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REVISTA DA MADEIRA - EDIÇÃO N°138 - JANEIRO DE 2014

Biomassa

Demanda aumenta opção de biomassa para energia

A demanda por energias renováveis vem crescendo muito em todo o mundo. A participação da biomassa tradicional, como combustão direta de madeira, carvão vegetal, resíduos agrícolas, entre outros, ainda é a mais expressiva, principalmente em países menos desenvolvidos.

Um relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) aponta que no último ano os investimentos em energias renováveis no mundo totalizaram US$ 244 bilhões, sendo que, deste total, os países em desenvolvimento apresentaram o maior crescimento, chegando a US$ 112 bilhões. Isso prova que o mapa dos investimentos nas fontes de energia renovável está mudando sensivelmente: o financiamento de projetos e políticas está se deslocando de países desenvolvidos para nações emergentes. Países em desenvolvimento, como China, Brasil e países africanos, são citados como destaque nos investimentos e na geração de empregos no setor.

Alguns estudos confirmam que esta tendência de crescimento em investimentos tende a crescer muito podendo chegar a US$ 630 bilhões por ano em 2030.

A capacidade instalada de energia renovável já ultrapassou 1.470 GW em todo o mundo. Somente no último ano foram gerados 115 GW novos, instalados em diversos países. E a cada ano vem ocorrendo um aumento médio de 8,5%.

O Brasil se destaca mundialmente pela geração de energia renovável, principalmente devido à energia hidroelétrica, que responde por mais de 64% da produção nacional de renováveis . A biomassa , neste caso, tem menor participação.

Especialistas defendem que é preciso investir em tecnologias para diversificar o aproveitamento de resíduos da biomassa no país. A adoção deste tipo de energia ajuda a reduzir a pressão sobre as fontes tradicionais e também oferece um destino sustentável para resíduos agropecuários e urbanos.

Os setores sucroalcooleiro e de papel e celulose são os que melhor aproveitam os resíduos de biomassa, segundo Suani Teixeira Coelho, coordenadora Centro Nacional de Referência em Biomassa (Cenbio). "Eles conseguem aproveitar quase 100% dos resíduos gerados. Já nos setores madeireiro e de resíduos sólidos urbanos, ainda há muito potencial para expandir", comenta a pesquisadora.

Bagaço de Cana

Na Biomassa, o potencial de geração de eletricidade é calculado a partir da disponibilidade de bagaço de cana-de-açúcar, principal fonte desta modalidade no país. Das quase 400 usinas de cana-de-açúcar em atividade no Brasil, a maioria produz energia somente para suprir as necessidades energéticas das próprias unidades de processamento do setor sucroalcooleiro. Apenas 100 usinas produzem eletricidade para o sistema elétrico nacional. De acordo com a União da Indústria de Cana-de-açúcar (UNICA), o potencial de geração de eletricidade dessa fonte é de 1,5 milhão de quilowatts/ano. Segundo o Instituto Acende Brasil, os canaviais existentes no Brasil poderiam gerar cerca de 14 milhões de quilowatts/ano.

De cada tonelada do produto, 250 kg é bagaco e outros 204 kg, palha e pontas. Tudo pode ser reaproveitado para geração de energia elétrica. Em São Paulo, toda a colheita precisará ser mecânica a partir de 2014. Isto significa que deve ser aproveitado aproximadamente 98% da casca e folha, e a produção de energia deve aumentar entre 40% e 50%

De acordo com levantamento da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), a energia elétrica gerada pelas usinas beneficiadoras da planta é suficiente para atender a toda a demanda da produção de etanol e açúcar durante a safra, além de fornecer energia para o Sistema Interligado Nacional (SIN) 1.381 Megawatts (MW) médios em 2012, o que corresponde, por exemplo, a 45% do consumo de energia da cidade de São Paulo. A capacidade instalada dos resíduos da cana hoje é de 8.974 MW, ou 6,77% da produção nacional.

O Plano Decenal de Expansão de Energia do Ministério de Minas e Energia indica que, até 2021, o setor poderá oferecer ao Sistema Interligado Nacional 10 Gigawatts (GW) médios, se todo o bagaço produzido for aproveitado. "Para estimular este incremento, tem que dobrar a produção e precisa de uma política setorial de longo prazo. Quando as primeiras usinas foram montadas, há 30/40 anos, elas foram equipadas com caldeiras de baixa pressão. Para ampliar a oferta de energia, é preciso trocar estes equipamentos", afirma Zilmar José de Souza, gerente de Bioeletricidade da Unica.



Além da cana-de-açúcar, os resíduos sólidos também têm grande potencial, por meio de energia retirada do biogás. A previsão é que as tecnologias de gaseificação de biomassa tornem-se competitivas apenas em 2020, segundo o Plano Nacional de Energia 2030, elaborado pelo Conselho Nacional de Política Energética. O plano prevê a entrada em operação de sistemas de gaseificação de biomassa no setor sucroalcooleiro que gerarão 5% da energia do país. Já a previsão para 2030 é que essa participação cresça para 13%.



No caso específico da biomassa de madeira estudos revelam que atualmente esta fonte responde por 8,7% da matriz energética mundial e 13,9% da brasileira. A oferta de biomassa florestal se dá por resíduos (florestais, industriais ou urbanos) ou plantações de florestas energéticas. Os resíduos florestais e industriais são a maior oportunidade no curto prazo, enquanto a oferta oriunda de plantações de finalidade exclusivamente energética ainda é incipiente e está restrita a alguns países, mas tem grande potencial de desenvolvimento no longo prazo, em especial no Brasil. A peletização diminui o teor de umidade da madeira e aumenta sua densidade, ampliando as possibilidades de comércio internacional, em face das diminuições do custo relativo do frete, de forma que o pellet de madeira é hoje a biomassa sólida para fins energéticos mais negociada no mundo. O maior desenvolvimento desse mercado está intrinsecamente relacionado a oferta de matéria prima.

