O estado do Pará possui 73% de sua cobertura vegetal composta por florestas, característica que define a base econômica do estado, baseada no extrativismo madeireiro, na agropecuária e na mineração industrial. O mogno (Swietenia macrophylla King.), a madeira tropical mais valiosa do planeta (US$ 1.200 por m³ FOB serrado), é uma das espécies típicas dessas florestas situadas ao sul do Estado. Apesar da redução significativa de suas reservas florestais, nas últimas décadas, o Estado apresenta bom potencial para exploração sustentada.
A área florestal do Estado é composta em 49% por florestas densas, 23% florestas abertas e as estacionais são apenas 1%. Os tipos não florestais, tais como cerrados, campos naturais, áreas de transição ecológica e formações pioneiras, representam 8%, enquanto as áreas desmatadas somam 19%.
As matas densas abrigam árvores altas, de 25 a 35 metros de altura, com dossel fechado e sub-bosques limpos. As florestas abertas possuem árvores de menor porte e dossel mais aberto. Para os bosques abertos foi estimada uma área média de 13,5 m² por ha.
As florestas de várzea ocorrem em áreas sujeitas às inundações. Essas florestas possuem menor valor madeireiro se comparadas às florestas densas de terra firme. Mas, apenas 10% das espécies comercialmente extraídas na Amazônia são exclusivas de florestas aluviais.
Cobertura vegetal do Pará
A extensa rede de estradas, o relevo suavemente ondulado e as boas condições de navegabilidade dos rios do Pará fazem com que 77% das florestas do Estado sejam economicamente acessíveis às atividade madeireira. Apenas 23% são florestas consideradas inacessíveis por estarem situadas em áreas de relevo acidentado, rios não navegáveis e uma precária rede de estradas. Essas florestas remotas estão localizadas principalmente no extremo norte do Estado.
No caso específico das florestas acessíveis, quase dois terços são espécies de médio e alto valor comercial. No trecho restante, somente é viável extrair e transportar espécies de valor econômico muito alto, como é o caso do mogno (Swietenia macrophylla K.), cujo preço fica em torno de US$ 1.200 por m³ (FOB) serrado para exportação.
As características climáticas do Pará são favoráveis a existência de florestas. As chuvas são abundantes, com a precipitação anual variando de 1.500 mm, no sul do Estado, a 3.500 mm - 4.000 mm. O alto teor de umidade cria condições para a proliferação das florestas.
Em geral, as condições de solo são mais adequadas à atividade florestal do que à agropecuária. A maioria (75%) dos solos do Pará possui alta acidez e baixa fertilidade natural. Solos férteis e bem drenados são raros e ocorrem em apenas 6% do Estado.
Pólos madeireiros
Os pólos madeireiros concentram aproximadamente 95% da madeira extraída e processada no Estado. A atividade madeireira está concentrada em 24 pólos madeireiros. Os últimos estudos feitos pelo Imazon demonstram que esses pólos abrigavam 676 empresas madeireiras, das quais 602 eram serrarias, 43 eram laminadoras e 31 eram fábricas de compensados. Além disso, haviam 534 serrarias circulares localizadas principalmente nas regiões do estuário e baixo Amazonas. No ano passado, a renda bruta gerada pela atividade madeireira foi aproximadamente US$ 1,026 bilhão.
A zona leste é uma velha fronteira madeireira coberta originalmente por florestas densas de terra firme. As condições de acesso são boas, com a existência das rodovias Belém-Brasília e Pará 150 e uma intensa rede de estradas. Essa região, responsável por aproximadamente 65% da madeira em tora do Estado, tem Paragominas entre principais pólos madeireiros. Após três décadas de exploração madeireira intensa, houve uma redução expressiva dos estoques naturais de madeira. Só em Paragominas a redução foi estimada em 55% na produção de madeira.
A zona sul é uma velha fronteira madeireira cuja cobertura vegetal original era dominada por florestas abertas. Originalmente, a zona sul era a principal área de ocorrência do mogno, cujos estoques foram praticamente extirpados nessa zona no final dos anos 90.
