores de exportações de madeira serrada macia do Brasil foram, em 2000, de 700.000m3, seguidos pelo Chile e por Nova Zelândia. A Europa continuou a manter importações da Europa (Áustria e Suécia). O México, com um mercado interno crescente, continuou a reduzir seus carregamentos. Estatísticas mensais de importação de madeira serrada indicaram grande variação. Foi difícil para o Brasil reduzir mercadorias, uma vez que o mercado caiu em 2000. Alguns itens como esquadrias mostram uma historia de crescimento similar, e os volumes continuaram a aumentar em 2001 contra 2000. A madeira compensada é um outro produto de exportação para os Estados Unidos, e há uma oportunidade para o compensado melhorar também.

Um fato observado é que o produto-misto brasileiro tende para produtos de baixa qualidade. Há, entretanto, um aumento de exportações de esquadrias brasileiras e desenvolvimento em potencial para a exportação.



A tendência futura para os Estados Unidos acreditamos ser positiva. Este País necessita importar a madeira serrada e a madeira compensada durante a próxima década. O fornecimento de material de alta qualidade continuará a cair e será substituído pela plantação de madeira macia. Além disso, os mercados brasileiros/Mercosul fornecerão novas opções para a plantação de madeira dura e macia.

Estas tendências predizem um futuro brilhante. O Brasil precisa desenvolver uma base industrial forte capaz de produzir uma larga escala de produtos de madeira e comercializar efetivamente ambos os produtos no mercado interno e externo.



Alternativas para os produtos brasileiros



Os maiores mercados nos Estados Unidos, que aceitam importações de madeira macia, estão concentrados em 5 produtos: madeira serrada industrial (largamente para molduras), tábuas, decks, cercas e molduras acabadas. As exportações do Brasil giram em torno de 60% da madeira serrada (blocks/blanks) & finger-joint. Os outros 40% são relativos a cercas. Algumas tábuas e decks estão sendo exportadas. Os maiores exportadores em tábuas e decks são os chilenos e os europeus. Moldura é um mercado em desenvolvimento para o Brasil. Mas outros setores de mercado precisam ser desenvolvidos.

O mercado de moldura dos Estados Unidos cresceu rapidamente nos últimos 10 anos. O maior crescimento foi no segmento finger-joint. Este crescimento foi sustentado pelas importações de pinus radiata e de alguns pinus do sul. Um crescimento maior é previsto. Mas em uma taxa mais lenta e com mais substitutos, como MDF e plástico. Entretanto, as molduras eram somente 15% do valor total do consumo dos Estados Unidos em 1998 / 1999. As portas foram 30%, esquadrias de janelas 25%, esquadrias de portas e de janelas 5% e outros componentes 25 %. (a maior parte trabalhos em escada). Espera-se que cresça o mercado norte americano durante esta década em 3,6% anualmente. Tem uma perspectiva muita positiva. Isto sugere alternativas de expansão do mercado.

Uma outra alternativa valiosa e substituta para clear-blocks são os decks (estrados). Este é um mercado crescente nos Estados Unidos, em expansão também no Reino Unido. A espécie principal é o pinus do sul. É um produto tratado e requer a certificação (selo testado e classificado) para ser aceito totalmente no mercado norte americano. Com uma avaliação de extensão de 16 polegadas, os tamanhos padrões são 25/50 milímetros x 140 milímetros x 2,4 - 4,8m de comprimento. É um produto de época. A Battistella e a Klabin, assim como outras, têm o selo de classificação para suas áreas florestais.

Cerca de madeira serrada (e painéis) é uma aplicação. Embora seja importante hoje, não é a base para a indústria brasileira. Há um crescimento de mercado, entretanto, mas há um desenvolvimento para os mercados de tábuas de pinus.

Em 1999, o novo “wane-free”, tábua comum (réguas de sfpa), criou um mercado emergente para o pinus brasileiro de classificação. A especificação de produto foi estabelecida pelos principais centros compradores. Quiseram um produto melhor. A indústria dos Estados Unidos recusou a produzi-lo, devido às perdas da recuperação, havendo uma procura de importação. Para ambos produtos interiores e exteriores (não-estruturais). É tratado para aplicações exteriores e não tratados para construções interiores. Estas chamadas de “super boards” aceitam certos defeitos incluindo nós, mas sem diminuições. Tem um bom potencial de mercado para o Brasil, com várias medidas de tamanhos (89 - 184mm nas larguras e nos comprimentos 2,4 –3,6 m). O preço em 2000 foi afetado pela falta de participação da indústria dos Estados Unidos, mas o mercado está melhorando e houve um pequeno prêmio pago pela “super board” importada.

Um segundo mercado nos Estados Unidos é para aplicações selecionadas de interiores ou tábuas de alta classificação. Alguns distribuidores desenvolveram nas lojas “programas de suporte”, com centros principais. O suporte mostra um sortimento de tábuas. As medidas são de acordo com o gosto dos clientes. O Chile e a Nova Zelândia estão fornecendo produtos selecionados de tábuas. Um outro produto valioso de pinho é cut-stock para os componentes de móveis. O pinho do sul é responsável por 50 % da madeira macia fornecida pelos fabricantes de móveis dos Estados Unidos. Vários distribuidores especializam-se em servir à indústria de móveis, e fornecem o pinus radiata, assim como alguns pinus brasileiros. O cut-stock comanda um preço mais elevado do que o clear-blocks (20 - 50%), fornecendo uma alternativa de mercado – uma extensão do produto dentro da tecnologia brasileira existente.

