Diversas espécies florestais exóticas têm sido introduzidas na região semi-árida do nordeste brasileiro. Entre elas nim indiano, algaroba, cinamomo, casuarina, teca, gmelina, eucalipto e outras. Geralmente tratam-se de ensaios de procedência, produção de biomassa, utilização como forragem, comportamento e adaptação. Recentemente foi feito um estudo com a espécie nim indiano, que apresentou 100% de sobrevivência aos três meses.
Quanto às características fenológicas, constatou-se que as fenofases, floração e frutificação ocorreram em algumas plantas, independente do espaçamento adotado, a partir do mês de fevereiro, estendendo-se até fins de março, em plantas com dois anos de idade.
Apesar do nim ser utilizado em todo o mundo, muitos produtores ainda duvidam de suas qualidades, ou as aceitam com moderação, desejando testá-la antes.
Com o objetivo de avaliar a qualidade da madeira de nim indiano para fins energéticos foram determinados: a densidade básica da madeira (g/cm³), o teor de extrativismo total (%), o teor de lignina (%), o teor de holocelulose (%), o poder calorífico superior (Kcal/kg), o rendimento de carvão (%), o teor de carbono fixo (%), o teor de cinzas (%) e o teor de materiais voláteis (%).
O nim indiano (Azadirachta indica A. Juss também conhecido por Melia indica Brandis), é uma planta pertencente à família Meliacea. Ela apresenta folhas verdes-escuras, compostas e imparipenadas, com freqüência aglomeradas nos extremos dos ramos, simples e sem estípulas. As flores são de coloração branca, aromáticas, reunidas em inflorecência densas, com estames crescentes formando um tubo, pentâmeras e hermafroditas. O fruto é uma baga ovalada , com 1,5 a 2,0 cm de comprimento e, quando maduro, apresenta polpa amarelada e casca branca, dura contendo um óleo marrom no interior de uma semente ou, raramente, em duas.
É uma espécie que, normalmente apresenta fuste reto e diâmetro entre 25 e 30 cm aos oito anos de idade. A madeira com densidade variando entre 0,56 a 0,85 g/cm³, estando a média em torno de 0,70 g/cm³, apresenta uma coloração avermelhada, dura e resistente ao ataque de cupins e ao apodrecimento. O cerne é muito rico em tanino e sais inorgânicos de cálcio, potássio e ferro.
Pode ser encontrado na Índia nas colinas de Siwalik e também nas florestas da região de Carnate e em algumas partes do Deccan ao sul do rio Gadavari. A espécie é cultivada em toda parte na Índia especialmente em regiões áridas.
Quanto às exigências edáfo-climáticas, a espécie se desenvolve bem em regiões com precipitação pluviométrica anual entre 400 e 800 mm. Mas, a espécie já foi inserida com sucesso em áreas onde a precipitação está em torno de 250 mm anuais. A planta é tolerante a longos períodos secos e a temperaturas elevadas, em curto período, não resistindo a geadas.
Podem ser feitas até duas colheitas de frutos por ano, dependendo das condições climáticas da região. No geral é feita até duas colheitas de frutos por ano, onde uma única árvore produz anualmente entre 30 e 50 kg de frutos.
As sementes do nim mantêm o seu poder germinativo apenas por poucos dias, se não coletadas a germinação ocorre, normalmente, embaixo das plantas.
A escolha do espaçamento para plantio deve estar condicionada aos objetivos propostos para a exploração da espécie. Caso o objetivo seja obter madeira fina e de menor porte, em um ciclo mais curto, podem ser adotados espaçamentos menores, por exemplo, 2x2m. Caso a exploração tenha fins de produção de madeira mais grossa, recomenda-se um espaçamento maior.
Em experiências feitas em plantios no norte da Nigéria foram usados dois espaçamentos diferentes 1,8x1,8 m e 2,4x2,4 m. Os resultados mostraram que aos oito anos os plantios com espaçamento mais denso apresentaram um volume de madeira por ha maior que os plantios com espaçamento mais aberto.
Em Gana, na África, o nim apresentou rendimento entre 108 a 137 m³ de lenha por ha, na primeira rotação. Já em Samuru, na Nigéria, na mesma idade, os valores variaram entre 119 a 169 m³. Em Cuba árvores de nim indiano alcançaram uma altura de 14,2 m e diâmetro de 27 cm aos oito anos.
A árvore do nim é comum em algumas regiões, inclusive nas Américas, não somente como arborização de ruas, mas também como uma árvore para produção de lenha, poste e madeira. Frutos, sementes, óleo, folhas, casca do caule e raízes têm os mais variados usos na área farmacológica.
Vários produtos repelentes a insetos são extraídos do óleo de nim. O princípio ativo nestes produtos é o “azadiraction”, substância usada como ingrediente na preparação de vários produtos farmacêuticos, tais como: ungüentos, cosméticos, cremes, loções, sabonetes, xampus, tônico capilar e creme dental. Recentes estudos farmacológicos, têm demonstrado que as folhas do nim têm algumas propriedades anti-vírus e anti-bacterianas.
Uma característica considerada comum às espécies pertencentes à família Meliace é a presença de compostos químicos conhecidos como meliacinas. Dentre estes, o “azadiractin” que pode tornar-se importante no controle de pragas, pois tem largo espectro de ação, não tem ação fitotóxica, é praticamente atóxico ao homem e não agride o ambiente.
A árvore de nim controla mais de cem espécies de pragas, devendo ser amplamente introduzida no Brasil.
A densidade básica da madeira do nim, comparada com algumas espécies da caatinga, é mais baixa, variando entre 0,80 (g/m³) e 0,72 (g/m³), em trabalhos desenvolvidos com o nim na Índia.
Ao verificar o valor obtido para carbono fixo, o nim apresentou maior porcentagem que algumas espécies da caatinga, indicando o forte potencial energético da espécie.
A densidade básica encontrada para a madeira pode estar relacionada à idade do povoamento florestal utilizado. Assim, povoamentos mais maduros produzem madeiras mais densas e com melhores características para fins energéticos.
Fonte: IPEF – Universidade de São Paulo
Lúcio Valério de Araújo, Luiz Carlos Rodrig |