Incentivo

Apesar de o Brasil ocupar uma posição de destaque mundial na geração de bioenergia, o país ainda está aquém de outras nações no que diz respeito ao aproveitamento dos resíduos da biomassa. "É necessário fazer muitas inovações neste setor, para garantir eficiência na geração", explica o pesquisador da Embrapa Agroenergia José Dilcio Rocha.

De acordo com um estudo desenvolvido pelo Cenbio a pedido do governo alemão, o Brasil conta com 7.005.125 hectares de área plantada, em 2012. No documento, os cientistas destacam que a produção de pellets (biomassa compactada), por exemplo, é incipiente

O cenário de outras fontes energéticas, como a casca de arroz, é parecido. Hoje, existem no país nove usinas que transformam o resíduo em energia. Juntas, elas geram 36,4 MW de potência, ou seja, 0,03% da produção nacional. Se toda a capacidade instalada existente no Brasil fosse aproveitada, seria possível produzir cerca de 200 MW de potência.

Isso só pode ser atingido com uma política de governo que amplie os investimentos e incentive a adoção de fontes alternativas de geração de energia por meio de biomassa. Especialistas sugerem introduzir novas tecnologias e aumentar as ofertas de leilões específicos para este tipo de energia. Se implementarmos novos processos, a indústria pode ampliar a produção e também agregar valor aos resíduos agrícolas, agroindustriais e florestais.

Biomassa Florestal

Em muitos dos países pobres do mundo, a madeira segue como principal fonte de energia para aquecimento e queima. A importância da biomassa sólida dentro da matriz energética guarda forte correlação negativa com o grau de desenvolvimento do país.No entanto, o aumento dos preços do petróleo , a incerteza política dos principais países exportadores dessa commodity e o acréscimo de emissões dos gases causadores do efeito estufa têm colocado a biomassa, incluindo a de madeira, no foco das atenções como uma importante fonte de energia. O desenvolvimento do mercado de pellets de madeira está permitindo aumentar as trocas internacionais dessa biomassa, em especial em direção à Europa, o que deve ampliar sua importância na matriz energética dos países desenvolvidos. Porém, mesmo hoje, a biomassa de madeira tem um papel de destaque na oferta global de energia.

Segundo a International Energy Agency (IEA), a biomassa de madeira responde por cerca de 8,7% da matriz energética mundial. A biomassa é uma fonte de energia renovável e, se utilizada da maneira correta, pode ser também sustentável. O processo de renovação realiza-se pelo ciclo de carbono, em que as plantas capturam o CO2 da atmosfera . A utilização da biomassa de madeira torna-se sustentável quando a oferta do insumo se dá por meio de manejo florestal adequado ou de resíduos florestais, industriais ou urbanos. Entretanto, em muitos países em desenvolvimento, uma parcela da oferta de madeira ainda é oriunda de desmatamentos. Outro fator importante para a sustentabilidade do uso da biomassa como energia é a correta contabilização de todas as emissões de gases causadores do efeito estufa, ao longo de toda a cadeia.

No lado da demanda, segundo a consultoria Pöyry, o grande destaque em 2015 ainda será a Europa Ocidental.. A expectativa da consultoria é de que em 2015 sejam consumidos 23,4 milhões de toneladas de pellet de madeira no mundo.

Ainda segundo a Pöyry, as perspectivas são muito favoráveis a esse mercado, em especial na União Europeia. Considerando somente o potencial de combustão, se as plantas operadas a carvão mineral queimassem com 5% de pellets de madeira, seriam demandados 41 milhões de toneladas por ano, algo como 3,5 vezes a produção mundial de 2008.

A biomassa de madeira apresenta-se como uma alternativa viável à utilização dos combustíveis não renováveis na produção de energia. A vantagem dessa utilização, contudo, está longe de ser absoluta, pois necessita da reunião de condições específicas ou de incentivos governamentais para se materializar. O impacto das recentes metas anunciadas pela União Europeia prova esse ponto. O maior desenvolvimento desse mercado está intrinsecamente relacionado à possível adoção de metas de redução de emissão de CO2 , tanto por países desenvolvidos quanto por países em desenvolvimento.

Do lado da oferta, os resíduos florestais e industriais são a maior oportunidade no curto prazo. No entanto, é necessário maior desenvolvimento de infraestrutura logística para aproveitamento desses resíduos, em especial nos países em desenvolvimento. No Brasil, já existe ampla utilização da madeira como energia no setor de celulose, por meio do licor negro, mas ainda reside um imenso potencial de exploração de resíduos em outras indústrias madeireiras

O desequilíbrio global entre oferta e demanda local por madeira para energia começa a ser minimizado com a produção de pellets de madeira. A densificação reduz o custo do frete, ampliando as possibilidades de comércio internacional. Novamente, o peso das metas governamentais se faz presente, colocando o mercado europeu como destaque no âmbito global. O Canadá já dedica grande parte da produção a esse mercado, os Estados Unidos parecem ter descoberto o filão recentemente e o Brasil deve ser o próximo a oferecer pellets de madeira para o continente europeu.