O primeiro passo para fazer a cadeia produtiva de uma empresa alcançar as metas é colocá-la em sintonia, compreendendo todas as informações de interesse da organização.
Depois de concentrar todos os esforços na conquista do cliente, o desafio é mantê-lo, garantindo uma produtividade satisfatória. Para isso, as organizações dependem principalmente do ser humano. Consultores garantem que a informação correta é a ferramenta para o colaborador oferecer a produção almejada.
Formar equipes satisfeitas e comprometidas com os resultados tornou-se a meta da área de recursos humanos, que evoluiu do antigo conceito de departamento de pessoal para sistemas de gestão do capital humano. Para tanto, a comunicação precisa ligar todos os departamentos começando pelo chão de fábrica até chegar na presidência da empresa e posteriormente ao cliente. Este último não deve ser informado apenas sobre lançamentos de produtos, mas, a respeito de todas as melhorias da empresa.
É preciso encontrar um equilíbrio entre a produtividade e as pessoas. Isso só é viável se as organizações priorizarem a aprendizagem dos funcionários, conciliando os interesses da empresa com o das pessoas que nelas trabalham. Uma boa opção é aplicar investimentos em educação, podendo descontar no imposto de renda, já que muitos colaboradores não estudam por falta de recursos. Há empresas que resistem a este tipo de incentivo por temerem que depois de formado o funcionário troque a empresa dele pela do concorrente ou monte seu próprio negócio.
Ao investir, o empresário está colaborando para qualificar a mão-de-obra disponível no mercado, um universo onde a empresa pode obter benefícios futuros.
Na corrida pela produtividade, muitos são os métodos e estudos centrados no rendimento. Entre eles, a Reengenharia, os Círculos de Qualidade Total, o Gerenciamento da Qualidade Total, "Just in Time", Controle da Qualidade Total, entre tantos outros. Todos visam basicamente não só o aumento da produção, mas, também, a manutenção dela para sobreviver num mercado competitivo. Mas atualmente, no Brasil e nos Estados Unidos, uma das maiores demandas por consultoria recai exatamente na recomposição moral das empresas que adotaram, por exemplo, a Reengenharia, e não foram bem-sucedidas.
O método que mais tem dado resultados positivos é a diferenciação competitiva por intermédio dos seres humanos que pertencem às organizações. Para isso, as consultorias usam métodos que visam o aumento da produção e da qualidade com diversos rótulos. Mas, o que realmente faz a diferença é a mudança evolutiva das organizações, através da modificação no modo de pensar das pessoas.E, essa mudança só será efetiva se as pessoas tiverem informações em todos os níveis.
Numa hierarquia rígida, sobem informações e descem decisões. Se as informações sobem truncadas, as decisões serão confusas. É necessário e urgente abrir o processo de comunicação, fazer com que todos nas organizações sintam-se responsáveis pelos seus próprios trabalhos.
Para chegar ao resultado almejado, o caminho é priorizar a aprendizagem em todos os níveis, equilibrando produtividade e recursos humanos. No trajeto, estão ensinamentos sobre novos conceitos, novas tecnologias, além de uma visão sistêmica e global. Porém, muitos consultores alertam que não se chega em lugar algum sem quebrar paradigmas. Para conseguir evoluir é preciso querer mais do que maximizar o lucro em curto prazo. O objetivo deve ser canalizado na integração de pessoas e na formação de uma consciência de evolução coletiva.
A saída é mostrar ao colaborador a sua missão dentro da organização, e, num sentido mais amplo, a missão da empresa na sociedade, no país, no mundo. O empregado somente aceitará as cobranças que lhe são feitas se sentir-se responsável pelas tarefas, entendendo o sentido delas. Sobre o equilíbrio do sistema os consultores dizem que não adianta ter só uma visão de curto prazo, como também não serve somente a visão de longo prazo.
Sucesso
As empresas que dão certo são aquelas que não têm a tirania do ‘ou’. Não é razão ou emoção, lucro ou gente. É gente e lucro. E é possível esse equilíbrio, essa conciliação, basta que todos se comprometam em tentar fazer uma organização melhor. Ao formar profissionais a empresa deve pensar em ter um elo com o funcionário e não apropriar-se dele. Não sabemos se as pessoas que estão nas empresas hoje estarão amanhã. Devemos desenvolvê-las para a vida, para montar seu próprio negócio, se quiserem, para ganhar liberdade e assim elas estarão felizes e motivadas para trabalhar hoje pela sua empresa.
Conciliar os interesses das organizações com os das pessoas que trabalham nelas, significa criar um ambiente favorável ao desenvolvimento, lembrando sempre que o comprometimento de ambos é imprescindível.
