Indústria de base florestal mostra aumento recorde nas vendas externas. Em 2002 chegou a US$ 4,4 bilhões. Neste ano, em seis meses, já atinge US$ 2,6 bilhões.
Acompanhando uma evolução que já persiste há cinco anos, a indústria de base florestal – madeira, móveis, papel e celulose – mostra crescimento nas vendas externas e deverá fechar o ano de 2003 novamente com indicadores positivos. Em 2002 este segmento totalizou vendas externas no valor de US$ 4,4 bilhões, ou seja, 7,5% do total exportado pelo País em todos os segmentos econômicos. Isso significa que a indústria de base florestal representa hoje um dos principais itens da pauta de exportações do Brasil, e com forte potencial de crescimento para os próximos anos
Nos primeiro semestre de 2003 as exportações nesta área já chegam a US$ 2,6 bilhões, o que indica um novo recorde para o setor. A indústria da madeira lidera em volume exportado, chegando nos seis primeiros meses do ano a US$ 910,1 milhões. As exportações de celulose chegaram neste período a US$ 840 milhões, e a de papel e papelão totalizaram US$ 540,9 milhões. Já a indústria do mobiliário fechou o semestre com vendas externas de US$ 305,3 milhões.
Mesmo diante de muitas oscilações político/econômicas os resultados até o presente momento são considerados animadores. O início do novo governo federal e as mudanças nas taxas de câmbio tiveram influência na decisão de muitos empresários em incrementar ou não as vendas ao mercado externo. Paralelamente, muitos países, potenciais parceiros de negócios do Brasil, enfrentam desaquecimento interno, com limitações nas compras e redução na oferta de empregos. A imposição de barreiras alfandegárias, queda de preços e a própria insegurança em relação a instabilidade política-econômica de muitos países forçaram a busca por alternativas que viabilizassem o incremento das vendas.
Alguns países já despontam hoje como grandes parceiros comerciais do Brasil. A China, por exemplo, que em 2001 era o nono país mais importante comprador de produtos de madeira do Brasil, saltou em 2002 para terceiro e neste ano continua em alta, podendo chegar próximo ao Reino Unido, nosso segundo mais importante mercado comprador. Os Estados Unidos lideram como principal importador não só de madeira, mas também de móveis.
Nas exportações de madeira do primeiro semestre de 2003 a madeira serrada atingiu US$ 298 milhões em vendas externas, e o compensado chegou a US$ 243 milhões. Alguns itens vem se destacando no mercado externo, especialmente com produtos de maior valor agregado. É o caso do item janelas, portas e assoalhos, que em 2002 fechou o ano com US$ 169 milhões, e somente no primeiro semestre de 2003 já atingiu US$ 112 milhões.
No último ano, as vendas externas do item madeira chegaram a US$ 1,76 bilhão, representando um crescimento de 18% em relação ao ano anterior. O aumento nas vendas, especialmente em 2002, foi decorrente de vários fatores, entre eles a variação cambial positiva, que manteve o dólar em alta, a busca por mercados alternativos, o estímulo a venda de produtos com maior valor agregado e a maior agressividade das empresas na conquista do mercado internacional.
A indústria do mobiliário, que possui um programa específico de incentivo às exportações, vem ganhando aos poucos especo no mercado internacional. Algumas dificuldades, entretanto, ainda precisam ser superadas para atingir níveis de vendas compatíveis com o potencial desta indústria no Brasil. No último ano, as exportações de móveis totalizaram US$ 561 milhões, representando um aumento de 10% sobre o ano anterior. Os resultados só não foram melhores devido a crise enfrentada pelos países do Mercosul, em especial a Argentina, tradicionalmente o segundo mais importante mercado para produtos brasileiros. Em 2001 o mercado argentino apresentou US$ 69,9 milhões em importações, enquanto que no último ano este volume caiu para US$ 7,1 milhões. Caminho similar tomou nosso vizinho Uruguai, que do volume importado de US$ 23,2 milhões em 2001, caiu para US$ 9,1 milhões no último ano. Já em 2003 estes mercados começaram a reagir e mostram tendência de crescimento nas importações.
O mercado norte-americano continua sendo a mais importante rota para as vendas externas de móveis. No último ano totalizaram importações de US$ 239 milhões, ou seja, mais de 40% do total vendido ao exterior pelo setor.
Na pauta de produtos de base florestal também se enquadram a celulose e o papel. Nos últimos anos, este segmento tem apresentado queda nas vendas em dólar, decorrente sobretudo da queda do preço internacional. Do total de US$ 2,19 bilhões exportados em 2001, o segmento fechou 2002 com US$ 2,05 bilhões em 2002, representando uma queda em dólar de 6,1%. A pasta de celulose, que já chegou a US$ 1,6 bilhão no ano de 2000, fechou o ano de 2002 com vendas externas de US$ 1,16 bilhão. Neste ano mostra uma reação positiva e poderá recuperar o espaço perdido. No primeiro semestre de 2003 as vendas externas neste item chegaram a US$ 840 milhões.
Em cada segmento, dificuldades específicas tem de ser superadas para fugir das barreiras e da forte concorrência internacional. No caso da madeira, por exemplo, o crescimento das vendas externas tem sido alicerçado por um trabalho de longa data das indústrias do setor. A busca por mercados alternativos, fugindo da pesada concorrência sofrida por produtores da Ásia e leste europeu, que concentram suas vendas nos mercados tradicionais, onde trabalham fortemente com preço, é uma opção que tem dado bons resultados.
Outro aspecto importante é a mudança no perfil do empresário do setor que hoje está intensificando sua presença, de forma coletiva ou individual, em feiras e eventos internacionais. Além de oportunizar negócios, mostrando ao mundo o potencial que o Brasil possui em produtos com maior valor agregado, permite acompanhar as tendências internacionais e adequar produtos às necessidades específicas de cada mercado.
Agosto/2003 |