O LVL foi utilizado pela primeira vez na confecção de hélices de avião e outras peças de alta resistência de aeronaves durante a segunda guerra mundial. Trabalhos pioneiros com este tipo de painel foram publicados ao longo da década de 40.
Na década de 60, já no segmento da construção civil, empresários norte-americanos colocaram no mercado vigas compostas de madeira do tipo Viga-I. Estas Vigas-I representavam um produto que podia suportar mais carga em relação ao seu próprio peso do que qualquer outro material existente até então. As vendas do produto logo estouraram, o sucesso foi em virtude do baixo peso, alta resistência e a habilidade em vencer grandes vãos que o produto oferecia, representando um substituto ideal para as vigas de madeira maciça, Figura 1.
Contudo, a produção destas Vigas-I de alta qualidade dependia de um suprimento de madeira serrada de alta resistência, para confecção das peças superiores e inferiores, e este suprimento de peças uniformes era bastante problemático. Como solução, os empresários desenvolveram peças de madeira produzidas com lâminas de 2,54 mm coladas de Douglas Fir. Estava criado o LVL na construção civil. O material passou então a ser comercializado na composição de vigas e como peças inteiriças como acontece até hoje.
Com relação ao compensado, as principais diferenças apresentadas pelo LVL diz respeito à montagem dos painéis (mesma orientação das lâminas), número de lâminas (até mais de 20), espessura das lâminas (de 2,5 a 12,7mm), forma e dimensões dos painéis (até 70mm de espessura e comprimentos até maiores do que de 20m) e utilização (prioritariamente estrutural).
Com o posicionamento alternado de lâminas formando ângulo reto em relação às fibras, o compensado utiliza a resistência e a estabilidade dimensional natural da madeira na direção das fibras, proporcionando ao material maior resistência ao empenamento entre outras propriedades. O LVL também é composto pela sobreposição de lâminas de madeira unidas por adesivo a prova d’água ou resistente à água, em geral, os mesmos utilizados no compensado. Porém, diferentemente do compensado, o LVL é prensado com as lâminas na mesma direção.
Os principais usos do LVL são: confecção de paredes estruturais ou não estruturais, batentes de portas e janelas, corrimãos, degraus de escadas, pisos, estruturas de telhados, pontes, tampos de mesa, estruturas de móveis em geral. Na América do Norte, 45% do LVL produzido é utilizado na fabricação de Vigas-I para sustentação de pisos.
Em importantes obras é possível presenciar a utilização dos painéis LVL, onde percebemos a alta tecnologia empregada não só na confecção do material, como também na estrutura final.
Os painéis LVL não possuem até os dias de hoje nenhum produtor nacional e vem sendo foco de pesquisas acadêmicas em laboratórios da Universidade Federal do Paraná e na Universidade de São Paulo - Laboratório de Madeiras e de Estruturas de Madeira da Escola de Engenharia de São Carlos - LaMEM, e Laboratório de Laminação e Secagem de Madeira da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” - ESALQ.
Algumas espécies de eucalipto e seus híbridos estão sendo estudadas com a finalidade de visualização do potencial de suas madeiras na obtenção dos LVL’s. Os primeiros resultados são animadores. No LaMEM - São Carlos, em conjunto com a ESALQ - Piracicaba, foram produzidos e avaliados painéis LVL do híbrido Eucalyptus grandis x Eucalyptus urophylla, que apresentaram propriedades de resistência próximas ou superiores a painéis LVL disponíveis no mercado internacional.
O eucalipto tem demonstrado um grande potencial na confecção de painéis LVL. No Brasil, em vista da grande disponibilidade de plantios comerciais por parte de outros segmentos industriais, o desenvolvimento deste tipo de material pode ser facilitado. Outras espécies, com densidades e características variadas devem ser testadas, e os estudos com painéis LVL no Brasil devem ser incentivados frente ao crescente mercado internacional para este tipo de produto.
Alexandre Monteiro de Carvalho Engº Florestal, Doutorando em Ciência e Engenharia de Materiais pela Escola de Engenharia de São Carlos – USP
Francisco Antonio Rocco Lahr Prof. Dr. Escola de Engenharia de São Carlos – Departamento de Engenharia de Estruturas
Maio/2003 |