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REVISTA DA MADEIRA - EDIÇÃO N°70 - MARÇO DE 2003

Exportações - Pará

Pará investe em produtos beneficiados

De olho no consumidor final os madeireiros do Pará vem, aos poucos, incrementando as vendas externas de produtos industrializados e manufaturados de madeira, que cresceram 9,22% no ano passado, em relação a 2001, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior, do Banco do Brasil, passando de US$ 286,2 milhões para US$ 312,6 milhões, número ainda pequeno se comparado às vendas de madeiras.

Os produtos beneficiados (portas, pisos, molduras, casas pré-fabricadas, cabos de ferramentas) foram o destaque do setor, com exportações que alcançaram US$ 66,6 milhões, cerca de 500% a mais do que há cinco anos atrás. União Européia e Japão são os maiores compradores dos produtos de madeira oriundos do Pará. O bom resultado nas exportações de produtos beneficiados de madeira é atribuído à decisão do setor de exportar produtos acabados, além de madeira serrada.

As exportações brasileiras de produtos industrializados e manufaturados de madeira registraram aumento de 18,37%, em 2002, segundo a Associação das Indústrias Exportadoras de Madeira (Aimex). No ranking nacional, o Pará manteve a posição, perdendo somente para o Paraná e Santa Catarina.

O resultado das exportações de madeira do Pará, em 2002 foi o segundo maior desde 1997. O maior incremento neste período foi em 2000 quando o percentual de acréscimo chegou a 11,31%. Desde de 99 o Estado vem apresentando incremento nas exportações, apresentando recuperação, depois de resultados negativos, nos anos anteriores.

Os móveis e artigos de madeira paraenses aparecem em 11º lugar nas exportações, tendo apresentado a maior alta em 2000 (19,55%), seguido de uma baixa de -16,86% em 2001, estabilizando-se em 2002, com incremento de 7,71% no comércio externo, mas ainda significam uma participação ínfima.

A maior trunfo do Pará continua sendo a madeira, cujos maiores importadores são os Estados Unidos, que recuperaram o recuo de –11,46% nas compras de 2001 com um acréscimo de 28,89% nos pedidos, em 2002. O segundo maior importador é a França que apresentou um crescimento de 24,37% em 2000, baixando –13,81% em 2001 e –11,50 em 2002.

A China aparece em quinto lugar, mas apresenta um potencial para figurar entre os primeiros, considerando o crescimento de 138% nas exportações de madeira do Pará, em 2002.





Potencial florestal

O Estado do Pará possui uma área de 1.253.164,5 km² que corresponde a 14,66 % da superfície brasileira e 24% da Amazônia Legal, possui um rico e diversificado ecossistema, com forte potencial madeireiro. Um exemplo é a Floresta de Várzea situada no Pará, que apresenta cerca de 100 espécies vegetais por ha, número menor do que na terra firme, mas com questões de endemismo e competição ainda pouco estudadas. Divididas em três categorias: várzea baixa e intermediária, ambas com predomínio das palmeiras, com algumas espécies que apresentam raízes que auxiliam na fixação de oxigênio, como açaizeiro e buriti e várzea alta, cujo solo é menos influenciado pelas águas das marés e tem maior biomassa, pois ocorrem espécies arbóreas, como a sumaúma, assacu, andiroba e copaíba. Essa classificação é feita de acordo com o nível topográfico, composição química do solo e composição florística.

Várias espécies podem crescer associadas às espécies da várzea, como milho, cana-de-açúcar, arroz, cupuaçu, limão, laranja, biribá, graviola, banana e cacau, além do aproveitamento extrativista do açaizeiro, ucuúba, guarumã, buçu, jacitara, copaíba, andiroba e outras.

O potencial florestal serve de base para boa parte da Economia paraense. Cerca de 72% das unidades industriais do Estado trabalham com madeira, alimentação e minerais não-metálicos. Em média, 44% das indústrias estão localizadas na Região Metropolitana de Belém. Na Microrregião de Paragominas, mais de 92% do que é arrecadado vem da atividade madeireira.

