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REVISTA DA MADEIRA - EDIÇÃO N°137 - OUTUBRO DE 2013

Pellets

Demanda de pellets e biomassa no mercado europeu

A União Européia publicou recentemente o Relatório Anual de Biocombustíveis 2013, com a Rede Global de Informações da Agricultura – USDA, dos Estados Unidos.O relatório revela que a União Européia é o maior mercado consumidor de pellets em quantidade, com o consumode 14,3 milhões de toneladas no ano de 2012. Impulsionado pelas diretivas daUnião Européia e da política de incentivos dos Estados membros, a demanda vai se expandir para 17 milhões de toneladas em 2014.

As previsões de consumo de pellets para 2020 encontram-se nas previsões de 35 milhões de toneladas para a Europa Ocidentale uma estimativa de 50-80milhões de toenadas ao mercado europeu (AEBIOM).

No que tange ao consumo de biomassa, os Estados-Membros da União Européia forneceram estimativas do consumo final de energia da biomassa, a fim de atingir suas metas para 2020. Para atingir a meta, a União Européia deve importar de 25-40 milhões de toneladas.

Neste contexto o Brasil pode se inserir neste novo mercado de produção de pellets e de exportação de biomassa para a atender a demanda elevada na União Européia.

A União Européia para atingir as metas de uso de energias renováveis em 2020 com o uso de bioenergia e biomassa deve aumentar o consumo energético de 82 milhões de tep em 2010 para 135 milhões tep em 2020.

Os maiores aumentos são no setor elétrico e de transportes, onde se espera que o uso da bioenergia deva dobrar de 10 milhões de tep para 20 Mtep para o setor de energia elétrica e deve dobrar de14 a 28 Mtep no setor dos transportes.

Há hoje um constantecrescimento de consumo de energia, e da necessidade de consumo de biomassa, com destaque para países como a Bélgica, França, Alemanha, Itália, Holanda, Polônia e Reino Unido.

Conforme o relatório, o principal interesse diz respeito a biomassa sólida e gasosa utilizada no setor elétrico e calor, em vez de biocombustíveis líquidos (etanol) usados no setor de transporte. A utilização destesdois setoresde energia em 2020deverá totalizar107milhões de tep. Será necessário a importação em grande escala de biomassa.

Estimativa de uso e de consumo de bioenergia e biomassa para atingir as metas de energias renováveis 2020 de acordo com National Renewable Energy Action Plans

IMPORTAÇÕES

De acordo com dados do Eurostat, 2,5 milhões de toneladas de pellets de madeira foram importados para a União Européia em 2010 (1,8 milhões de toneladas em 2009).As principais origens de importação de biomassa são do Canadá, Estados Unidos e a Rússia.

Existe um potencial significativo de biomassa a nível mundial , que no futuro poderá ser importado na Africa do Sul e do Brasil. A quantidades de biomassa sólida para atender a demanda da União Européia éprojetada em 26- a 38 milhões TEP.

A produção de pellets na Europa e América do Norte começou durante a crise do petróleo na década de 70, quando pellets de madeira foram utilizadoscomo um substituto para os combustíveis sólidos.

A produção de pellets de madeira tornou-se comercialmente viável desde a década de 90 e tem crescido constantemente ao longo dos últimos anos. Um dos fatores do aumento no consumo foi a política de alguns países (Europa, Estados Unidos e Canadá e atualmente Coréia do Sul e Japão) pelo uso de energia renovável como a biomassa e pellets para combater o aquecimento global e para uma segurança energética.

Pellets de madeira são utilizados em escala doméstica (residencial) eindustrial em grande dimensões em usinas termoelétricas na Europa e Estados Unidos.

Pellets de madeira são consideradosbiocombustíveis produzidos de biomassa sólida e em unidade de formação cilíndrica. São produzidos de madeira industrial (resíduos lenhosos, florestais e industriais) e são utilizados para o aquecimento e a produção de energia térmica. Dependendo da especificação e padronização, existem diferentes tipos de pellets (ENPlusDiNPlus):

Pellets Premium são de alta qualidade e com uma composição dentro das especificações internacionais (qualidade, padronização, durabilidade e umidade) e com origem em madeira certificada (cadeia de custódia). O produto é de origem da madeira e sem nenhum tipo de conservante. O produto é muito utilizado como um combustível energético e térmico para as residências (fogões) e para aquecimento em redes de hotelaria (caldeira industrial) na Europa, Canadá, Estados Unidos e Brasil.

