Com um crescimento de 4,6%, as exportações de produtos de base florestal mostram evolução. O setor já é responsável do 7,5% do total da pauta de exportações brasileiras.
O mercado internacional apresentou muitas oscilações durante o último ano, como limitações de negócios através de barreiras alfandegárias, queda de preço, especialmente de produtos do tipo “comodities” e a própria insegurança com relação a instabilidade política-econômica de muitos países. Apesar destas oscilações as exportações brasileiras de produtos de base florestal, no somatório, mostraram-se positivas, com um crescimento de 4,6% e totalizando US$ 4,38 bilhões. A queda no segmento de papel e celulose foi compensada pelo expressivo aumento nas vendas externas de madeira.
No conjunto da pauta de exportações brasileiras os produtos da indústria de base florestal possuem uma forte participação, representando 7,5% do total exportado em 2002. Torna-se, portanto, um dos principais itens da pauta de exportações do Brasil, e com forte potencial de crescimento para os próximos anos.
Pelo segundo ano consecutivo o segmento de papel e celulose amarga queda nas vendas internacionais. Do total de US$ 2,19 bilhões em 2001, o segmento fechou 2002 com US$ 2,05 bilhões, representando uma queda de 6,1%. A pasta de celulose, que já chegou a US$ 1,6 bilhões em exportações no ano 2000, fechou o ano de 2002 com US$ 1,16 bilhão, representando uma queda de 7% sobre o ano anterior. O mesmo caminho tomou o papel e papelão , com US$ 894 milhões em vendas externas, representado por uma queda de 5,2%.
Já os produtos da área da madeira tomaram caminho inverso. Em 2002 as vendas externas chegaram a US$ 1,76 bilhão, representando um crescimento de 18,3% em relação ao ano anterior. Com este, já é o quinto ano sucessivo de crescimento nas vendas externas. E os produtos de móveis também mostraram oscilação positiva, com crescimento de 10,2% em relação ao ano anterior, totalizando em 2002 US$ 561,2 milhões em exportações.
A variação cambial positiva, que manteve o dólar em alta, especialmente no segundo semestre do último ano, e o crescimento nas vendas de mercados alternativos foram fatores que auxiliaram a uma reação positiva.
A indústria moveleira, que possui um programa específico de incentivo às exportações, foi duramente afetada em suas vendas externas pela crise enfrentada pelos paises do Mercosul, em especial Argentina, tradicionalmente o segundo mais importante mercado para os produtos brasileiros. O mercado argentino, que, em 2001, apresentou US$ 69,9 milhões em importações caiu para apenas US$ 7,1 milhões no último ano, mesmo caminho tomado pelo Uruguai, que apresentou uma queda de US$ 23,2 milhões para US$ 9,1 milhões no último ano. Entretanto, o mercado dos Estados Unidos reagiu positivamente e saltou dos US$ 155,3 milhões em 2001 para US$ 239,2 milhões em 2002.
Buscando uma identidade própria, com a incorporação de design, aliando modernos processos produtivos e a conquista de mercados alternativos, a indústria de móveis projeta maior competitividade no mercado internacional, com projeção de duplicar as exportações no prazo de dois anos.
Na pauta de exportações do setor, o item móveis de madeira para quarto é o mais expressivo, chegando a US$ 167,4 milhões em 2002, em crescimento constante nos últimos cinco anos. Outros itens expressivos são assentos e suportes, com US$ 77,6 milhões, seguido por móveis para cozinha e móveis para escritório. Móveis diversos de madeiras totalizaram US$198 milhões e partes de móveis de madeira chegaram a US$ 31,7 milhões em vendas externas no último ano.
Madeira
Há cinco anos as exportações brasileiras de produtos de madeira vem apresentando evolução positiva, fechando 2002 com US$ 1,76 bilhão, num crescimento de 18,3% em relação ao ano anterior. O acréscimo das vendas externas devem-se a vários fatores como a busca de mercados alternativos, a variação cambial positiva, que manteve o dólar em alta, o estímulo a venda de produtos com maior valor agregado e até mesmo a maior agressividade das empresas na conquista do mercado internacional.