Há outras variações dos mesmos produtos ou de combinações de produtos de mercado. Isto inclui cut-stock para portas, cut-stock para janelas, e painéis colados para a indústria de móveis. Todas estas alternativas promovem e adicionam valor.

Para outros mercados de exportação os Estados Unidos fornecem um acesso mais fácil e tem retorno melhor. Ao mesmo tempo, o pinus do sul é uma espécie aceitável internacionalmente. Há outros mercados potenciais, dependendo das condições econômicas e do transporte. Estas incluem Europa, Japão e determinados mercados sul-asiáticos, incluindo o Oriente Médio. No Japão tem aplicações similares aos Estados Unidos. Já a Coréia tem sido um mercado atrativo de painel colado. A Europa está cada vez mais procurando produtos certificados de madeira macia. O sudeste da Asia e a China estão procurando fornecedores para produzir produtos certificados para a re-exportação. Há mercados caribenhos e mercados domésticos. Evidentemente, o foco de mercado deve ser global.



Consciência de mercado



Quais são as principais mudanças aplicadas para o Brasil nestes mercados?

Inicialmente deve-se incluir a globalização de varejos centrais e a certificação. O fator principal, entretanto, para produtos florestais é a consciência de mercado. Deve-se determinar qual o ambiente ideal, comércio/internet, para consolidação da indústria e tarifas. Alguns centros multinacionais que entraram na América do Sul dominam agora vendas de produtos florestais nos Estados Unidos e na Europa. O conceito do “faça você mesmo em casa” é novo. Hoje, é um conceito aceito no Brasil, mas era desconhecido 3-4 anos atrás. No Chile, as correntes de “diy” tem promovido os produtos de madeira macia e fornecido um grande aumento em vendas domésticas, durante os últimos 5 anos. O mesmo potencial é previsto para o Brasil. O depósito doméstico é o líder mundial nos negócios de “diy” com aproximadamente mil lojas e ainda existe a abertura de uma loja nova a cada 53 horas. Um recorde de grande perspectiva, incluindo Argentina e Chile. O Brasil está na lista de expansão.

Em segundo lugar, há a certificação FSC. Os principais grupos domésticos no hemisfério norte tem adotado e promovido a certificação ambiental. O único programa de certificação com aceitação internacional do mercado é FSC (Forest Stewardship Council). Isto fornece uma garantia ao cliente do sistema de gerenciamento do manejo de recurso sustentável, assim como critérios de desenvolvimento social/econômico. Há vantagens significativas de marketing para produtos FSC em mercados de exportação. Várias companhias brasileiras florestais reconheceram os benefícios e certificaram-se. Outras estão em processo. A indústria de processamento é a próxima. Há uma vantagem de dois a três anos de oportunidade de exportação para o Brasil, nos quais os maiores concorrentes têm problemas e/ou atrasos de certificação. Nós acreditamos que a indústria e o governo precisam publicar estas atividades de FSC, já que há uma procura exigida.



Eucalipto - Uma alternativa de exportação



Desde os meados de 1990, os exportadores do hemisfério sul de madeira macia focalizaram-se em uma única espécie: o pinus radiata ou pinho do sul. Transformou-se rapidamente num negócio cômodo. Agora a indústria em más épocas esforça-se para sobreviver. Mas o Brasil tem facilidade para plantios de eucalipto. Hoje, há uma indústria em desenvolvimento de produtos de madeira sólida baseada no eucalipto.Com isso, fornece uma segunda oportunidade de exportação para o Brasil em produtos de base florestal.

A demanda pelo plantio de eucalipto tem uma formação global: é um substituto para toras tropicais em declínio e tem obtido a certificação FSC. A indústria também criou uma demanda do produto. No final de 1998 foram feitos os primeiros carregamentos brasileiros de eucalipto com certificação. Uma aplicação muito bem sucedida são os móveis de jardim - para varejistas do norte da Europa. Agora as exportações de móveis de jardim estão se expandindo nos Estados Unidos. Outros produtos estão sendo desenvolvidos e a indústria está exportando cut-stock para a Europa, Estados Unidos, e o sudeste da Ásia (sendo que esta última reexporta a maior parte).

Primeiramente, é importante compreender que o reflorestamento e o potencial de exportação do eucalipto podem fornecer uma comparação ao pinus. Em segundo lugar, o eucalipto é muito mais um negócio de nicho de mercado, desenvolvendo produtos específicos para os clientes. É uma recolocação para madeiras duras tropicais e, porque se torna bem sucedido, comandará a substituição dos preços.

A exportação de madeira brasileira está ainda em desenvolvimento. Há esforços para o crescimento, mas existe também um grande potencial para adicionar e agregar valores. É importante indicar um futuro positivo para as madeiras duras. O mercado de madeiras duras nativas também está se expandindo. E por último, os estudos de plantios de eucalipto confirmam nossa tese - a importância da consciência de mercado para valores adicionados e agregados. Em todos os casos, os produtores brasileiros devem ter a consciência direta do mercado e dirigir-se à interação do mercado.

Robert H. Donnelly

Consultor norte-americano, especialista na área de madeira e derivados