Pellets industriais são de padrão de qualidade inferior, onde a madeira pode ser misturada com resíduos ou casca. As principais aplicações são as caldeira industriaisem usinas termoelétricas.

Os diâmetros típicos para pellets variam de 6 a 12mm e o comprimento típico é de 10 a 40mm (DIN 51731, NORM M 7315). O valor calorífico líquido varia entre 10,8 e 18 MJ/Kg, a densidade é de 600 Kg/m3, e também pode ser entre 500 e 680 kg / m³. O teor de umidade padrão deve estar entre 6-10%. O respectivo parâmetro depende da qualidade do respectivo sedimento de produto, com os valores mais elevados nos pellets de categoria premium. Ao longo dos anos foi desenvolvida uma grande variedade de padrões de pellets de madeira. A União Europeia introduziu as primeiras normas EN (EN 14961 e EN 15234) em 2010. Outros padrões que incluem DIN 51731/DINplus na Alemanha / Holanda / Bélgica, ÖNORM M em 7315 Áustria e SS 187.120 na Suécia.

Os maiores consumidores de pellets de madeira (Dong, Drax, Electrabel, Eon, Fortum, RWE e a Vattenfall) a nível europeu, estão trabalhando em uma padronização de negociação de contratos comerciais, a fim de transformar de pellets de madeira em uma commodity mundial.

PRODUÇÃO E CONSUMO

A União Européia é o maior mercado de consumo de pellet de madeira. Em 2012 consumiu cerca de 14 milhões de toneladas de pellets. O Consumo Europeu de Pellets deverá triplicar até 2020. Alguns especialistas esperam que o mercado aumente para 80 milhões de toneladas em 2020:

A consultoria Ekman & Co calcula em 18 milhões toneladas de wood pellets na Europa em 2014. Já a Pöyry tem a estimativa de utilização de wood pellets em 16,5 milhões de toneladas em 2015. E a AEBIOM tem uma avaliação geométrica de uso de woodpellets no mercado residencial e industrial entre 50 e 80 milhões de toneladas em 2020.

Desde 2008, a demanda por pellets superou significativamente a produção doméstica na Europa. Isto resultou em aumento das importações dos Estados Unidos e Canadá. Em 2012, os Estados Unidos exportou pellets de madeira para a Europa em cerca de 1,8 milhões de toneladas, no valor de US$ 331 milhões. Se o fluxo de comércio permanecer consistentes com nos padrões atuais, os Estados Unidos tem o potencial de fornecer cerca de US$ 650 milhões em pellets de madeira em 2014.

Alemanha e Suécia são os maiores produtores de pellets na Europa. Em 2011, a produção sueca caiu cerca de 300.000 toneladas. O corte de produção foi em parte substituída por importações competitivas da região do Báltico e da Rússia. Durante 2010, 2011 e 2012, as importações suecasaumentaram rapidamente, principalmente para os usuários em grande escala.

Entretanto, a produção deverá permanecer estagnada nos próximos anos. O pequeno potencial de investimentos e a disponibilidade limitada de suprimentos de matérias-primas estão restringindo ainda mais a capacidade de crescimento e produção na Europa. A principal matéria-prima para produzir pellets tem sido tradicionalmente a serragem e os subprodutos de serrarias.

Com o aumento da competição pelos recursos de serragem, uma base de matéria-prima sustentável mais ampla está se tornando necessário. Há um interesse crescente em resíduos florestais, resíduos de madeira e resíduos agrícolas.

Na Europa Central alguma expansão está prevista, principalmente paraabastecer o mercado de aquecimento residencial na região. O crescimento da capacidade para suprir a demanda no noroeste da Europa, contudo, não será suficiente. No geral, não é esperado um aumento na produção de pellets de madeira da União Européia.

