O Programa Nacional de Qualidade da Madeira está identificando empresas do setor de portas, com interesse em implantar um programa de qualidade. Posteriormente vai identificar os parâmetros para a criação do programa específico do setor de portas de madeira. Uma idéia que está sendo desenvolvida é a padronização nas medidas de produção do produto, visando a qualidade e a melhora na competitividade.
Representantes de empresas do setor estão discutindo a definição de um padrão para medidas, qualidade e processo de produção da porta brasileira. De acordo com o vice-presidente do Comitê de Portas, Antônio Rubens Camilotti, esta é uma exigência de mercado. As normas oficiais para a produção de portas em vigor são pouco utilizadas pelo mercado. Isso faz com que cada empresa desenvolva o seu próprio modelo de produção. É necessário padronizar o setor com normas que reflitam a necessidade e exigência do mercado.
Outra razão para a busca da padronização são as exigências de certificações de qualidade por parte dos bancos oficiais que financiam o sistema habitacional. Estas instituições estão solicitando através do PBQP-H (Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade Habitacional) que as construtoras tenham certificações de qualidade e, conseqüentemente, os seus fornecedores também. Mas, o setor de portas ainda não conta com certificação própria. Existem empresas certificadas, mas com selos de qualidade ou manejo florestal. Sobre este assunto o presidente da ABIMCI, Odelir Battistella destaca que a Associação reuniu os fabricantes a fim de começar o processo de certificação. Para isso, é preciso realizar um estudo detalhado do mercado visando identificar todos os processos de produção existentes e daí definir normas e diretrizes que certifiquem o produto.
O crescimento do setor de portas e janelas está diretamente relacionado ao incremento da construção civil, bem como aos incentivos do governo para moradias populares. Neste sentido o superintendente executivo da ABIMCI, Jeziel Adan de Oliveira alerta que a falta de incentivos governamentais à população de baixa renda leva a classe a adquirir portas de outros materiais de qualidade inferior e preços mais baixos. A padronização de portas já é uma ação que visa tornar o setor mais competitivo amenizando, inclusive, esta situação.
A principal vantagem da padronização para o fabricante é a redução de custo e estoque e aumento de produtividade em função de um menor número de medidas. Para o consumidor é que ele saberá, pelas novas normas, se o produto que ele recebeu está dentro do padrão que ele comprou.
Exportações
As exportações também deverão ser beneficiadas com a padronização de portas de madeira. Uma ação que vise certificar o produto pode driblar a acirrada concorrência internacional, principalmente com os países asiáticos. Há demanda por produtos brasileiros em novos mercados, como Japão e principalmente a China, mas o setor ainda vê com cautela estas chances. Por enquanto a entidade está apenas detectando oportunidades nestes mercados e ainda não tem nenhuma ação para incentivar o comércio de portas e janelas em mercados alternativos.
O comércio internacional de portas de madeira cresce, em média, de 5% a 7% ao ano, nos últimos cinco anos, principalmente nos mercados americano e europeu, e deve manter a média nos próximos cinco anos. O segmento exportou, em 2001, cerca de US$ 106 milhões, sendo compradores os Estados Unidos, Inglaterra e Porto Rico. O consumo mundial é de 60 milhões de portas de madeira por ano. Aproximadamente 8% deste mercado está nas mãos do Brasil, onde são produzidas cerca de 4,5 milhões de portas ao ano.
A estimativa de crescimento do setor para os próximos cinco anos é de manter o mesmo crescimento médio (acima de 5%). Uma ação que depende do empenho de cada fabricante. A paranaense Pormade, por exemplo, planeja destinar 15% da produção ao mercado externo. A empresa fabrica 15 mil portas / mês, sendo cinco mil portas prontas, informa o presidente da empresa Cláudio Zini.
O superintendente da ABIMCI diz que, paralelo às exportações, há muito para ser trabalhado no mercado interno, onde acredita que existe potencial para triplicar a produção nos próximos cinco anos. O setor tem capacidade industrial para isso e depende apenas da demanda por parte da construção civil.
Para o mercado interno, a produção chega a 170 mil portas por mês. A maior concentração de fabricantes do produto está nos estados do Paraná e Santa Catarina, responsáveis por 90% da produção do país. Os maiores consumidores são as regiões Sul e Sudeste. A matéria-prima é oriunda das regiões Sul e principalmente do Norte do país e as espécies mais usadas são: pinus, currupixá, itaúba e marupá.
O mercado de portas e janelas brasileiro é composto por cerca de 400 fabricantes. Do total da produção brasileira, os 10 maiores fabricantes são responsáveis por aproximadamente 50%.
O vice-presidente do Comitê de Portas acredita na qualidade do produto brasileiro para competir mesmo nos mercados mais exigentes. Mas, aponta problemas como impostos em cadeia que oneram a produção, alto custo nos portos e burocracia excessiva durante todo o processo de exportação.
As maiores dificuldades no setor de madeira, em geral, ainda são a legislação e a falta de informações gerais sobre o setor madeireiro.
No item que diz respeito às informações, o mercado já vem oferecendo soluções. Um exemplo é o Portal Remade (www.remade.com.br), criado recentemente afim de esclarecer as principais dúvidas da cadeia produtiva madeireira, além reunir uma série de dados estatísticos e notícias on line.
O PNQC (Programa Nacional de Qualidade do Compensado) que, inicialmente, atingia apenas empresas de compensados, está mudando de nome para Programa Nacional de Qualidade da Madeira. Agora poderá ser implantado em qualquer setor que utilize madeira na sua produção, tais como setor de portas, lâminas e outros.
A partir de agora, junto com a sigla PNQM virão mais duas iniciais que indicarão o setor da qual a empresa pertence, como por exemplo, PNQM-Cp para compensados feitos de Pinus, PNQM-Ct para compensado de madeira tropical, PNQM-Pt para portas.
O principal objetivo do projeto, promovido pela ABIMCI, é atender os requisitos do mercado em relação à qualidade do produto, tanto no mercado interno como externo. A empresa participante recebe todas as orientações técnicas, visitas periódicas de auditores independentes e assistência para ajustes necessários para a certificação.
Instituições bancárias oficiais estão exigindo que as construtoras tenham certificações de qualidade e, por isso, os seus fornecedores também devem estar certificados. A padronização das medidas é um passo para chegar a certificação
Maio/2003 |