As florestas de terra firme, situadas na Região, caracterizam-se pelo grande porte das árvores e formação de dossel, isto é, uma compacta e permanente cobertura formada pelas copas das árvores. No geral possuem de 140 a 280 espécies arbóreas por ha. Essas florestas dividem-se em florestas densas, as mais diversas e com maior quantidade de madeira, e floresta abertas, mais próximas dos escudos e depressões e que sustentam maior biomassa animal. Entre as espécies representativas estão castanha-do-pará, caucho, sapucaia, maçaranduba, acapu, cedro, mogno, angelim-pedra, paxiúba (palmeira) e figueira (mata-paus). Estas informações são da SEICOM - Secretaria de Indústria, Comércio e Mineração.

Foco no design

O estado do Pará conta com recursos garantidos para a formação de um centro de design, segundo a Federação das Indústrias do Estado do Pará. A possibilidade surgiu através de uma iniciativa do Sebrae, que, ano passado, lançou um edital nacional para investir nesse setor nos estados. O Centro será uma espécie de pólo de fabricação e difusão de produtos com mais valor agregado através do design.

Para a estruturação do Centro de Design do Pará, há recursos do Sebrae, com o apoio do Senai, Fiepa e Tramontina. O Senai Pará entra nesta parceria oferecendo a base material. O Centro será instalado no Centro de Formação Profissional Getúlio Vargas, do Senai, onde funcionarão as oficinas de móveis, embalagens e design gráfico. A oficina de artesanato funcionará em Icoaraci.

Venda de sementes

Para garantir o reflorestamento das áreas desmatadas e o enriquecimento das matas nativas do Pará, a AIMEX fundou, em 1997, o Centro de Difusão Tecnológica e o Laboratório de Sementes e Mudas Florestais, numa parceria inédita entre o setor produtivo e instituições científicas como a Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias, Embrapa/Amazônia Oriental, Faculdade de Ciências Agrárias do Pará, FCAP; e o Governo do Estado, através da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente, Sectam.

O objetivo do Laboratório de Sementes e Mudas Florestais é desenvolver pesquisas sobre tecnologia de sementes, viabilizando a produção de espécies florestais de valor econômico na região amazônica; apoiando projetos de reflorestamento; e realizando treinamento de curta duração, formando mão-de-obra qualificada para atuar na de produção de mudas e sementes florestais.

É também função do laboratório, além de produzir mudas de espécies florestais, proporcionar aos produtores, mudas variadas de espécies florestais e permitindo a estudantes de Engenharia Florestal e a técnicos florestais a oportunidade de desenvolver trabalhos técnicos e científicos.

O Laboratório de Sementes e Mudas Florestais começou a funcionar em 1998. Nessa época foram coletados 1.500 quilos brutos de frutos/sementes de diversas espécies florestais nativas da Amazônia. Essas coletas aconteceram nos projetos de manejo dos associados da AIMEX e nas Áreas de Coleta de Sementes da EMBRAPA e da SUDAM, no município de Santarém. No ano passado, foram coletados 7.487,47 quilos brutos de frutos/sementes, e em 2000 estimando-se a coleta de l0 mil quilos. O Centro de Difusão Tecnológica e Laboratório de Sementes e Mudas Florestais está situado no município As sementes são coletadas de matrizes selecionadas nas matas de todo o Estado, e muitas das árvores plantadas já fornecem sementes para o laboratório.

Hoje o laboratório tem capacidade para produzir 10 toneladas de sementes selecionadas, e 100 mil mudas de espécies de valor econômico. Destacando-se o Mogno, Virola, Freijó e Tatajuba. As sementes são beneficiadas no Centro de Difusão Tecnológica, com a retirada de impurezas e análise de cada semente. As sementes aprovadas são tratadas, protegidas contra fungos e insetos e armazenadas em câmaras com temperatura e umidade controladas, garantindo o poder germinativo. Parte das sementes são vendidas a preço de custo, e outra parte é plantada para abastecer o viveiro do Centro.

Relação de sementes e preços de mudas de espécies florestais disponíveis para comercialização no Centro de Difusão Tecnológica-CDT e Laboratório de Sementes e Mudas Florestais da AIMEX:

Maio 2003