Os painéis exigem cuidados extras em todas as fases da produção, composta por corte, usinagem, furação, montagem, colagem, lixamento e acabamento. Os cuidados começam pelo corte, primeira etapa de transformação do painel e que requer precisão no uso das ferramentas, podendo ser discos de serra calçados com pastilhas de metal duro (widea) ou superiores (diamante), ou ainda fresas e brocas.
Os painéis de aglomerado, MDF, OSB, compensado, sarrafeado, multilaminado, LVL e chapa dura, devem ter cuidados diferentes na operação de corte, pois cada um deles possui características bem definidas. Os painéis reconstituídos têm em sua composição um baixo teor de produtos abrasivos, por isso o desgaste das ferramentas não apresentam problemas na serragem. A homogeneidade no processo de fabricação facilita o corte, aumentando a produtividade e também a durabilidade dos gumes de corte dos discos de serra, desde que sejam utilizados discos de serra de metal duro ou superiores, respeitando os parâmetros de corte.
Para os cortes onde não é necessário um acabamento perfeito, os quais as bordas recebam usinagem de perfil ou revestimento, pode ser utilizado discos de serra do tipo universal. Neste caso, a espessura que varia entre 3,2 a 4mm, principalmente para painéis sem revestimento ou com revestimento em lâminas de madeira.
O MDF é o painel que apresenta as maiores vantagens ao ser cortado, justamente pela sua homogeneidade estrutural, e o BP, seja ele aplicado sobre o aglomerado ou MDF, apresenta as maiores dificuldades em se obter um bom acabamento, justamente pela delicadeza da camada melamínica. Por isso, é preciso usar um conjunto de disco de serra para corte e disco de serra riscador. A função do riscador, que gira em sentido contrário ao disco da serra que secciona o painel é abrir um pequeno sulco na parte inferior, em torno de 2mm. Assim, forma uma resistência nas paredes do material e proporciona um corte perfeito em ambas as faces.
Para cortes finais em serra circular ou esquadrejadeira sem riscador é utilizado disco de serra com maior número de dentes. Podem ser usados discos de serra com dentes alternados com espessura de 3,2 a 3,6 mm, com um ângulo de ataque do dente de 100 a 150. Estes discos de serra oferecem ótimas condições de corte e são, ao mesmo tempo, mais fáceis para fazer a manutenção e a afiação da geometria de corte.
Geralmente as máquinas seccionadoras já possuem o conjunto de disco de serra e riscador, sendo equipamentos recomendados para cortes de todos os tipos de painéis, sejam eles revestidos ou não. Existem no mercado diversos modelos de seccionadora, o importante é que esteja utilizando o disco de serra adequado e em perfeito estado de conservação (manutenção, afiação e principalmente geometria de corte). É importante observar as recomendações do fabricante da máquina para obter dela o melhor resultado.
Quanto ao formato dos dentes, os de formato reto são ideais para pré-corte de painéis de madeira reconstituída. Já os de formato alternado são utilizados em serras de uso universal para esquadrejamento de painéis sem revestimento e os alternados peito e costa são usados para corte de chapas revestidas (laminadas) com lâminas de madeira. Os dentes de formato reto e trapezoidal são mais salientes, resultando em cavacos quebrados em três partes. É utilizado para cortes de chapas revestidas com material sintético, laminado plástico, BP e FF.
Usinagem
Para usinagem dos painéis de madeira reconstituída recomenda-se utilizar ferramentas calçadas com pastilhas de metal duro (widea, pastilhas recambiáveis ou diamante). Estas pastilhas devem obedecer parâmetros de usinagem que são definidos, levando-se em conta: o material a ser usinado, o diâmetro da ferramenta, a RPM da máquina, o número de dentes e o formato do perfil. O melhor resultado na usinagem está relacionado com a combinação da RPM e da geometria de corte.
Os painéis apresentam características diferentes, conseqüentemente as aplicações devem ser diferenciadas. O MDF, por exemplo, permite elaborar um grande número de perfis, tanto na periferia como nas faces. Os perfis com cantos quadrados não são recomendados, pois dificultam o acabamento.
Para os demais materiais não é recomendada a utilização de perfis, com exceção para a aplicação de revestimentos como lâminas de madeira, melamina ou laminado plástico postformado, ou ainda para laterais e costas de gaveta.
Para realização de perfis, rebaixos para colocação de fundos de gaveta, costas de armários ou realização de encaixes, em máquinas tupia é recomendado utilizar ferramentas de corte com riscadores (incisores) para evitar lasqueamentos.
