O Pinus taeda tem boas propriedades de aparência mas propriedades estruturais limitadas. É abundante, tem apelo ecológico e responde bem ao manejo florestal. Apresenta anéis largos, nós pretos, densidade baixa, toras com grande conicidade. A semelhança com a madeira do Pinus ponderosa levou ao desenvolvimento de aplicações no mercado americano de molduras.
Esse produto se revelou um grande sucesso e hoje os maiores produtores de madeira serrada de pinus no Brasil são grandes produtores da cadeia de molduras.
Por ser um mercado atrativo enfrenta fortes concorrentes internacionais. Chile e Nova Zelândia competem produzindo Pinus radiata que tem propriedades semelhantes. Mais recentemente África do Sul e Argentina estão produzindo molduras com Pinus taeda.
O mercado da cadeia de molduras está estimado em 4.000 containers mês ou 2,6 milhões m³/ano. O Brasil e o Chile representam cerca de 68% das importações e as importações são cerca de 70% do mercado de molduras americano.
Importação Americana de Molduras
O mundo todo absorve 350 milhões de m³ de madeira serrada de coníferas. Destes, 130 milhões de m³ são consumidos pelo mercado americano. A produção local oferece 85 milhões de m³, os outros
45 milhões de m³ são importados, a maioria (42,5 milhões) do Canadá.
A madeira é usada na fabricação de:
–Boards (7.1 Mm³);
– Decking (RED) (7.1 Mm³)
– Fencing (2.4 Mm³)
– Mouldings (2.8 Mm³) produto acabado mas inclui clear blocks e
finger jointed blanks;
– Shop & Better (4.0 Mm³) madeira bruta para aplicações de Millwork (portas,janelas, móveis) ou fabricação de Mouldings
– Timbers (3.8 Mm³) necessita certificação estrutural
– Outros (102.8 Mm³) principalmente madeira estrutural
O Brasil, assim como a Nova Zelândia, Chile, Argentina e África do Sul são produtores de baixo custo. O preço do block, nos EUA em 1996 era US$ 330 m³ fob. No Brasil, agora está em US$ 210/m³.
Um desafio para o Brasil é o desenvolvimento de outros mercados além do mercado americano de molduras . O mercado de aparência é o que melhor remunera mas nem toda parcela da tora tem a “vocação” para finger-joint blanks.
A simplificação excessiva pode levar a perda de oportunidades
Os produtos estruturais tem baixo valor mas não necessariamente baixa margem. Compete com produtores de alto custo como Canadá e Europa. O mercado é quase infinito, possui baixo custo de manufatura e alto rendimento. Como diferencial competitivo é importante apresentar produtos com melhor aparência, quatro cantos, sem esmoado e certificação ambiental.
Para o Pinus taeda brasileiro o mais adequado seriam produtos de menor exigência e de resistência mecânica, como por exemplo RED decking, studs e timbers. O grande desafio é obter a certificação estrutural (ALS).
O Radius Edge Decking é um produto estrutural com demandas mecânicas limitadas e grande volume de consumo.
Entre as alternativas para este segmento está a fabricação de painéis de alta qualidade, do tipo AC Sanded para o mercado americano. O revestimento deste painel requer alta integridade da superfície, fugindo da competição direta com o OSB.
Estes painéis devem ter certificação estrutural, pois é importante atender as normas que o mercado final esteja familiarizado ( ASTM [TECO, APA], DIN). Um outro ponto importante é a necessidade de classificação de lâminas, por ultra-som ou visual.
A indústria de madeira serrada no Brasil encontra várias dificuldades, que podem se tornar oportunidades para quem encarar o desafio de superá-las.
Entre os problemas estão a escala muito pequena, a falta de integração com fibras, serrarias capazes de serrar apenas toras curtas e, entre outros, alto custo de capital (câmbio, imp. de importação, juros). Porém, desenvolvimentos importantes estão acontecendo. Já existem serrarias modernas operando com Pinus taeda, no Brasil, Argentina e Chile.
Nos últimos anos as serrarias apresentaram alguns desenvolvimentos técnicos como: sensores óticos, ultra som e laser; velocidade de processamento, onde milhares de alternativas são rodadas para se encontrar a solução de corte ideal, na velocidade de um edger que hoje pode chegar a 45 peças por minuto. Entre as tecnologias relevantes estão os posicionadores hidráulicos, que recebem a solução de corte e posicionam as serras com muita precisão e velocidade.
Entre as técnicas usadas e que sustentam o desenvolvimentos de mercado estão os produtos “Clear”. Para esses produtos o comprimento e largura são importantes. As toras longas oferecem maior probabilidade de se obter peças limpas mais longas. A taper sawing é importante para se obter peças longas a partir do taeda, que tem muita conicidade. E, o refilamento permite posicionamento otimizado, não alinhado com a medula.
As estratégias de desdobro também contam pontos na produção.
Os produtos estruturais passam pelos seguintes processos:
_ Classificação das toras por densidade, visando direcioná-las para produtos estruturais ou de aparência ( Carter Holt e Fletcher, NZ).
_ MSR - Machine Stress Rated – equipamentos que classificam cada peça quanto à resistência mecânica
_ Tomografia das toras para traçar levando em consideração os
defeitos
_ Scanner ótico - permitirá fazer a otimização do destopo para finger
joint, produzindo simultaneamente pré-cortado (cut stock)
_ Profiling - perfilamento, especialmente para toras finas de menor
valor.
_ Curve sawing: apenas para peças estruturais longas. |