O item de maior volume exportado continua sendo a madeira serrada, que totalizou US$ 576,6 milhões em vendas, num aumento de 8,3% sobre o ano de 2001. A madeira de compensado também teve expressiva participação, chegando a US$ 438,7 milhões, apresentando um aumento de 21,8% sobre o ano anterior. Os maiores índices de crescimento, entretanto, estão em produtos com maior valor agregado, comprovando uma tendência do mercado madeireiro brasileiro. As vendas de painéis de fibra aumentaram em 48,4%, o que fez o volume atingir US$ 86,9 milhões; a madeira em blocos ou pranchas aumentou em 89,3%, chegando a US$ 3,6 milhões; molduras de madeira tiveram vendas externas de US$ 87,1 milhões, representando um acréscimo de 36,3%; e o item janelas, portas e armações continua em alta, com vendas de US$ 209,6 milhões, o que significou uma aumento em relação a 2001 de 23,9%.
Dos produtos com maior valor agregado o único que apresentou queda nas vendas externas foram painéis de madeira, que fechou o ano com vendas de US$ 9,8 milhões, numa queda de 23,1%. A explicação está no próprio consumo interno que aumentou no último ano, fazendo com que parte da produção permanecesse no Brasil.
O fortalecimento das exportações está calcado em fatores que vão desde a busca de mercados alternativos, fugindo da pesada concorrência sofrida com produtores da Ásia e leste europeu, em especial, que concentram suas vendas nos mercados tradicionais, onde trabalham fortemente com preço. Aliado a isso, as empresas do setor tem procurado intensificar sua presença, de forma coletiva ou individual, em feiras e eventos internacionais. Além de novos contatos, mostram ao mundo o potencial que Brasil possui em produtos com maior valor agregado na madeira. Os resultados tem se mostrado positivos, o que deve intensificar este tipo de ação, embora muitas empresas ainda resistam a uma maior presença de forma direta no mercado externo.
Os Estados Unidos continuam como o principal mercado importador, representando 42% do total exportado pelo Brasil. Em 2002 este mercado importou US$ 742 milhões, vindo a seguir o Reino Unido com US$ 142,8 milhões. A grande aposta dos produtores brasileiros é a China que de nono importador pulou para o terceiro mais importante mercado de produtos de madeira do Brasil, totalizando US$ 78,2 milhões. As vendas para os países europeus mantiveram-se estáveis, com pequenas variações, comprovando que a Europa enfrenta limitações e não representa o caminho para um crescimento substancial nas vendas brasileiras, a curto prazo.
Papel e celulose
Apesar do aumento na produção brasileira tanto de papel como de celulose, as exportações em 2002 atingiram um dos menores valores dos últimos cinco anos. As exportações chegaram a US$ 2,05 bilhões, representando uma queda de 6,1% em relação ao ano anterior. A maior queda foi de pasta e celulose, com 7%, fechando o ano em US$ 1,16 bilhão ( em 2000 chegou a US$ 1,6 bilhão), enquanto o papel e papelão caíram em 5,2%, com um volume de US$ 894 milhões em vendas externas.
Um dos grandes problemas enfrentados pelo setor foi a queda nos preços internacionais. A produção nacional de celulose aumentou em 7,5%, chegando a 8,01 milhões de toneladas, com destaque para fibras curtas branqueadas ( 5,7 milhões de toneladas), Já a indústria de papel e papelão aumentou sua produção em 2,9%, fechando o ano com 7,66 milhões de toneladas, destacando-se o papelão para embalagem (3,59 milhões de toneladas) e o papel para imprimir e escrever ( 2,16 milhões de toneladas). No mundo, o Brasil ocupa a sétima posição entre os fabricantes de celulose e o décimo entre os produtores de papel.
Com o aumento na produção o consumo interno também aumentou. No Brasil o consumo aparente de papel é de 39,8 quilos por habitante, bastante abaixo de outros países como os Estados Unidos ( 307 quilos per capita), Suécia ( 259 quilos per capita), Canadá ( 236 quilos per capita) ou Japão (222 quilos per capita).
A produção brasileira de papel e celulose é hoje totalmente baseada em florestas plantadas, especialmente pinus e eucalipto, na qual as indústrias possuem auto suficiência através de florestas próprias. Este segmento representa 57% de todas as indústrias usuárias de florestas plantadas.
Como forma de estímulo a oferta de madeira para aumento na produção e exportação de papel e celulose, a Associação Brasileira de Celulose e Papel, através de seu presidente, Osmar Zogbi, entregou recentemente ao presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva algumas reivindicações consideradas prioritárias. Uma delas é que as florestas plantadas passem a ser consideradas uma cultura – florestas de produção - recebendo tratamento de fomento igual ao que é concedido às demais culturas brasileiras.
Maio/2003 |