Encontro reúne exportadores em Curitiba
Depois de reunir empresários brasileiros nas cidades de Shanghai e Pequim, na China, a Marine Box Lumber Agency Ltda trouxe representantes de empresas chinesas para consolidar negócios com madeireiros brasileiros. O evento aconteceu no dia 24 de agosto, em Curitiba, e reuniu cerca de 60 empresários.
Pela primeira vez no Brasil, juntos em um mesmo local, produtores, agente e compradores formaram a maior reunião do setor. “O objetivo foi aproximar o fornecedor do comprador, além de deixar mais transparente o nosso trabalho”, disse Luiz Renato Durski Junior, diretor da Marine Box, em entrevista concedida à Revista da Madeira.
Com a experiência adquirida em três gerações de madeireiros, Luiz Renato Durski Junior, diretor da Marine Box, sabe como ninguém da importância que o bom relacionamento entre comprador e vendedor deve Ter. Prova disso está no fato que a Marine Box tornou-se, em menos de dois anos de existência, a mais importante empresa de agenciamento neste segmento da América do Sul.
Para o diretor da Marine Box, a idéia desse estreitamento de relações é o ponto de partida para que fique claro o lado de cada um dos envolvidos. Ou seja, para que haja um melhor entendimento é preciso que um saiba das dificuldades que o outro atravessa . Assim, todos ficam sabendo o que pode ser feito, sendo este um dos princípios para que as negociações possam avançar com sucesso.
A Marine Box Lumber Agency conta hoje com uma equipe de colaboradores em Curitiba, responsável pela compra e venda de madeiras (agenciamento), preparação de documentos para embarque, reserva de navios e emissão de documentos para cobrança.
Esta empresa de agenciamento é responsável pela maior parte das exportações brasileiras não só para China como para toda a Europa, América Central, USA, Israel, Japão, Argentina, e Uruguai.
Em Paranaguá trabalha outra equipe de funcionários responsável pela vistoria de cada carga de madeira que chega de seus fornecedores para posterior exportação. Isso é necessário para que a qualidade seja exatamente a exigida pelo cliente, evitando assim problemas posteriores, caso a madeira chegasse com defeitos no destino.
“A Marine Box tem a diferenciação por garantir e assumir total responsabilidade pela madeira por ela vistoriada. Após a vistoria, se apta a embarcar, o fornecedor não tem mais nenhuma responsabilidade por qualidade. Se por qualquer motivo o cliente vier a reclamar e exigir pagamento de “claim”, isto é por conta da Marine Box, destaca Giselda Ditzel Durski, diretora da Marine Box em entrevista concedida a esta revista.
Por outro lado, se após a vistoria a madeira não for aprovada, a Marine Box tem uma parceria com a Madeireira Essencial Ltda que faz a reclassificação para posterior aprovação pela Marine Box.
Todo esse processo faz parte do sistema de gestão de qualidade visando a implementação do Certificado de Qualidade ISO 9001. A Marine Box terá em breve este certificado, podendo assim oferecer serviços cada vez mais satisfatórios ao cliente dentro do mais perfeito padrão de qualidade.Quem está dando suporte para implementação deste sistema é a Rayla Soluções em Sistema de Qualidade.
A política de qualidade da Marine Box Lumber Agency é a seguinte:
“Ser a maior empresa de intermediação de madeiras do mundo, gerando lucros cada vez maiores para os fornecedores, clientes e para a empresa, com pontualidade na entrega e cumprindo os padrões de qualidade especificados”.
Com esta política, a Marine Box tem expandido muito sua gama de clientes no Brasil, com fornecedores , e no exterior, com importadores da madeira brasileira.
Cartas na mesa
Durante o encontro foram discutidas questões importantes para a continuidade do comércio de importação e exportação. Foram apresentados quesitos como o que seria ou não aceitável pelo mercado Chinês.
Um fato importante levantado é o aumento no conhecimento dos chineses com relação à madeira brasileira. Isso está fazendo com que aumentem as exigências de empresas daquele país no que diz respeito a qualidade da matéria-prima.
Carl Lou, presidente da Shanghai Anxin Flooring Co. – uma das maiores importadores chinesas de madeiras brasileiras - destacou a importância dos produtores brasileiros colaborarem para a melhoria qualitativa da madeira negociada, o que fará o consumidor chinês dar preferência ao produto brasileiro.
Oscilação nas vendas
No primeiro semestre deste ano houve uma queda significativa nas exportações brasileiras para a China. Isto é conseqüência da oscilação no mercado chinês.
A China consome, além de madeiras brasileiras, madeiras da Indonésia, Malásia e África. O preço das madeiras do Brasil sofrem a influência da má situação econômica e política da Indonésia. Os produtores de S4S desse país vendem a preços abaixo do valor do mercado, com receio de terem seus estoques confiscados pelo Governo. Pela situação instável, a cotação do dólar sobe na Indonésia, os produtos são vendidos mais barato (em dólar), mas assim mesmo recebem bons preços convertendo para a moeda local.
O mercado, entretanto, está caminhando para a estabilização, principalmente porque o preço da matéria-prima na Indonésia chegou no limite e não deve baixar mais.