Atualmente, a cobertura florestal está bastante reduzida nas áreas privadas, em especial aquelas situadas nos municípios de Redenção e Rio Maria. Os bosques remanescentes estão concentrados nas extensas reservas indígenas estabelecidas nessa região. Os pólos madeireiros dessa região são responsáveis por apenas 10% da produção madeireira do Estado.
A zona do baixo Amazonas é responsável por 12% da produção de madeira em tora do Pará. Essa região é largamente coberta por florestas de várzea. A exploração seletiva vem ocorrendo desde o século XVII, mas foi somente a partir da década de 1960 que a produção madeireira dessa região passou a ser significativa. A partir deste período, houve um crescimento significativo nas exportações da virola (Virola surinamensis), uma espécie valiosa para a indústria de compensados. Além disso, o crescimento populacional da Grande Belém e de Macapá elevou significativamente a demanda por madeira de baixo valor para ser utilizada na construção de habitações rústicas.
As florestas densas de terra firme entremeadas com bosques abertos formam a vegetação típica da zona central. Nessa região, a atividade madeireira é mais recente. Os pólos madeireiros dessa região extraem e processam apenas 7% da madeira em tora do Estado.
De acordo com estudos realizados em 2002, as 1.210 madeireiras em funcionamento no Pará foram classificadas de acordo com o volume de madeira produzida. Desse total, existem cerca de 540 serrarias de porte micro (45%), cujo consumo anual de madeira em tora é inferior a 4 mil m³. O estudo constatou a existência de 190 madeireiras de pequeno porte (16%), cujo consumo anual de madeira em tora fica entre 4 mil m³ e 10 mil m³. Há também 330 indústrias madeireiras (27%) de porte médio, caracterizadas por um consumo superior a 10 mil m³ e inferior a 20 mil m³ em tora. As indústrias processadoras classificadas como grande porte somam 150 (12%) e possuem um consumo anual superior a 20 mil m³ de madeira em tora.
A atividade madeireira, no total no Estado gera mais de cerca de 55 mil empregos diretos nas atividades de exploração madeireira, transporte de madeira em tora e processamento.
Preços médios (US$/m³)
madeira laminada (US$ 213)
compensado (US$ 332)
madeira beneficiada no estuário – mercado nacional (US$ 267)
madeira beneficiada no centro, leste, sul e oeste –mercado nacional (US$ 333 a US$ 367)
madeira beneficiada para exportação (entre US$ 650 a US$ 730)
madeira serrada no estuário – mercado nacional (US$ 133)
madeira serrada no centro, leste, oeste e sul – mercado nacional (entre US$ 167 e US$ 184);
madeira serrada para exportação (US$ 325 a US$ 366).
Pólos Madeireiros
No Pará, o Imazon estima que a atividade madeireira tenha gerado uma renda bruta de US$ 1,026 bilhão. Desse total, a maioria (59%) foi gerada no leste do Pará, seguido pelo estuário (15%), sul (10%), centro (10%) e oeste, com 6%.
O consumo médio anual de uma microempresa madeireira é de cerca de 1,3 mil m³ de tora (serrarias circulares) a 3,8 mil metros cúbicos de tora (laminadoras). Por outro lado, as grandes indústrias processadoras de madeira consomem, em média, 28 mil m³ em tora (serrarias) a 78 mil m³(fábricas de compensados).
As empresas pequenas consomem entre 5,4 mil m² em tora (laminadoras) e 7,7 mil m³ em tora (serraria); enquanto as indústrias de porte médio, entre 12 mil metros cúbicos em tora (fábrica de compensados) e 14.500 m³ em tora (serraria).
O Estado do Pará está localizado numa área de 1.247.703 km², representa 15% do território nacional. As terras privadas representam pelo menos 18% do Estado, enquanto as áreas protegidas totalizam 30% do território. As áreas remanescentes (52%) são terras. Aproximadamente 1,7% do Estado (20,7 mil km²) está coberto pela sobreposição de diferentes tipos de áreas protegidas.
O Estado abriga uma população de aproximadamente 6,2 milhões de habitantes distribuídos em 143 municípios, dos quais aproximadamente 67% vivem em áreas urbanas.
Matéria elaborada a partir de dados pesquisados no livro “Pólos Madeireiros do Estado do Pará”. Autores: Adalberto Veríssimo e Eirivelthon Lima.
Maio/2003 |