Do consumo de 14,3 milhões de toneladas, em 2012, uma quota igual estima-se ser usado para uso industrial e uso doméstico. Os principais usuários de pellets de madeira na Europa são o Reino Unido, Dinamarca, Holanda, Suécia, Alemanha e Bélgica.

O mercado europeu de consumo de pellets pode ser dividido em:Mercados de consumo industrial como a Holanda, Bélgica e Reino Unido que detém grandes usinas que utilizam pellets.

Mercados de consumo industrial e residencial como a Dinamarca e a Suécia, em que pellets são utilizados pelas usinas, mas também pelas famílias e pelos consumidores de médio porte para aquecimento.

Mercado de consumo residencial. Na Alemanha, Áustria, Itália e França pellets são usados principalmente em caldeiras residenciais e industriais privadas de pequena escala para o aquecimento.

A demanda por pellets em escalaindustrial depende principalmente de mandatos dos Estados-Membros da Europa e de incentivos, enquanto o mercado de pellets residencial é impulsionado por preços de combustíveis alternativos.O mercado de pellets na Alemanha, Áustria e Itália é dependente da produção local e de importação, no caso da Itália.

. Em 2012 foram importados 4,5 milhões de toneladasdepellets de madeira na Europa, e deverão crescermaisde6 a 7 milhões de toneladas neste e no próximoano.As importações são impulsionadaspela demandade usinasde grande porte.

Seus fluxos de comérciopermanecem consistentescomos padrões atuais, e os Estados Unidos tem o potencial defornecer pelo menosmetade dademanda de importação. Outrosexportadoresimportantesde pellets para a UE são o Canadá e a Rússia.Em resposta àdemandada Europa para pellets industriais, a capacidade poderá ser ampliada nos dois países, bem como o ingresso do Brasil neste promissor mercado.

O Reino Unido, Holanda e Bélgica são considerados os mercado de grande crescimento de pellets e também o mais dependente em importações.

O uso em larga escala de pellets de madeira pelas usinas no Reino Unido e os países do Benelux é impulsionado pelos mandatos da Europa para a utilização de energias renováveis em 2020. Os governos desses países optaram por cumprir as suas obrigações, pela utilização de biomassa para a geração de eletricidade.

Recentemente, o Governo do Reino Unido reforçou a diretiva relativa às emissões industriais, que deverá impulsionar o consumo ainda mais em 2014. O Governo holandês vai decidir sobre a política nacional de energia renovável. De acordo com a proposta, as usinas antigas devem ser fechadas e a utilização da biomassa será limitada a 25 PJ por ano.

Os países do Benelux e o Reino Unido devem importar principalmente dos Estados Unidos e Canadá. Apesar de sua produção interna ser significativa,o países escandinavos, principalmente a Dinamarca e a Suécia, dependem em parte das importações, predominantemente da região do Báltico e da Rússia.

Normas e certificações

- Normas e certificação para pellets não industriais: normas européias para a biomassa sólida ( CEN / TC 335 ) foram introduzidos em 2011. Eles incluem um padrão de pellets de madeira (EN 14961-2 ) . Esta norma é desenvolvida apenas para uso não industrial. O Conselho Europeu Pellet ( EPC ) ENplus desenvolveu, um sistema de rastreabilidade e certificação, que implementa este padrão.

- Normas para pellets industriais : os produtores europeus de pellets e usuários foram consultados sobre uma norma de produto para aglomerados de madeira industrial. Esta consulta faz parte de um projeto apoiado pela Comissão Européia (CE), o projeto EUBioNetIII. Os resultados desses inquéritos serão utilizados para a CEN e um padrão ISO internacional de pellets de madeira para uso industrial .

-Certificação de pellets industriais: O EPC também está desenvolvendo um sistema de certificação ENplus de qualidade industrial, o projeto PellCert . A Associação Europeia de Biomassa e dez membros do EPC estão envolvidos no projeto: as associações de biomassa e pellet na Áustria, Alemanha , Bélgica, Suécia, Finlândia, França, Itália, Espanha , Portugal e Hungria.

Autor: Celso Marcelo de Oliveira, Presidente daAssociação Brasileira das Industrias de Biomassa