A busca por novos produtos provenientes de plantios florestais tem motivado pesquisadores a estudos consistentes, com resultados animadores. Há alguns anos, o Departamento de Engenharia Florestal da Universidade Federal de Viçosa, através do professor Ricardo Marius Della Lucia, e do então mestrando Cristóvão Pereira Abrahão, desenvolveu uma técnica que permite a obtenção de placas planas a partir do colmo do bambu (Dendrocalamus giganteus)
Esta técnica consiste no beneficiamento mecânico do colmo do bambu, com sua posterior prensagem a quente. Durante a prensagem, as contrações tangenciais resultantes da secagem das fibras atingem valores semelhantes em determinadas camadas da parede do colmo, entre os perímetros internos e aquelas camadas, resultando em placas planas.
Tais placas foram testadas quanto a sua resistência ao cisalhamento por compressão paralela revelando um valor médio para esta propriedade de 118 kgf/cm2. Também foram realizados testes de adesão com as resinas de resorcinol-formaldeído e de uréia-formaldeído. A resistência ao cisalhamento por tração na linha de cola atingiu 70 kgf/cm2 e 67 kgf/cm2 para as resinas a base de uréia e resorcinol, respectivamente.
Foram também produzidos compensados de espessuras e arquiteturas variadas com essas placas e esses mesmos adesivos. Os compensados foram submetidos a testes de flexão, compressão, estabilidade dimensional e tiveram determinadas suas densidades.
Em flexão, os compensados de bambu apresentaram módulos de elasticidade entre 130.000 kgf/cm2 e 250.000 kgf/cm2, resistência entre 750 kgf/cm2 e 2067 kgf/cm2 e tensão no limite de proporcionalidade entre 400 kgf/cm2 e 980 kgf/cm2. A resistência a compressão paralela às fibras de face variou de 380 kgf/cm2 a 495 kgf/cm2 entre as várias configurações. Quanto a estabilidade dimensional, apresentaram coeficientes de expansão da condição de seco ao ar até a saturação das fibras de 8.2% para a espessura, de 2,2% para a largura e de 1.0% para o comprimento. Da condição de seco ao ar até seco em estufa, apresentaram coeficiente de contração de 2,6% para a espessura, de 0,9% para a largura e de 0,3% para o comprimento.
A performance tecnológica das tábuas de bambu revelou um material de grande potencial, possuindo algumas vantagens sobre algumas madeiras de determinados usos em relação às suas propriedades mecânicas.
O crescente interesse por pesquisas de materiais alternativos vem sendo incentivado por instituições de todo o país, decorrência direta da crescente escassez mundial de madeiras de qualidade, que está levando à exploração irracional das últimas reservas florestais naturais, que certamente trarão conseqüências desastrosas ao ambiente e a economia do setor florestal.Maio/2003 |