O apodrecimento não é o mais grave problema na biodeterioração da madeira de eucalipto, uma vez que um grande número de espécies produz madeiras de elevada durabilidade natural.
A norma ASTM D2017-84, de avaliação do ensaio de apodrecimento acelerado de laboratório, estabelece critérios que consideram a madeira com perda de massa de até 10% como sendo altamente resistente, e valores de 11-24% com sendo resistentes.
Com relação aos cupins a preocupação deverá ser maior, uma vez que apesar de existirem espécies de mais elevada resistência, algumas madeiras são entretanto bastante susceptíveis a tais organismos. Através de ensaio de laboratório com a exposição de madeira seca de sete espécies de Eucalyptus a cupim de madeira seca a madeira das espécies de Corymbia citriodora, Eucalyptus paniculata e E. cloeziana, os cupins provocaram um desgaste variando de superficial a moderado, sendo para as madeiras de E. grandis, E. urophylla, E. tereticornis, e E. pilularis, o desgaste foi caracterizado com moderado, tendendo a acentuado.
Quando não apresenta satisfatória durabilidade natural, o uso desta madeira em locais propensos ao ataque de fungos e insetos pode se constituir em sério problema. Isto se deve ao fato do cerne de eucalipto ser praticamente impermeável à penetração de soluções preservantes, pelos métodos convencionais de tratamento sob pressão. Não se utilizando madeiras de espécies naturalmente duráveis ou de maior grau de resistência aos agentes xilófagos, as madeiras provenientes das árvores jovens podem facilitar a operação de tratamento por apresentar grandes proporções de alburno em seus lenhos.
Por outro lado algumas alternativas existem para o tratamento do cerne de eucalipto que merecem serem discutidas. A utilização do sistema LOSP (light organic solvent preservative), onde preservativos como PCP (pentaclorofenol), TBTO (óxido tributílico de estanho) e mesmo outros inseticidas a base de piretróides, são dissolvidos em um solvente orgânico leve como o álcool de petróleo, sendo então impregnados na madeira por processo industrial, geralmente na forma de duplo vácuo ou vácuo inicial seguido de baixa pressão e vácuo final. Este tratamento deve ser realizado em peças usinadas, uma vez que este confere a madeira uma proteção superficial na forma de um envelope, o que torna suficiente para proteção desta para usos nobres como esquadrias e outros que podem estar sujeitos às condições de ataque dos organismos xilófagos. Outro meio alternativo da preservação do cerne da madeira de eucalipto está no processo de difusão, principalmente com a utilização de substâncias altamente difusíveis, à base de boro (bórax, ácido bórico entre outros). Normalmente se utiliza de processos como do banho quente-frio, imersão a frio em solução de boro e depois empacotamente das peças por determinado tempo, ou ainda imersão a quente entre outros métodos, com resultados positivos no tratamento de peças serradas de madeira de eucalipto. Utiliza-se um sistema preservativo denominado ACA (arseniato de cobre amoniacal) no tratamento de E. tereticornis na Índia. Segundo o pesquisador é possível garantir uma boa penetração e adequada absorção deste produto no cerne de eucalipto, alcançando assim elevada vida útil para esta madeira, mesmo em locais de alto risco de ataque por organismos xilófagos.
Setembro/2001
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