Com tantos desafios não é fácil liderar uma equipe. Sobre este assunto o presidente do Instituto MVC - Estratégia e Humanística, Marco Aurélio Ferreira Vianna, que também é conferencista, escritor, pesquisador e consultor dá três dicas:
O líder desses novos tempos deverá enxergar sua equipe como seres humanos e não como mão-de-obra, entendendo-os profundamente em sua estrutura psicológica, operando, como um tutor. Deverá haver entendimento natural sobre as dificuldades que as pessoas apresentam ao lidar com o momento de turbulência e incerteza.
O líder do século XXI é aquele que consegue passar a crença, o comprometimento, a energia e a paixão por aquilo que faz.
Um grande líder é aquele que sua equipe não percebe sua existência, pois seu verdadeiro indicador de sucesso é o crescimento do seu próprio time.
Entre os programas brasileiros que incentivam a produtividade, atualmente um novo projeto está em desenvolvimento pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Trata-se do Programa Brasileiro de Prospectiva Tecnológica Industrial para os próximos dez anos (2003/2013). O projeto é direcionado a quatro setores da economia brasileira, entre eles o madeireiro e o moveleiro, mas o andamento dependerá da administração do próximo governo federal e ainda não tem regras definidas.
Um outro sistema, este já está consolidado é o Programa Fórum de Competitividade, que integra o projeto Avança Brasil/PPA 2000/03 - Brasil Classe Mundial, também coordenado pelo MDIC, com o gerenciamento da Secretaria de Desenvolvimento da Produção (SDP). O objetivo é desenvolver atividades que aumentem a capacidade de competição do setor produtivo brasileiro no mercado mundial, visando gerar emprego, ocupação e renda, melhorias na balança de pagamentos (aumento das exportações, competição com as importações e competição com serviços internacionais) e desenvolvimento tecnológico e regional.
O esforço de ganho de produtividade feito pelas empresas brasileiras nos últimos anos não foi suficiente para pôr o País no mesmo patamar dos países desenvolvidos. Mas, um estudo feito pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) sustenta que a produtividade no setor pode crescer à taxa de 3% ao ano, caso as empresas tenham acesso a recursos a custos compatíveis com sua capacidade de pagamento.
Nos últimos anos, o ganho médio da indústria brasileira ficou ao redor de 2%, medido pela Evolução da Produtividade Total dos Fatores (PTF), desempenho compatível com o da produtividade nos Estados Unidos.
O estudo da FGV traça um raio X da economia brasileira e mostra os principais desafios a serem enfrentados para garantir um crescimento sustentado no horizonte dos próximos quatro anos.
Uma das conclusões é que não há gargalos na produção capazes de impedir o crescimento da economia brasileira a uma taxa projetada de 4,5% ao ano nos próximos quatro anos, desde que a produtividade continue desempenhando o papel preponderante no desenvolvimento, assumido na última década.
De acordo com o estudo, a década de 90, ao contrário das anteriores, registrou um salto de produtividade. Medida pela evolução dos fatores de produção (crédito, mão-de-obra, infra-estrutura e novas tecnologias, entre outros), que permite calcular o ganho para a economia como um todo, a produtividade cresceu 1,68% ao ano, depois de queda de 2,79% nos anos 80 - a chamada "década perdida". Os dados indicam uma forte associação entre os ganhos de produtividade e o grau de abertura da economia brasileira.
O aumento de produtividade, de acordo com o estudo, mais
do que compensou o desempenho modesto apresentado pela acumulação de capital (cresceu apenas 1,11%), resultando num crescimento de 2,79% do PIB per capita do País na década.
No estudo, a FGV empregou mais dois métodos para medir a evolução da produtividade nos últimos dez anos. Tomando como base a produção física por hora trabalhada e por número de trabalhadores, observa-se forte crescimento do índice de produtividade, provocado basicamente pelo ajuste estrutural a que se submeteram as empresas. Enquanto a produção industrial cresceu 17,3%, o pessoal ocupado diminuiu 44,4% e as horas pagas caíram 46,1%.
Já os resultados da produtividade do trabalho utilizando não somente a produção física, mas também o valor agregado, mostram que a economia teve ganho de 25% nos anos 90. Por setores, o crescimento maior, de 45,9%, foi na indústria de transformação, seguido pela agropecuária e construção civil, com 41,06% e 21,53%, respectivamente. Nos serviços, o crescimento foi modesto, de 7%.
O mesmo estudo, dá conta de que a produtividade cresceu 25% nos anos 90 nos diversos setores da economia brasileira. Na indústria, a média anual de crescimento foi de 8,4%, mais que o dobro do obtido pelos Estados Unidos em seus anos dourados da era Clinton e da decolagem da internet.
Os números comprovam que o aumento da produtividade está diretamente relacionado com o desempenho econômico sadio do país. Fazer mais com menos significa também renunciar a uma taxa de criação de empregos no mesmo ritmo da dos anos 70, por exemplo.
Maio/2003 |