Os óleos essenciais constituem as principais matérias-primas das indústrias ligadas aos setores farmacêutico, de perfumaria e de condimentos. Os óleos essenciais existem naturalmente em diversos órgãos das plantas, principalmente as folhas e consistem numa mistura de mais de cem substâncias sólidas, líquidas e outras voláteis, quimicamente complexas e variáveis na sua composição.
Os métodos de destilação pela água ou pela vaporização são os mais utilizados e oferecem resultados satisfatórios, com um considerável número de plantas.
A destilação, tal como é aplicada na produção de óleos essenciais, tem por finalidade separar a parte volátil do óleo essencial da massa restante não volátil que permanece nas partes da planta. A operação é considerada muito simples e consiste em utilizar um destilador, lançando-se nele uma mistura do material e uma porção de água, elevando-se a temperatura até atingir a ebulição. O vapor resultante é conduzido para um condensador onde é arrefecido e convertido na sua forma líquida, contendo água e pequena quantidade de óleo essencial. Em função de densidades diferentes, formam-se duas camadas bem distintas -óleo e água – perfeitamente separáveis.
A primeira destilação de óleo essencial de eucalipto foi realizada na Austrália pelo cirurgião inglês John White, no fim do século XXIII para substituição do óleo de menta indicado como sedativo. White designou como pappermint-tree a planta produtora de óleo, naquela data, ainda, botanicamente desconhecida. O químico Besiste, de Melbourne, aperfeiçoou depois os métodos de destilação desenvolvendo a sua aplicação na indústria e divulgando diversos usos químicos e farmacêuticos dos óleos essenciais do gênero Eucaliptus. Sob o ponto de vista da sua composição química, qualitativa e quantitativamente, os óleos essenciais de eucalipto são misturas, mais ou menos complexas, e variam com as espécies, genética, tipo e idade da folha, condições ambientais(clima, solo, luz, calor, umidade) e processo de extração. Predominam nesses óleos os hidrocarbonetos terpênicos monoclínicos, derivados do isopreno.
Já foram identificadas mais de 650 espécies do gênero Eucalyptus, mas um número inferior a vinte espécies são exploradas comercialmente em todo o mundo para a produção de óleos essenciais.
Para o nosso país, data a área já ocupada pelos eucaliptos e as tendências para o alargamento progressivo dessa cultura, os óleos essenciais de eucalipto constituem um produto de crescente interesse econômico contribuindo para a valorização da exploração florestal. Entre as espécies mencionadas, destacam-se Eucalyptus. globulus e E. citriodora.
O E. globulus tem seu valor comercial ligado ao cineol ou eucaliptol, seu principal componente que lhe confere ação medicinal. A espécie tem apresentado restrições de adaptação no Brasil, embora inúmeras tentativas de adaptação já tivessem sido realizadas, mas os resultados não foram satisfatórios. A espécie apresenta bom desenvolvimento no Chile, Argentina, Portugal e Espanha, com bom crescimento inicial, não formando árvore de grande porte e sua melhor adaptação está ligada a regiões de climas frios. O Eucalyptus citrodora tem apresentado maior importância na economia do país, por ser uma espécie menos susceptível às variações edafo-climáticas; além de ser ótimo produtor de óleo essencial, também produz madeira de excelente qualidade, muito utilizada para produção de carvão, moirões, dormentes, postes, lenha para energia e outros. É uma planta de rápido desenvolvimento que suporta cortes seguidos, com excelente brotação.
Embora quimicamente não apresentem a mesma constituição, os óleos essenciais de eucalipto encerram um grande número de propriedades físicas e químicas comuns:
. São solúveis no álcool, no éter de petróleo, benzeno e nos solventes orgânicos;
. São praticamente insolúveis em água;
. São voláteis e destilam pelo vapor d’água;
. São menos densos que a água;
. Fervem a temperaturas superiores a 1000C;
. São oticamente ativos;
. Ardem com chama fuliginosa;
. Apresentam colorações diversas segundo a espécie, grau de umidade das folhas e idade da planta.
A aplicação dos óleos essências de eucalipto depende da sua composição.
Assim, por exemplo, o cineol é usado na indústria farmacêutica ou como produto de limpeza. O felandreno é empregado na indústria como solvente e na flutuação de minerais; O terpinol é a base da essência artificial de lilás e é usada em perfumarias. O eudasmol é utilizado como fixador em perfumes. O acetato de eudasmol é empregado como sucecâneo da essência de bergamota e a piperitona é utilizada na fabricação sintética de timol e do mentol.
No Brasil, são poucas as indústrias envolvidas na produção de óleos essenciais de folhas de eucalipto. Poucas empresas localizadas nos estados de São Paulo e Minas Gerais ainda processam folhas de Eucalyptus citriodora, mas o mercado tem sido pouco atraente, em função da concorrência de produtos sintéticos e da grande oferta de óleos no mercado internacional, reduzindo significativamente os preços.
Setembro/2002 |