O uso de espécies não convencionais requer uma minuciosa análise das propriedades da madeira, visando direcioná-lo ao uso específico
Até a década de 70 o pinho-do-paraná e a peroba-rosa eram as principais espécies usadas na construção civil. Mas, a redução da oferta destas espécies e conseqüente o aumento do custo delas levou a substituição por outras mais acessíveis.
A ampla variedade de espécies existente na Região amazônica dificulta a escolha, por isso é preciso analisar previamente a espécie de madeira, as dimensões, o teor de umidade e desvendar os defeitos naturais e de processamento.
Um exemplo da diversidade de espécies amazônicas são os dados concluídos pelo projeto Radambrasil para a região denominada “sub-região ecológica dos baixos platôs da Amazônia” onde foram encontradas 202 espécies com porte comercial, perfazendo um volume médio por hectare de 106 m³ e uma freqüência média de 63,39 árvores por hectare. O mesmo estudo contatou que de um volume de madeira de 100 a 180 m³ por ha, exploram-se somente de 10 a 20 m³ por ha.
Na escolha da madeira correta para um determinado uso, deve-se considerar quais são as propriedades e os respectivos níveis adquiridos para que a madeira possa ter um desempenho satisfatório.
Para identificar uma árvore deve-se considerar os seus órgãos reprodutores (flores e frutos), como também outras características morfológicas da árvore (casca, folhas e outras). A identificação de uma árvore depende da disponibilidade dessas características morfológicas. As características sensoriais englobam: cor, brilho, odor, gosto, grã, textura, densidade, dureza e desenhos. As características anatômicas, como camadas de crescimento, tipos de parênquima, poros (vasos) e raios; são observados à vista desarmada ou com auxílio d uma lupa de 10 vezes de aumento.
No Brasil, os principais mercados consumidores de madeira estão localizados nos estados das regiões Sul e Sudeste. Nessas regiões há demanda por madeiras tanto na forma roliça, empregados nas indústrias de celulose e de painéis (aglomerados, chapas de fibras e MDF) e no consumo para fins energéticos e siderúrgicos, como de madeira processada mecanicamente (madeira serrada, lâminas, painéis e outros), destinada a construção civil e à fabricação de móveis.
Para atender a demanda, o País conta com suas reservas florestais nativas, hoje, praticamente restritas à região Amazônica, e com os reflorestamentos homogêneos implantados em longa escala, a partir de 1966. As florestas nativas são caracterizadas por formações naturais composta por diversas famílias, gêneros e espécies de diferentes idades.
A produção de madeira da região amazônica tem peso fundamental na economia florestal do país com perspectivas, segundo projeções oficiais, de se transformar, em um futuro próximo, na principal fonte de suprimento do mercando internacional de madeiras tropicais. Estimativas indicam que há um estoque de, no mínimo, 60 bilhões de m³ de madeira em toras com valor comercial na Amazônia. Isto significa que o Brasil possui a maior reserva de madeira tropical do mundo, um valor econômico incalculável, acrescentando as possibilidades de produtos não-madeireiros, como por exemplo: óleos, resinas, frutos, fibras e plantas medicinais.
Os reflorestamentos iniciaram devido à necessidade de reservas de matéria-prima para a industrialização da madeira. Trouxeram benefícios como a alta produção por unidade de área, a flexibilização de localização dos plantios, a possibilidade de predeterminação dos rendimentos e a homogeneização da matéria-prima.
Os principais reflorestamentos foram implantados no início do século XX, mas a atividade se intensificou na década de 60 com os incentivos fiscais oferecidos pelo governo federal. A maior parte dos reflorestamentos existentes estão localizados nas regiões Sul e Sudeste e são constituídos por eucalipto e pinus.
A demanda atual da matéria-prima gerada nos reflorestamentos é representada, na maior parte, pelas indústrias de celulose e papel, painéis (fibras, aglomerado e MDF) e carvão vegetal.
Essa demanda orientou a produção de tal forma que hoje a matéria-prima gerada nos reflorestamentos tem suas características como: espécies, ciclo de cortes, rotações e outros, determinados em função desses três segmentos.
O contínuo distanciamento das fontes de madeiras torna atraente a possibilidade de utilização da madeira de reflorestamento na construção civil e na indústria de móveis.
Para isso é necessário que novos plantios sejam estabelecidos e que algumas características das madeiras de eucalipto e pinus sejam consideradas na escolha do processamento e condicionamento delas, para se obter a máxima adequação aos usos finais. |