Segundo registros históricos, a primeira utilização de postes de madeira data da década de 30 do século passado, quando o telégrafo começou a ser utilizado. No Brasil, os postes começaram a ser utilizados já no finalzinho do século passado. Mesmo com relativa abundância de madeiras nativas, há registros que relatam a utilização do eucalipto para postes em 1905. Para linhas telefônicas, postes de Eucalyptus longifolia foram utilizados pela primeira vez em 1916, no estado de São Paulo. A utilização da madeira de eucalipto se deveu a três fatores principais: disponibilidade da matéria-prima, relativa escassez de outras essências florestais e crescente demanda por postes devido à expansão do telégrafo, telefone e energia elétrica. Na tentativa de aumentar a vida útil dos postes, somente em 1945 surgiu a primeira usina a pressão para tratamento de madeira. Na década de 70, o setor ganhou um grande impulso, em função do aperfeiçoamento tecnológico das indústrias e do surgimento de grandes maciços de florestas plantadas, principalmente o eucalipto. Desde então, sua crescente utilização tem-se justificado pelo fato de o poste de madeira tratada ser um material de alta durabilidade, aliado a uma série de outras vantagens.
As principais vantagens da utilização dos postes de madeira tratada de eucalipto são:
REGULADOR DE PREÇO – Os postes de madeira sempre atuaram como reguladores de preços no mercado nacional. Quando a empresas de distribuição diminuíram a utilização de postes de madeira, os preços dos postes de concreto subiram rapidamente.
REDUTOR DE CUSTOS – quando os preços dos postes de madeira se apresentam inferiores aos de concreto, tais diferenças se refletem quase que na mesma proporção no custo das linhas de transmissão – LT”s. Quanto às redes de distribuição rural, estas são, historicamente, 4%(monofásicas) e 3%(trifásicas) mais baratas do que as de concreto.
ECOLÓGICO – a utilização de postes preservados, advindos de madeira de reflorestamento, representa atualmente um importante fator ecológico, como produto renovável, assim como estratégico de conservação de energia. Dados demonstram que para a produção de um poste de madeira renovável, consomem-se cerca de 1.056 kcal, enquanto um poste de concreto chega a consumir 550.000 kcal, envolvendo o consumo de componentes não renováveis, como ferro e cimento.
DESEMPENHO ELÉTRICO – como a madeira possui baixa condutibilidade térmica, há uma redução sensível dos riscos de acidentes e desligamentos por fugas ou descargas elétricas, devido às suas características dielétricas. O nível básico de impulso da madeira é de 400kV, tornando-a quase 6 vezes melhor isolante elétrico do que o concreto. Segundo relatório da CEMIG(Centrais Elétricas de Minas Gerais), o número de desligamentos das linhas com estruturas de madeira é menor do que o verificado em linhas com estruturas de concreto ou metálicas.
Número de desligamentos por 100 km/ ano, em linhas de 69 KV, no
período de 1979 a 1980.
NÍVEL DE ISOLAMENTO – Segundo o “Transmission and Distribution Reference Book”, as estruturas de madeira suportam tensões de impulso atmosférico, no mínimo, 51% acima das estruturas metálicas.
TRANSPORTE – o poste de madeira pesa em torno de 60% menos que o de concreto equivalente, trazendo uma redução de custo no transporte. O seu manuseio para carga e descarga pode ser feito sem equipamento especial e/ ou cuidados maiores; a relação média de capacidade de carga é 3:1, em confronto com o poste de concreto..
CHOQUE MECÂNICO – em função de sua elevada elasticidade, os postes de madeira apresentam maior resistência aos choques mecânicos, quando comparados a outros tipos de postes.
INSTALAÇÃO - Por ser um material leve, o poste de madeira pode ser arrastado por animais, morro acima e mata adentro e instalado por operários sem equipamentos especiais e sem riscos de se partir; o poste de concreto não pode ser arrastado e necessita de caminhão MuncK, exigindo-se cuidados extremos no seu manuseio.
ACESSÓRIOS – as estruturas de madeira necessitam de um menor número de acessórios(ferragens, travessas etc.), proporcionando economia de escala. Existem alguns casos em que a relação de itens de ferragens chega a ser de 1:12, quando comparado com estruturas de concreto.
PERFORMANCE – o poste de madeira, por exemplo de 400 daN, suporte tal esforço em qualquer direção, enquanto o poste de concreto duplo T suporta essa carga apenas na direção dos fios e somente 200 daN na perpendicular; numa linha plana reta, onde uma determinada distância exige a cobertura de 4 postes de concreto, somente 3 postes de eucalipto seriam necessários; se a linha não for reta e plana, a situação para postes de concreto se agrava, exigindo-se estais ou adensamento, uma vez que somente poderá suportar 200 quilos na perpendicular.
As principais desvantagens da utilização dos postes de madeira tratada de eucalipto são:
DURABILIDADE – por ser natureza orgânica, a madeira é atacada por organismos xilófagos(cupins e fungos, principalmente), bem como pode ser destruída pela ação do fogo(queimadas e incêndios).
MANUTENÇÃO – devido às questões apresentadas quanto à durabilidade, os postes de madeira exigem maior manutenção, fazendo-se o tratamento e o retratamento do solo contra fungos e cupins, bem como o aceiramento nas regiões onde é comum a prática de queimadas. O principal fabricante nacional de produtos preservativos para madeira recomenda intervalos mínimos de 8 anos entre manutenções(preventiva e corretiva) em postes em serviço.
INDISPONIBILIDADE DE MADEIRA – não existem estoques suficientes de madeira em quantidade e qualidade necessárias e satisfatórias. Não foram realizados plantios com espécies adequadas e práticas de manejo específicas para a produção de postes. A baixa quantidade de material disponível é considerado remanescente de outras finalidades de plantio.
A experiência mundial indica que não somente os países de grande vocação florestal como os Estados Unidos, a Alemanha, Finlândia e a Austrália utilizam intensivamente os postes de madeira preservada; a Inglaterra, rica em cimento, carvão e ferro, mas pobre em florestas, importa postes de madeira preservada, principalmente para a utilização em redes rurais.
Numa comparação entre a utilização de postes de madeira preservada no Brasil e nos Estados Unidos, onde eles são usados em linhas telefônicas, de distribuição e de transmissão de energia elétrica para tensões de até 345 KV, percebe-se uma assustadora diferença.
Informações mais recentes apontam, nos Estados Unidos, um consumo de mais de 6 milhões de postes de madeira preservada por ano, sendo mais de 1 milhão de postes importados, com uma vida média de 30 a 35 anos para as peças.
É importante que o poste de madeira preservado de eucalipto seja visto como material de engenharia, em função das inúmeras vantagens apresentadas. As suas limitações poderão ser compensadas através da aplicação dos rigores das normas técnicas, solucionando-se os problemas relacionados à qualidade da matéria-prima, bem como aos produtos e processos preservativos, além da implementação de técnicas de manutenção das peças em serviço, como reforço da linha de afloramento, aplicação de pastas em locais de maior incidência de ataque de organismos xilófagos e construção de aceiros.
Em função da resistência e da durabilidade natural, a literatura recomenda as seguintes espécies de eucalipto para a produção de postes:
Eucalyptus citriodora, Eucalyptus maculata, Eucalyptus paniculata, Eucalyptus botryoides, Eucalyptus camaldulensis, Eucalyptus tereticornis, Eucalyptus sideroxylon, Eucalyptus siderophloia, Eucalyptus cloeziana, Eucalyptus creba, Eucalyptus microcorys, Eucalyptus gummifera, Eucalyptus longifolia. E. triantha.
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