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REVISTA DA MADEIRA - EDIÇÃO N°66 - AGOSTO DE 2002

Segmentação

Bambu é opção para usos múltiplos

O bambu vem ganhando atenção de pesquisadores, por seu rápido crescimento e múltiplos usos. Pode ser explorado na alimentação, através do broto, para fazer papel, na arquitetura e construção, para móveis, artesanatos, laminados colados e outros. Estudos comprovam que existem mais de 1.500 usos documentados para esta planta.

A planta se desenvolve bem na maioria dos solos, principalmente nos solos soltos, bem drenados, com pH entre 5,0 e 6,5. Solos muito úmidos ou com lençol freático alto podem inibir seu melhor desenvolvimento, enquanto solos salinos não são adequados para o cultivo. Quanto à necessidade de chuvas, de uma maneira geral, os bambus se desenvolvem bem com precipitações da ordem de 1.000 ou mais milímetros anuais.

O bambu é uma cultura que se desenvolve facilmente quando as condições lhe são favoráveis. Práticas como calagem, adubação, tratos culturais e irrigação devem ser utilizadas sempre que necessário, para garantir o seu melhor desenvolvimento.

Os bambus se distribuem naturalmente entre as latitudes 45º 30’ Norte e 47º Sul, desde os trópicos até as regiões temperadas. São encontrados desde o nível do mar até às elevações alpinas, como algumas espécies do gênero Arundinaria que se encontram na Índia a 3.000 metros de altitude, porém, a maioria ocorre em áreas quentes e com chuvas abundantes da Ásia tropical e sub-tropical, América do Sul e África.

As temperaturas altas promovem o crescimento dos bambus enquanto que as baixas o inibem, exceto alguns bambus do gênero plyllosthachis, que se desenvolvem bem em clima tropical com bom desenvolvimento entre 8 e 36ºC de temperatura.

Os principais constituintes químicos do colmo do bambu são celulose, hemi-celulose, lignina e, em menores quantidades, resinas, taninos, ceras e sais inorgânicos. A composição varia com a espécie, as condições de crescimento, a idade e parte do colmo. A proporção de lignina e carboidratos varia durante o período de maturação do colmo, que dura cerca de um ano, e após mantêm-se constante.

Os nós contêm menor quantidade de substâncias solúveis, cinza e lignina e mais celulose que os internós. A estação do ano influencia na quantidade de materiais solúveis em água, como o amido, mais importante na estação seca do que na chuvosa. Após a celulose, a lignina é o mais importante constituinte do bambu.

O crescimento dos colmos de bambu mostra vários estágios de lignificação da base para o topo de um mesmo colmo, longitudinalmente a lignificação em cada interno ocorre do topo em direção à base do colmo, enquanto que transversalmente ela ocorre de dentro para fora, complementando-se, porém, em uma estação de crescimento.

O bambu possui excelentes propriedades mecânicas, as quais são influenciadas pelo conteúdo de umidade do colmo, e se correlacionam com a idade e densidade deste, mas dependem principalmente do conteúdo de fibras, responsável pela resistência. Na condição seca a resistência é maior que na condição verde, sendo um conceito geral que os bambus estão maduros com cerca de três anos, quando alcançam sua máxima resistência.

Vários pesquisadores afirmam que na determinação das características mecânicas dos colmos do bambu, o principal inconveniente tem sido a inexistência de uma padronização dos ensaios. Isso leva cada estudioso adotar sua própria metodologia, tornando difícil a comparação dos resultados.

A densidade dos bambus varia entre 500 a 800 kg/m³, dependendo principalmente do tamanho, quantidade e distribuição dos aglomerados de fibras ao redor dos feixes vasculares. Assim, na base do colmo, a resistência à flexão é 2 a 3 vezes maior na parte externa do que na interna. Estas diferenças são menores mais perto do topo, devido ao aumento da densidade na parte interna e redução na espessura da parede, que apresenta internamente menos parênquima e mais fibra.

Um estudo comprovou que com a diminuição da espessura da parede do colmo da base em direção ao topo, ocorre um aumento na resistência mecânica, especialmente nas paredes internas, enquanto nas paredes externas esta característica muda muito levemente.

Outro estudo revela um aumento na resistência do colmo à tração e compressão até os 6 anos de idade e até 8 anos na resistência à flexão. Ocorre uma redução destas características em colmos mais velhos.

Resistência mecânica de amostras de bambu dendrocalamus giganteus na forma laminada colada e na forma de ripas (serrado) ensaiadas:

Como parte da história, sabe-se que o primeiro filamento utilizado em uma lâmpada por Thomas Edson foi de bambu e que na construção dos primeiros aviões por Santos Dumont, como o modelo Demoiselle, foram utilizados colmos de bambu.

O bambu é originário da Ásia e surgiu no começa da civilização neste continente. Na China o bambu é utilizado desde a pré-história. A prova é um desenho de bambu identificados como um dos primeiros elementos da ideologia chinesa.

Estima-se a planta seja reconhecida desde 1.600 a 1.100 a.C. A origem da palavra bambu permanece um mistério para os etimologistas, assim como são suas diferentes espécies, um enigma para os botânicos.

Bambu vira palito para churrasco

O bambu está ajudando a diminuir o desemprego na cidade alagoana de Viçosa (81 km da Capital). A matéria-prima vem sendo utilizada na produção de palitos de churrasco, comandada por 100 famílias da região, numa parceria entre a Prefeitura, Associação Comercial e Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).

O bambu é extraído de fazendas locais e a confecção dos espetinhos é quase toda artesanal, feita na casa de cada participante. Apenas o corte dos gomos é realizado por máquinas. Cada grupo consegue produzir uma média de 10 mil unidades de palitos por semana, totalizando um volume mensal de 4 milhões de palitos de churrasco. Das 100 famílias que fabricam os palitos, 26 estão fazendo parte do Núcleo de Palitos de Churrasco de Viçosa, acompanhado pelo Projeto Empreender do Sebrae.

Maio/2003