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REVISTA DA MADEIRA - EDIÇÃO N°73 - JULHO DE 2003

Transporte e Manejo

Tecnologia para o rendimento da colheita

Apesar de toda a tecnologia à disposição para a colheita florestal, muitas empresas florestais, no Brasil, ainda utilizam sistemas manuais e semi-mecanizados em suas atividades. As operações de colheita da madeira são consideradas as de maior custo no processo produtivo de uma empresa florestal. Por isso, todo sistema de colheita florestal requer uma avaliação de rendimento para uma eficiente análise das viabilidades técnicas e econômicas, seja ele mecanizado ou não.

O estudo comparativo de rendimento nas operações semi-mecanizadas de colheita florestal, bem como a melhor adequação dos equipamentos aos sistemas de produção em função da realidade de cada empresa, são fatores preponderantes na otimização da produção, minimizando custos e privilegiando a qualidade final do produto. A colheita da madeira e o transporte em florestas plantadas são consideradas como as principais atividades na definição de custos de matéria-prima para as fábricas transformadoras de produtos, representando em média 60 a 70% dos custos da madeira posta no pátio das empresas.

Qualquer sistema de colheita florestal requer uma avaliação do rendimento visando a análise das viabilidades técnicas e econômicas, seja ele mecanizado ou não.

O estudo comparativo de rendimento nas operações semi-mecanizadas aos sistemas de produção em função da realidade de cada empresa, são fatores preponderantes na otimização da produção, minimizando custos e privilegiando a qualidade final do produto.

A avaliação dos sistemas de colheita de madeira, independente do grau de mecanização utilizado, é a ferramenta fundamental para intervenções no processo produtivo, as quais visam a racionalização e otimização da produção com a minimização dos custos, tornado-se um instrumento indispensável no estudo comparativo de diferentes métodos ou equipamentos de colheita florestal.

Alguns especialistas dizem que um sistema de colheita de madeira compreende um conjunto de operações ou processos individuais interdependentes, que tem como resultados a madeira cortada e transportada até o pátio da indústria ou consumidor final. Outros definem sistema de colheita de madeira como toda a cadeia de produção, ou seja, todas as atividades parciais desde a derrubada até a madeira ser posta no pátio da indústria consumidora.

O sistema de colheita para as madeiras curtas é composto por máquinas que efetuam o corte, desgalhamento e traçamento no próprio local onde a árvore se encontra, com posterior extração para as beiras de estrada com tratores auto-carregáveis.

No sistema de colheita de madeira longa os tratores derrubadores cortam as árvores e fazem feixes com as mesmas preparando-as para os tratores arrastadores que as levam para beira das estradas onde elas serão desgalhadas, traçadas e carregadas sobre o caminhão com a utilização de tratores carregadores acoplados com equipamentos desgalhadores e traçadores.

O sistema de toras curtas ou também chamado corte na medida na detém vantagens em relação ao sistema de toras longas. A madeira é processada próximo ao toco, os galhos e as folhas são rejeitados, espalhados sob o solo, aumentando a ciclagem dos nutrientes e a produtividade do sítio. Outra vantagem está no uso do “forwarder”, que ao possuir caixa de carga reduz o sulcamento, distúrbio no solo e danos às árvores remanescentes. Ainda devido a capacidade de carga do “forwarder”, que é tipicamente maior do que a do “skidder”, a distância econômica de transporte primário pode ser aumentada.

Um sistema de colheita de madeira consta de três atividades ou operações básicas: corte-derrubada; extração-baldeio; e transporte. Estas etapas podem conter sub-operações, como: desgalhamento, seccionamento e outras; e, constam de atividades de apoio, como: planejamento, controles operacionais e de custos.

Tempos e movimentos

O estudo de “tempos e movimentos” é usado na avaliação do sistema de colheita de madeira, independente do grau de mecanização. Permite fazer correções ou alterações do processo de produção, visando a racionalização e otimização dos recursos utilizados. Trata-se, também, de um instrumento indispensável na comparação de diferentes métodos e equipamentos e, permite que as equações sejam ajustadas para estimar o rendimento das máquinas nas condições de trabalho.

Porém, especialistas dizem que não é recomendável a substituição de um sistema manual ou semi-mecanizado por um totalmente mecanizado, em curto prazo. Devem ser mantidas em prática as avaliações e o controle operacional como instrumento de otimização da produção dos atuais sistemas. As avaliações operacionais, o desenvolvimento e aperfeiçoamento de equipamentos e sistemas que se adaptem à realidade de cada empresa são o caminho para atingir rendimentos crescentes, menores custos e qualidade do processo e do produto.

Quando se executa um trabalho, existe sempre o problema de se encontrar o meio mais econômico de executar a tarefa e, após isso, de determinar a quantidade de trabalho que deve ser executada em um determinado período de tempo. No início, as aplicações do estudo de tempos, eram utilizadas na mão-de-obra direta nas fábricas. Mas, verificou-se que seus princípios eram universais, podendo ser empregados sempre que homens e máquinas fossem ocupados.

Existem diversas formas para medir o trabalho, como por exemplo, padrões de tempos sintéticos e amostragem do trabalho, mas a cronometragem direta é o método mais empregado.

A informação obtida com o estudo de tempo pode ser usada para estabelecer programações e planejar trabalho; estimar os custos de produção de um produto antes do início da fabricação; como auxílio ao preparo de orçamentos; estimativa de produtividade de homens e máquinas; dimensionamento da frota, ou seja, estimativa de quantidade de máquinas e pessoas necessárias para obter uma dada produtividade; e como base para o pagamento de incentivo à mão-de-obra direta ou indireta.

O empenho em otimizar o rendimento de sistemas de produção pouco mecanizados deve ser constante, considerando que há determinadas condições topográficas ou edáficas que praticamente impedem a mecanização com os equipamentos atualmente disponíveis. Assim, uma certa parcela da produção provavelmente ainda continuará a ser executada com métodos similares ou derivados dos atualmente empregados por um período de tempo relativamente longo.

A aquisição e introdução de qualquer equipamento deve ser precedida de um detalhado estudo referente aos custos e rendimentos, infra-estrutura de assistência técnica dos fornecedores e treinamentos dos operadores. Deve, também ser acompanhada de eficiente serviço de manutenção, avaliações periódicas de resultados, além de atender plenamente à segurança e ergonomia dos operadores.

As indústrias de médio e pequeno porte, em sua maioria, ainda utilizam sistemas semi-mecanizados de colheita de madeira em função de que inexistem linhas de crédito para aquisição de equipamentos florestais para colheita de madeira, também pelo elevado preço de aquisição destes equipamentos. Por estes e outros fatores é necessário uma ampla avaliação de rendimento. O objetivo é minimizar custos tornando a atividade de colheita da madeira rentável e positiva na cadeia operacional das empresas.

Geralmente não é possível operar uma máquina continuamente ou na sua capacidade total. Mas, a capacidade efetiva ou real deve ser menor do que a capacidade teórica ou potencial. Qualquer tempo em que a máquina não esteja operando no campo é contado como tempo perdido.

O grau de disponibilidade mecânica é o percentual de tempo na qual a máquina está disponível para o trabalho. Com o aumento do grau de disponibilidade mecânica há um conseqüente aumento da eficiência operacional.

A manutenção preventiva nas máquinas em geral, reduz os tempos de interrupções das jornadas de trabalhos e também contribuem para obtenção de custos operacionais menores. Para que o equipamento esteja em condições de disponibilidade, um controle eficaz de manutenção deve sempre ser observado.



Erwin Hugo Ressel Filho – PPGEF, Universidade Federal de Santa Maria

Julho/2003