Furação
A furação nos diferentes tipos de painéis de madeira reconstituída pode ser realizada com furadeiras portáteis, de coluna, horizontal, furadeiras múltiplas com alimentação manual ou automática e centros de usinagem. Para um bom acabamento nos furos, é preciso observar as condições de funcionamento da máquina, utilizar a broca e o material a ser furado.
As brocas helicoidais apresentam bons resultados na furação para alojamento de cavilhas, parafusos, suportes para prateleira, dispositivos trapézio e outros acessórios. São utilizadas em equipamentos portáteis, furadeiras de coluna, horizontal e furadeiras múltiplas, com rotação entre 2.500 e 4000 RPMs.
Para furadeiras múltiplas com alimentação mecânica, recomenda-se utilizar brocas calçadas com pastilhas de metal duro (wídea). Já, na colocação de dobradiças o ideal é usar brocas calçadas com pastilhas de metal duro ou superiores.
Montagem
Na montagem com cavilha é necessário que se observe a qualidade da cavilha, a qualidade do furo e a espessura do painel, principalmente quando se utilizam cavilhas no topo.
A cavilha deve ser de madeira com densidade de aproximadamente 0,81 – 0,87 g/cm³ e o corpo estriado. Na montagem, as cavilhas devem ser colocadas a uma distância mínima de 25 mm da aresta.
A furação onde é fixada a cavilha deve possuir diâmetro menor que o da cavilha. A furação que recebe a cavilha deverá ter furação com diâmetro maior que o da cavilha, o que permitirá um maior envolvimento da cola. Quanto à profundidade do furo, este deve ser de um milímetro maior que a profundidade da cavilha.
Os parafusos podem ser utilizados tanto nas faces quanto nos topos dos painéis reconstituídos. Para a montagem entre dois painéis sem o auxílio de dispositivos são usados parafusos com núcleo mais fino e filete mais alto e fino, possuindo cabeça com fenda cruzada. O tipo de cabeça depende do acabamento que se deseja obter.
As gavetas fabricadas com aglomerados, MDF, compensado sarrafeado ou multilaminado, devem ser montadas utilizando as cavilhas, ou ainda utilizando cantoneiras metálicas ou trapézios. Não é recomendável a montagem de gavetas com grampos ou pregos, exceto na fixação do fundo. O sistema de deslizamento da gaveta deve ser preferencialmente através de corrediças metálicas.
Para armários de cozinha o ideal é utilizar somente cavilhas e cola. Para roupeiros é indicado o sistema minifix. Para portas indica-se as dobradiças do tipo caneco, preferencialmente metálicas, embora dobradiças plásticas sejam utilizadas em móveis populares. Para prateleiras podem ser fixadas com cavilha ou utilizar suportes plásticos ou metálicos, que permitem regulagens na posição das prateleiras.
Colagem
Para fixação sobre peças revestidas com melamina BP ou FF é necessário remover a camada do acabamento com lixa ou com ferramenta cortante, com fresa ou disco de serra.
Lixamento e acabamento
No processo de lixamento não há muitas especificações. É necessário considerar o tipo de painel de madeira reconstituída, o trabalho de lixamento realizado, em qual equipamento e o grão de lixa recomendado.
O processo de pintura está relacionado diretamente à tecnologia disponível nas empresas fabricantes de móveis. Geralmente empresas de pequeno porte e que fabricam móveis por encomenda utilizam pistola com caneca de sucção, ou pistolas com tanque de pressão.
Empresas maiores já utilizam pistolas com tanque de pressão, ou equipamentos de pintura Air Less. As empresas que fabricam móveis seriados onde aplicam seladores e verniz, utilizam máquinas de pintura a rolo e cortina, ou ainda túneis de pintura formando uma célula de pintura.
Para a aplicação da tinta recomenda-se ambientes protegidos, como cabines de pintura e salas pressurizadas. No acabamento por aplicação de tintas, tingidores e vernizes em painéis de madeira reconstituída, sem revestimento, seguem-se os seguintes passos:
- Preparação do painel
- Aplicar tingidor com o uso de boneca, pincel, pistola ou rolo
- Aplicar fundo com a utilização de pincel, pistola, rolo ou cortina
- Lixar com lixa grão 280 a 320
- Aplicar verniz com pincel, pistola , rolo ou cortina
- Para acabamentos com laca ou produtos UV, consultar o boletim técnico destes produtos ou solicitar auxílio aos fabricantes.
- A maioria das soluções oferecidas de acabamento de móveis, somente tem um bom comportamento quando utilizados em móveis para interiores, não sendo recomendados para móveis que ficam expostos externamente, como jardins e sacadas. Para estes há produtos especiais.
Renato Bernardi - Centro de Tecnologia do Mobiliário – Senai Cetemo
Maio/2003 |