Com relação às opções em importação, até dois atrás a China acompanhava o padrão europeu na preferência das cores dos pisos. Utilizava-se tons claros, como o marfim. A partir deste ano, a tendência é a mudança no estilo e nas cores, com a opção pelo uso de madeiras mais escuras. Mudará assim também a matéria-prima e o mercado se restringirá em poucas espécies de madeira.
Isto facilitará bastante a preservação das florestas, podendo ser aplicadas as técnicas de manejo, mantendo-se intactas muitas espécies e também árvores jovens da flora brasileira. Existe uma grande preocupação ecológica, principalmente no setor madeireiro, o qual tem a intenção de preservar para continuar usufruindo.
Manejo sustentado
Hoje só se retira da floresta as árvores de grande porte, as mais velhas, assim abrevia-se espaço para as mais novas se desenvolverem. O manejo funciona bem neste aspecto: extrair de forma planejada para continuar tendo sempre.
Para Siderlei Luiz Mason, diretor da SM Laminados e um dos maiores produtores de madeira da região amazônica, a prática do manejo ainda é uma coisa nova. “Nós estamos aprendendo. Não existem muitos técnicos, engenheiros e profissionais que dominem o plano”, observa. É um trabalho extremamente técnico e que tem um custo alto que terá que ser repassado para a madeira, só que elevaria os preços tornando a atividade madeireira inviável. O produtor quer acompanhar as determinações do IBAMA quanto aos projetos de manejo porque sabe que é uma forma de limitar o corte e a queima, preservando a espécie que não se utiliza hoje, mas que será útil daqui a alguns anos, conclui Mason.
Outros produtores como Paulo Sung, da Imafort, ressaltam a importância de um maior apoio do Governo. A proposta é desburocratizar para que o madeireiro possa investir na aquisição de máquinas e equipamentos. Esta é uma das sugestões levantadas para que o setor colabore com a geração de empregos e traga mais divisas para o país. Outra hipótese levantada, seria o adiantamentos de cartas de crédito, o que com certeza aumentaria o comércio madeireiro.
Mercado futuro
O maior volume de negócios ligado ao comércio de madeira gira em torno da exportação de S4S, destinada à fabricação de assoalhos maciços. Na China existem aproximadamente quatro mil pequenas empresas especializadas na confecção de pisos. A mão de obra chinesa não é tão barata como se pensa. O valor do salário mínimo equivale ao do Brasil, porém os chineses tem um know how muito desenvolvido na fabricação de assoalhos, o que lhes dá uma vantagem neste tipo de comércio. Hoje a grande maioria de madeiras importadas pela China é a simplesmente aplainada pela razão de que para essas a taxa de importação é zero. Já a madeira com algum valor agregado como assoalhos prontos, não interessa ao mercado chinês porque a taxa sobe para 15%.
A tendência do mercado é crescer cada vez mais, mesmo porque no mercado asiático está se trabalhando muito a segmentação de produtos específicos a fim de atender melhor as exigências de cada consumidor.
Na China cada região pede um tipo de material ou dimensões diferentes. Por exemplo, na região norte, que é mais úmida, não é possível comercializar o Roxinho. Ele absorve muita umidade e dilata, deixando os chineses insatisfeitos, e conseqüentemente o mercado ficará “queimado” para outros produtos derivados da madeira. Outro detalhe importante diz respeito ao comprimento das tábuas: na região norte vende-se mais a de comprimento maior; na região sul, a mais curta.
A credibilidade é fator decisivo para se estabelecer um mercado duradouro, por isso deve-se estudar muito bem como a madeira reage em cada situação climática, para que o lucro de hoje não vire prejuízo amanhã, disse Carl Lou, presidente da Anxin.
Em 2002 a Anxin Flooring deve começar a diversificar a linha de produção. Além de assoalhos expandirá os produtos para escada e corrimão. Outros objetos serão criados a partir da madeira tropical, o que mudará será o padrão de medida que será diferente. Qualidade e bom preço é primordial para a sobrevivência de quem quiser manter-se no mercado, porque hoje já existe uma grande concorrência no mercado chinês. A Shanghai Anxin Flooring pretende estabilizar seus preços, uma vez que eles tiveram uma pequena queda, no mercado mundial, mas para isso precisa uma ótima qualidade a qual está sendo conseguida através da Marine Box Lumber Agency, que está representando os maiores e melhores fornecedores de S4S do Brasil, e porque não dizer, do mundo!
Aumento de demanda
Para o empresário chinês Carl Lou, existem três fatores que contribuirão decisivamente para um aumento considerável nas vendas de madeira tropical nos próximos anos:
Primeiro: As Olimpíadas de 2008, que acontecem em Pequim. A Shanghai Anxin Flooring investiu aproximadamente US$ 300 mil em propaganda e marketing dirigido aos construtores da Vila Olímpica. E tudo indica que estes valores poderão aumentar, chegando a US$ 700 mil somente com publicidade dirigida.
Segundo: Aumento pelo interesse dos chineses em produtos naturais. Há dois anos atrás o mercado chinês estava dividido em 70% para pisos laminados e 30% para maciços. Hoje esta projeção já está em 50% para cada segmento. E provavelmente daqui a dois anos haverá uma inversão, com apenas 30% para laminados e 70% para maciços, aumentando consideravelmente a demanda por madeira.
Terceiro: A China entra para a Organização Mundial do Comércio com grandes espectativas. Há também a concretização de sociedade com o grupo Mitsubishi, abrindo boas perspectivas para o mercado japonês. |