A floresta amazônica possui mais de 3.000 espécies de árvores, com grande aproveitamento para a produção de móveis e estruturas. A espécies Jatobá surge como uma boa opção.
A floresta amazônica apresenta cerca de três mil espécies de árvores, das quais grande parte poderia ser aproveitada para fabricação de móveis. O Brasil pode se tornar mais competitivo se oferecer ao mercado espécies amazônicas que não são facilmente encontradas em outros países. A China, por exemplo, está solicitando através da Câmara Brasil-China, com sede no Rio de Janeiro, a importação das espécies como jatobá, cumaru, Ipê e outras, encontradas na Amazônia.
O Brasil precisa pesquisar novas espécies de madeira capazes de produzir bons móveis a fim de substituir as que já são exaustivamente exploradas pelo comércio. A afirmação é da coordenadora do projeto Madeiras da Amazônia - Móveis e Design, do Laboratório de Produtos Florestais do Ibama, Maria Helena de Souza. O laboratório, criado em 1982, pesquisa madeiras procurando outros tipos que possam ser utilizados para fins comerciais.
A espécie Jatobá apresenta perigo de extinção, podendo se tornar ainda mais valiosa se cultivada. Está na lista das espécies plantadas pelo Instituto Florestal de São Paulo, para conservação genética. Apresenta grande heterogeneidade no crescimento em altura de plantas.
Pode ser usada na construção civil e em carpintaria em geral. Nos acabamentos internos como vigas, caibros, ripas, batentes de portas, tacos para assoalho, artigos de esporte, cabos de ferramentas e de implementos agrícolas. Nas construções externas como obras hidráulicas, postes, dormentes, cruzetas e esquadrias; folhas faqueadas decorativas, móveis, peças torneadas, carroçarias, vagões, engenhos e tonéis. O tronco, os ramos e as raízes do jatobá segregam resina avermelhada, conhecida por jutaicica, que é utilizada na fabricação de verniz.
A árvore com 8 a 15 m de altura e 40 a 80 cm de DAP, pode atingir até 20 m de altura, em matas do Brasil central e 35 m de altura e 120 cm de DAP, na idade adulta, no Paraguai. O tronco é reto, cilíndrico. Possui fuste com até 15 m de altura. Quanto à ramificação, é racemosa e irregular e a copa é grande e arredondada, com folhagem densa.
São quinze as espécies no gênero Hymenaea Linnaeus, espalhadas pelo México e partes tropicais da América Central e do Sul. Uma ocorre na costa leste da África, Madagascar e Ilha Mascarenhas. Dessas espécies, treze ocorrem no Brasil. Elas se diferenciam pelo tipo de habitat, distribuição geográfica, porte, características florais e foliares, além do tamanho dos frutos.
Cultivo
O Jatobá ocorre naturalmente em solos secos e, às vezes, até em solos de baixa fertilidade, rareando geralmente em terra roxa. Em experimentos, tem crescido melhor em solo com fertilidade variando de média a elevada, com drenagem boa a regular e com textura que varia de franca a argilosa.
Recomenda-se plantar uma semente em sacos de polietileno com dimensões mínimas de 22 cm de altura e 10 cm de diâmetro, ou em tubetes de polipropileno grande. A semeadura direta no campo também é preconizada. A repicagem, quando necessária, deve ser realizada uma a duas semanas após a germinação. Mudas de raiz nua, em tamanho pequeno, apresentam bom pegamento.
A germinação inicia entre doze a 60 dias após a semeadura. Sementes sem dormência superada prolongam a germinação por até dez meses. Em condições naturais, a germinação de sementes intactas é lenta e ocorre a taxas baixas, atingindo 40% após onze semanas de semeadura. A germinação é alta, até 98% com dormência superada e baixa, até 30% sem dormência superada. As mudas atingem porte adequado para plantio, cerca de três meses após a semeadura.
Para promover o endurecimento de mudas desta espécie, recomenda-se um déficit hídrico moderado, até o aparecimento inicial de murcha foliar.
A espécie é recomendada para reflorestamentos heterogêneos e reposição de mata ciliar, em solos bem drenados ou com inundações periódicas de rápida duração e com encharcamento leve. Apesar de apresentar sintoma moderado de fitotoxidez, o jatobá é considerado promissor para programas de revegetação de áreas com solo contaminado com metais pesados, tais como zinco (Zn), cádmio (Cd), chumbo (Pb) e Cobre (Cu).
O nome popular jatobá vem da língua tupi, va-atã-yba, que significa árvore de fruto duro. É conhecia também como: árvore-copal, castanheiro-de-bugre, jatí e óleo-de-jataí, em São Paulo; burandá; courbaril; farinheira; imbiúva; jataí, na Bahia, em Minas Gerais e em São Paulo; jataí-açu; jataí-amarelo; jataí-ibá; jataí-peba; jataí-roxo; jataí-vermelho; jataíba; jataicica; jatobá-amarelo e jatobá-de-anta, em Minas Gerais; jatobá-da-caatinga, jatobá-do-sertão, jatobazinho e quebra-facão, na Bahia; jatobá-da-mata, em Goiás, em Minas Gerais e no Piauí; jatobá-de-porco e jatobá-de-vaqueiro, no Piauí; jatobá-mirim, em Espírito Santo e em Mato Grosso; jatobá-miúdo, no Ceará; jatobá-roxo, no Espírito Santo; jitaí, na Bahia e em Minas Gerais; jutaí; jutaí-açu, no Espírito Santo; jutaí-de-envira; jutaí-mirim; jutaí-pororoca; e jutaúba. Nomes vulgares no exterior: jatay'va, na Argentina e no Paraguai, e paquió, na Bolívia.
O crescimento do jatobá é lento a moderado, atingindo um incremento volumétrico de até 10 m3/ha.ano-1. Estima-se uma rotação de 30 a 60 anos para produção de madeira para processamento mecânico.
Maio/2003 |