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REVISTA DA MADEIRA - EDIÇÃO N°137 - OUTUBRO DE 2013

Paricá

A boa opção no cultivo do Paricá

A espécie Paricá (Shizolobium amazonicum ) vem sendo bastante cultivada na região norte e nordeste do país, principalmente nos Estados do Pará e Maranhão. Apresenta rápido crescimento, fuste reto e madeira com elevada cotação no mercado interno e externo. De acordo com levantamento do Centro de Pesquisa do Paricá (CPP) localizado no município de Dom Eliseu, no sul do Pará, que representa a grande maioria dos plantadores de paricá dos Estados do Pará e Maranhão, estima-se que, nestes Estados, existe em torno de 40.000 hectares da espécie plantados.

Cerne de coloração amarelo-claro e alburno castanho-claro, cheiro e sabor indistinto, superfície pouco lustrosa. A madeira é fácil de secar tanto ao ar quanto em estufa, apresenta leve tendência ao empenamento e a rachaduras. É considerada leve, pois apresenta quando seca ao ar, 0.300g/cm³. A textura é média (diâmetro dos poros de 110 a 100µ). Anéis de crescimentos nítidos e irregulares. A resistência mecânica é moderada sendo relativamente fraco a intempéries, a fungos e a insetos, o que requer imunização antes do seu uso final. Por ser macia é fácil de trabalhar com equipamentos mecânicos ou manuais permitindo ótimo nível de acabamento. É utilizado na fabricação de compensados, laminados, molduras, canoas, caixotes e palitos, sendo passível de aplicação na produção de celulose de boa qualidade.

O Paricá apresenta elevado índice de sobrevivência no campo. Em povoamentos bem implantados e bem manejados é possível alcançar um índice de sobrevivência situado entre 90% e 95% da população de mudas plantadas. A colheita ocorre no período de 6 a 8 anos de idade das árvores.

O potencial produtivo é bastante elevado, figura como o maior entre as espécies mais usadas em regime de reflorestamento. Quando ocorre a união dos fatores sítio ensolarado + povoamento bem implantado e bem manejado, é possível obter durante o ciclo produtivo da espécie o incremento médio de 3,15cm./DAP3/ano e 1,5m./Altura.Comercial4/ano. Dentro deste contexto é correto afirmar que cada árvore de Paricá possui potencial para apresentar no seu ciclo produtivo, em média, 0,27 metros cúbicos de madeira efetivamente aproveitável para industrialização. Esse vigor cai fortemente quando a espécie é introduzida em ambientes sombreados, o que confere ao Paricá a classificação de heliófila pioneira. Em condições ideais de cultivo é possível obter até 125 metros cúbicos de madeira em cada hectare plantado.

Pelo acelerado ritmo de crescimento, que lhe permite alcançar grandes alturas em pouco tempo, é vulnerável a forças eólicas, pois tanto as raízes que são do tipo superficial quanto o caule, se mostram fracos para suportar fortes pressões sobre a copa. Por esse motivo, não raro ocorre tombamento ou ruptura do fuste, principalmente após desbastes em povoamentos adensados.

A prática tem mostrado que os incêndios nos plantios de Paricá não produzem fogo de copa, tal qual ocorre nas formações florestais compostas por espécies que possuem resinas inflamáveis em sua constituição. Quando ocorre, sempre por acidente ou dolo, o incêndio produz apenas fogo de superfície5. Contudo, o Paricá é bastante susceptível a este tipo de fogo. Como medida de prevenção se faz necessário manter, durante o período de estiagem, o solo bem carpido e os aceiros limpos.

O Paricá tem se mostrado resistente ao período de estiagem de três meses (média no Estado do Pará), cujo índice pluviométrico mensal médio se situa na ordem de 70mm.

Pragas

Na condição de muda recém plantada o Paricá susceptível as formigas cortadeiras Atta e Acoromyrmex. O controle é feito primeiramente com formicida granulado estrategicamente depositado nos caminhos das formigas e nos arredores dos formigueiros. Após 5 dias, a operação é finalizada com o polvilhamento de formicida diretamente nos formigueiros.

Apesar do exposto, o interessado não precisa temer o investimento no Paricá, pois é correto afirmar que existem técnicas de manejo capazes de minimizar ou mesmo banir a presença de organismos agressores no cultivo da espécie. Por este motivo é recomendável que tanto a implantação quanto a condução do cultivo tenha o devido acompanhamento técnico.

O Paricá têm se mostrado apto tanto para regime de monocultura (100% Paricá) quanto para sistema consorciado.

A ausência do trabalho preventivo de combate a pragas tem sido responsável por prejuízos nos povoamentos de Paricá recém-plantados. Em vista disso, simultaneamente às atividades já descritas, é feito o controle das formigas cortadeiras de folha do gênero Atta sp e Acromyrrmex sp. Para tanto, é feito um criterioso trabalho de mapeamento dos formigueiros existentes para, em seguida, eliminá-los pelo método tradicional que consiste, conforme já informado, na deposição estratégica de iscas granuladas nos caminhos das formigas e nos arredores dos formigueiros. Após 5 dias a operação é finalizada com o polvilhamento de formicida diretamente nos formigueiros.

Nos primeiros três anos após o plantio a floresta recebe dois tratamentos de controle de ervas daninha por ano, sendo um no auge do período chuvoso e o outro no princípio do período de estiagem. A partir do terceiro ano de idade a floresta recebe apenas um tratamento anual, preferencialmente no começo do período de estiagem.

O controle das ervas daninhas é feito nas entrelinhas do plantio de forma mecanizada, com roçadeiras de arrasto tracionadas por tratores agrícolas. Ao redor das plantas empregam-se o método manual de coroamento com o uso de enxadas. Onde há infestações de capim é empregado o método. A aplicação do herbicida é feita com observância dos critérios técnicos que conferem segurança em todos os sentidos, inclusive no que se refere ao meio ambiente

O programa de adubação é essencial para corrigir as deficiências do solo e conferir resistência e produtividade aos componentes arbóreos. Com este propósito efetivam-se anualmente, até as plantas completarem três anos de idade, a deposição de fertilizante em sulcos rasos, no formato de meio círculo, abertos na área de abrangência do sistema radicular. Por razões já explanadas, tanto o tipo de fertilizante quanto a formulação e a quantidade por planta devem ser indicados por um Engenheiro Florestal competente.

Seguindo a ordem cronológica das atividades pertinentes aos tratos silviculturais da floresta, a deposição de fertilizante é feita sempre no período chuvoso e após o tratamento de controle das ervas daninha.

O Paricá possui elevada capacidade de regeneração a partir dos tocos das árvores cortadas. A regeneração está intimamente relacionada com o grau de fertilidade do solo: - quanto mais fértil for maior será a taxa de regeneração. Essa qualidade permite a formação de uma nova árvore com característica semelhante à da árvore anterior. Contudo, ressalta-se que as árvores regeneradas são bastante vulneráveis a pressão eólica.

Portanto, não raro ocorre a ruptura do fuste durante ventanias

Conforme ocorre com todos os tipos de cultivo, o êxito com Paricá está diretamente relacionado com a metodologia de implantação e de condução da floresta.

Assim sendo, é correto afirmar que o reflorestamento quando bem implantado e bem conduzido é sinônimo de retorno garantido e investidor satisfeito.

Autor : Engenheiro Florestal Mauro S. Carvalho